O Caracol Astraea (Lithopoma tectum) é um invertebrado bastante comum em aquários marinhos. Às vezes, muitos deles acabam sendo introduzidos em aquários acidentalmente através de rochas ou corais. Em todo caso, são uma excelente adição ao ambiente comunitário, já que são fáceis de cuidar e adoram pastar algas.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Caracol Astraea. Aprenda como alimentá-lo, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica do Caracol Astraea
Nome: Caracol Astraea, Manzarate, Astraea Turbo Snail, Astrea Snail, Topshell snail, Trochus shell, Star Snail, Conehead Snail;
Nome Científico: Lithopoma tectum (Lightfoot, 1786); Sinônimos: Trochus tectus;
Família: Turbinidae;
Origem da Espécie: Mar do Caribe, Golfo do México e Pequenas Antilhas;
Comprimento: Até 6 cm;
Expectativa de Vida: Entre 3 e 5 anos;
Nível de Dificuldade: Fácil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 7.9 – 8.5;
Dureza de Carbonatos: Entre 7 – 12;
Temperatura: Manter entre 22 – 27°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Caracol Astraea é nativo das águas rasas do Mar do Caribe, Golfo do México e Pequenas Antilhas; no Oceano Atlântico (Brasil). A profundidade em que esse caracol é encontrado varia entre 1 e 10 metros, embora possa ser visto em profundidades de até 15 metros.
Na natureza, a espécie habita áreas de recifes de corais e passa a maior parte do tempo pastando macroalgas e, especialmente, algas filamentosas.
Aparência
O Caracol Astraea é um invertebrado relativamente pequeno. Seu tamanho pode variar entre 1 e 6 centímetros, sendo o mais comum entre 2 e 4 centímetros. Ele possui uma concha espessa, elevada e amplamente cônica, com numerosos espinhos conspícuos muito pequenos que se projetam em forma de espiral. Essas pequenas projeções na casca dão a concha um contorno de estrela.
A cor principal das conchas é o laranja-avermelhado, marcadas com alguns pontos em branco. A base da concha é quase plana. Esse caracol possui uma tampa (alcapão ou opérculo).
Em cativeiro, O Caracol Astraea pode viver entre 3 e 5 anos.
Alimentação
O Caracol Astraea é herbívoro e um grande necrófago. Ele se alimenta de cianobactérias, algas filamentosas e diatomáceas que encontra entre rochas e corais.
A espécie utiliza sua rádula forte e áspera para raspar as algas filamentosas, marrons e verdes das rochas, substrato e corais do aquário. Na verdade, os únicos caracóis que os superam são os famosos Caracóis Turbo. No entanto, por conta de seu pequeno tamanho, ele pode alcançar buracos e fendas que são inatingíveis para outros membros da equipe de limpeza.
Em um aquário, estes caracóis também se alimentam de restos de ração de camarões ou peixes, como rações em pellets, flocos, alimentos congelados, etc.
Nota: O Caracol Astraea precisa de muita comida, então esteja preparado para suplementar com alimentos para animais herbívoros (rações em pellets, Nori), caso não haja um bom crescimento de algas no aquário.
Assim como todos os caracóis, o Astraea precisa de cálcio em sua dieta ou na água (idealmente, ambos), para tornar suas conchas duras o suficiente para sustentar o corpo. Manter os níveis de cálcio entre 350 e 450 ppm é o melhor!
Temperamento / Comportamento
O Caracol Astraea é um animal pacífico e solitário, preferindo ambientes aquáticos calmos e companheiros de comportamento semelhante. Ele não consegue atacar outros habitantes do aquário e possui apenas seu opérculo e concha para proteção contra agressores.
De hábitos noturnos, a espécie começa suas atividades de pastagem ao entardecer e cessa gradualmente durante a noite, antes do nascer do sol. No entanto, caracóis menores apresentam maior atividade, refletidas por movimentos mais intensos e longos. Além disso, esse comportamento noturno não é incomum para gastrópodes que pastam, e está associado à tentativa de evitar predadores durante a alimentação.
Fato interessante: Em um ciclo de 24 horas, o crepúsculo é o período no qual as algas têm o máximo de nutrientes no final do período fotossintético, correspondendo a condições favoráveis para os herbívoros se alimentarem durante essa fase.
O Caracol Astraea não é um invertebrado tímido e não se assusta facilmente. Quando colocado no fundo do aquário, ele logo começa a se rastejar para os corais e explorar todas as fendas disponíveis.
Quando atinge o tamanho adulto, sua capacidade de escalar piora. Portanto, não espere que ele vá limpar os vidros laterais. Além disso, lembre-se que ele possui dificuldades para se endireitar se cair ou for derrubado de cabeça pra baixo. É um grande milagre que a espécie ainda não tenha sido extinta.
Além disso, não se preocupe com possíveis fugas, pois estes caracóis não são escaladores habilidosos e ficarão sempre abaixo da linha d’água.
Compatibilidade
Fique sabendo que o Caracol Astraea é um invertebrado seguro para aquários com recifes de corais. Ao buscar por comida, ele não danificará nenhum dos pólipos. Além disso, seu pequeno tamanho impede que ele derrube corais soltos que estão no fundo.
Estes caracóis serão bons companheiros de camarões anões e pequenos peixes não carnívoros. Por exemplo, eles são compatíveis com:
- Camarão Sexy;
- Camarão Bailarino;
- Camarão Limpador;
- Caracol Turbo Mexicano;
- Turbo Trochus;
- Caramujo Bumble Bee;
Sob nenhuma circunstância mantenha caracóis Astraea com caranguejos eremita. Na natureza, 63% dos caranguejos ocupam preferencialmente conchas dessa espécie.
Dimorfismo Sexual
O Caracol Astraea é gonocórico, ou seja, há tanto indivíduos masculinos quanto femininos separados, sem qualquer dimorfismo sexual externo.
Acasalamento / Reprodução
De acordo com diferentes observações, o Caracol Astraea atinge a maturidade sexual aos 6 – 8 meses de idade. A fertilização da espécie ocorre na coluna d’água.
A desova é iniciada pelos machos e as fêmeas desovam em resposta à presença de sêmen na água. Contudo, elas geralmente desovam por 5 a 10 minutos, com indivíduos liberando mais de 1 milhão de ovócitos (óvulos não fertilizados). Esses ovos possuem um muco transparente que os deixam flutuando na água do mar.
A desova ocorre em sincronia com os ciclos lunares ou das marés, geralmente durante as noites de lua cheia ou nova. Na natureza, ela ocorre durante todo o ano em latitudes baixas e apenas durante os meses mais quentes em latitudes altas.
O período de desenvolvimento é comparativamente curto e a eclosão ocorre depois que as larvas atingem a fase planctônica, aproximadamente 12 a 24 horas após a fertilização. Depois disso, elas saem como véliger nadando livremente. Este estágio dura cerca de 3 a 5 dias, e os véligers, então, se acomodam no substrato do recife e começam a pastar algas filamentosas finas e microrganismos.
As larvas dos caracois Astraea começam a se metamorfosear gradualmente para o estágio rastejante em 6 e 8 dias.
Embora as fêmeas possam liberar mais de 1 milhão de ovos, a taxa de mortalidade é muito alta e apenas algumas larvas sobreviverão e se tornarão adultas.
Nota: Ao contrário dos adultos, as larvas dos Caracol Astraea não sobrevivem a baixas salinidades. Sobretudo, a fertilização, o desenvolvimento larval e a metamorfose são suprimidos em salinidades inferiores a 30%.
Configuração do aquário
O aquário para o Caracol Astraea precisa ter no mínimo 30 litros. Para resumir, esse invertebrado pode sobreviver, crescer e prosperar mesmo em condições de água abaixo do ideal. Sua natureza resistente o torna fácil de cuidar, então veteranos e iniciantes podem mantê-lo sem maiores problemas.
Nota: O Caracol Astrae é sensível ao cobre e nitrato, bem como mudanças rápidas nos parâmetros da água. Fique de olho nos parâmetros!
Em relação a iluminação, esses caracóis não ligam muito pra ela. Na verdade, são muito mais ativos durante a noite. Então, a iluminação deve ser adaptada às necessidades dos peixes, corais e demais invertebrados.
Sobre a decoração, você pode adicionar muitas rochas vivas para formar cavernas e fendas. Os caracóis passarão a maior parte do tempo escondidos durante o dia e pastando algas durante a noite. Além disso, não se preocupe com os corais, pois eles não ligam para seus pólipos. Por isso, pode adicioná-los sem medo!
Por fim, você precisa garantir que o aquário tenha sido configurado corretamente e que esteja completamente ciclado. Isso garante que você tenha as bactérias benéficas apropriadas, que irão converter compostos nocivos em outros menos nocivos para os habitantes como um todo.
Referências Bibliográficas
ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World’s Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 50. 412 páginas;
«Lithopoma tectum (Lightfoot, 1786)» (em inglês). In Vision Free, Conchologist Forum. 1 páginas. Consultado em 15 de junho de 2023;
«Lithopoma tectum» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 15 de junho de 2023;
«Lithopoma tectum (Lightfoot, 1786)». Conquiliologistas do Brasil. 1 páginas. Consultado em 15 de junho de 2023;