O Turbo Trochus (Trochus sp.) é uma excelente espécie de caracol para adicionar em um aquário marinho. Por mais que seja um animal pequeno, ainda assim possui um apetite voraz e vai adorar eliminar diatomáceas e cianobactérias.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Turbo Trochus. Aprenda como alimentá-lo, suas características físicas e comportamentais, bem como o processo de reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica do Turbo Trochus
Nome: Turbo Trochus, Trochus Snail, Top Shell Snail, Black Foot Trochus, Zebra Trochus Snail;
Nome Científico: Trochus sp. (Linnaeus, 1758);
Família: Trochidae;
Origem da Espécie: Indo-Pacífico;
Comprimento: Até 7,6 cm;
Expectativa de Vida: 15 anos;
Nível de Dificuldade: Fácil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 8.1 – 8.4;
Dureza de Carbonatos: Entre 5 – 10;
Temperatura: Manter entre 24 – 28°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Turbo Trochus é nativo dos recifes de todo o Indo-Pacífico. Ao longo do século passado, a água levou indivíduos cada vez mais longe em todo o Pacífico. Agora, eles cobrem uma gama muito mais ampla, incluindo áreas no Oceano Índico e norte da Austrália.
Os caracóis jovens preferem a zona interdital rasa. Isso os mantém fora do alcance da maioria dos seus predadores. À medida que envelhecem e crescem, eles se movem mais longe no recife. Em todo caso, eles não se aventuram a profundidades superiores a 20 metros, pois precisam ficar onde a luz solar ofereça o melhor crescimento de algas possível.
Aparência
A primeira coisa que as pessoas reconhecem no Turbo Trochus é o formato cônico de sua concha. A ponta afiada e o fundo plano destacam-se das outras espécies. E se você quiser reservar um tempo para contar, a concha possui cerca de 8 a 10 espirais (o termo sofisticado para as voltas que enfeitam a concha).
A concha brilhante deste animal possui faixas marrons, vermelhas ou roxas. Dentro de um aquário, por se mover lentamente, a concha automaticamente escurece com uma camada saudável de algas. Além disso, o Turbo Trochus possui a parte inferior branca ou bege.
Uma característica interessante sobre este caracol é que ele possui uma habilidade única de se endireitar. Ele pode se ajeitar facilmente ao ficar virado pra cima, por exemplo. É um traço defensivo que o protege de predadores, sem mencionar que também evita a necessidade do aquarista ter que enfiar a mão no aquário para desvirá-lo.
Sobretudo, os caracóis da espécie podem atingir de 2,5 a 7,6 centímetros de comprimento e viver por até 15 anos.
Alimentação
Herbívoro. A maioria dos aquaristas recorrem aos caracóis por conta de seus hábitos de pastagem. O Turbo Trochus se encaixa perfeitamente bem nesse caso. Esse herbívoro usa sua rádula para combater algas, cianobactérias e diatomáceas. O melhor de tudo é que ele chega às algas enquanto elas ainda estão na fase de crescimento (ou seja, antes de se tornarem um problema). Por conta disso, este carinha é uma excelente opção para fazer parte da equipe de limpeza do aquário marinho.
Por mais lentos que sejam, os caracóis provavelmente chegarão a um ponto em que terão erradicado seu problema com algas. Então, nessa hora, é muito importante fornecer uma alimentação suplementar. Você pode fornecer, por exemplo:
- Rações em pellets enriquecidas com spirulina;
- Nori;
Infelizmente, o Turbo Trochus não gosta de algas filamentosas. Ele pode fazer um lanche aqui e ali, mas não é a favorita dele. Se você está lutando com esse tipo de alga, pode querer adicionar alguns caracóis Turbo Mexicano. Os primos menores de patas brancas cuidarão dessa praga pra você!
Temperamento / Comportamento
Você pode até encontrar caracóis agressivos por aí. Mas o Turbo Trochus não é um deles! (A maioria dos herbívoros migram para o lado pacífico da escala). Essa espécie surge no recife à noite e começa a trabalhar, raspando algas de rochas, bem como de corais e vidros. Eles não incomodam ninguém. Quando o sol nasce, voltam a se esconder.
Claro que esse hábito de se endireitar sozinho não surgiu do nada. Os caracóis Trochus aprenderam a se virar por necessidade, já que muitas espécies os consideram saborosos. Portanto, ter a capacidade de se virar salva o caracol do desastre.
Contudo, lembre-se apenas de que um caracol virado de cabeça pra baixo pode sinalizar um problema. Se você vir a concha na posição errada, pode significar que ele está estressado. Você pode ajudá-lo a voltar para uma rocha e, em seguida, verificar os parâmetros de água e buscar por possíveis sinais de agressividade.
Compatibilidade
Sabendo de praticamente tudo isso, você não deseja incluir comedores de caracóis conhecidos em seu aquário. É ter a chance de acordar e encontrar uma concha vazia pela manhã, tendo algumas das seguintes espécies:
- Caranguejos;
- Bodiões;
- Raias;
Isso também vale para os caranguejos eremita. Não porque os eremitas saboreiam o caracol Trochus, mas porque a linda concha cônica é uma tentação para os crustáceos deixarem passar despercebido. Os eremitas matam um caracol para pegar sua concha. Mesmo que você ofereça alternativas ao redor do aquário (sempre uma boa ideia), a concha é simplesmente linda demais. Ele não resistirá!
Felizmente, outros invertebrados têm modos melhores. Você está livre para manter o Turbo Trochus com qualquer um dos seguintes:
Dimorfismo Sexual
O Turbo Trochus não possui características distintivas que ajudem a diferenciar o macho da fêmea, já que eles se reproduzem liberando gametas na coluna d’água, que aparece como uma substância branca e leitosa.
Acasalamento / Reprodução
O caracol Turbo Trochus se reproduz facilmente em cativeiro. Esse não é o problema! No entanto, conseguir que as larvas resultantes sobrevivam até a fase adulta – agora, isso sim é um problema.
Além disso, você terá que ter sorte pra saber se possui caracóis machos e fêmeas no aquário. Não há como diferenciá-los olhando simplesmente pelas suas características externas. Obviamente, se você tiver um aquário grande o suficiente, poderá comprar um pequeno grupo e esperar o melhor. Eles se dão bem juntos, então você deve ver resultados positivos quando todos atingirem a maturidade sexual (pelo menos dois anos de idade).
Na natureza, o Turbo Trochus se reproduz durante a fase da lua nova. Você pode replicar essas condições ajustando a iluminação. Você verá os caracóis se movendo mais para o alto no aquário, o que ajuda na dispersão dos gametas em um área mais ampla. Sobretudo, os gametas parecem um borrão branco e nebuloso. Uma vez fertilizados, os ovos eclodem em larvas que nadam livremente. E é aí que começam os problemas.
Peixes, corais e outros invertebrados AMAM as larvas dos caracóis. A maioria nunca sobrevive de 3 a 7 dias para se metamorfosear na forma adulta (em miniatura). E mesmo que tenham essa chance, a vida em um aquário marinho, quando você possui o tamanho da cabeça de um alfinete, não é nada fácil. Além disso, aquaristas costumam encontrar filhotes de caracóis arrastados para seus skimmers. (Não é um bom bercário).
Supondo que os filhotes sobrevivam, eles levarão cerca de 1 ano para atingir o tamanho adulto. Nada mal, considerando todas as possibilidades!
Configuração do aquário
Obviamente, o Turbo Trochus vêm em uma variedade de tamanhos. E você verá muitos aquaristas sugerindo que você pode mantê-lo em um aquário com cerca de 8 – 10 litros. Parece bastante razoável. No entanto, estes caracóis possuem um apetite voraz nesses pequenos corpinhos moles. Quanto mais um animal come, mais resíduos produz. Sem falar que você precisa fornecer algum tipo de alimento para mantê-lo de estômago cheio. Então, se você errar, acabará com um caracol morto de fome.
Eu recomendo que você mantenha um Turbo Trochus em um aquário com cerca de 38 litros. Você pode adicionar 3 deles em um ambiente com cerca de 75 litros.
O aquário deve conter bastante espaço para os caracóis poderem passear livremente. No entanto, é indispensável que haja muitas rochas vivas e corais disponíveis para que eles possam pastar livremente. Os caracóis não gostam de pólipos de coral e nem de algas filamentosas. Então, se você está tendo problemas com esse tipo de alga, considere adquirir o Caracol Turbo Mexicano.
Referências Bibliográficas
Bouchet, P.; Gofas, S. (2010). Trochus Linnaeus, 1758. Acesso: World Register of Marine Species at http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=138598;
A. Adams, Contributions toward a Monograph of the Trochidae, in Proc. Zool. Soc, 1851, pp. 150–192;
Gofas, S.; Le Renard, J.; Bouchet, P. (2001). Mollusca, in: Costello, M.J. et al. (Ed.) (2001). European register of marine species: a check-list of the marine species in Europe and a bibliography of guides to their identification. Collection Patrimoines Naturels, 50: pp. 180–213;