Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que ancestrais dos crocodilos caminhavam sobre duas patas.
Um ancestral em comum dos crocodilos, com cerca de 3 metros de comprimento, se movia de uma forma diferente há cerca de 120 milhões de anos no que é hoje a Coreia do Sul. A enorme fera caminhava sobre duas patas traseiras assim como o Tiranossauro Rex, disseram os pesquisadores após analisarem as pegadas deixadas pelo réptil.
Não há ossos fossilizados conhecidos deste estranho crocodilo, mas dezenas de suas pegadas de até 120 milhões de anos, incluindo uma com impressões de sua pele, estão preservadas em rochas.
“Pela primeira vez, temos provas de que alguns crocodilos gigantes do Cretáceo eram bípedes e realmente se pareciam com os dinossauros carnívoros”, relata o co-pesquisador Martin Lockley, professor emérito de geologia da Universidade do Colorado em Denver.
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As pegadas desses animais eram grandes, com até 24 centímetros de comprimento, disseram os pesquisadores. O crocodilo também provavelmente “tinha pernas quase da mesma altura de um humano adulto”, disse o pesquisador sênior Anthony Romilio, paleontólogo da Universidade de Queensland, na Austrália, em um comunicado.
Depois que os pesquisadores transferiram as pegadas para um laboratório, puderam realizar algumas pesquisas interessantes sobre elas. Inicialmente, a equipe pensou que poderiam pertencer a um pterossauro gigante, mas Martin Lockey, envolvido no projeto, disse que sabia que eram de um ancestral dos crocodilos.
Anteriormente, Lockley havia estudado impressões de crocodilos do período Jurássico (199 milhões a 145 milhões de anos atrás). O crocodilo que deixou essas pegadas era muito menor – seus rastros tinham cerca de 2,5 centímetros de comprimento – e ele andava de quatro. Mesmo assim, essas impressões eram notavelmente semelhantes às recém-descobertas, disse ele.
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Essa percepção desencadeou outra memória; Lockley e seus colegas publicaram um estudo em 2012 no jornal Ichnos sobre o que eles pensavam ser pegadas de pterossauros gigantes do período Cretáceo da Coreia. Na época, porém, eles não sabiam que havia algo estranho nos rastros deixadas por esses animais, então as chamaram de “enigmáticas”. Olhando para trás, Lockley percebeu que, assim como os rastros recém-encontrados, as pegadas enigmáticas eram na verdade pertencentes a um crocodilo de duas pernas.
Trabalhando juntos, a equipe encontrou inúmeras pistas de que os rastros pertenciam a um crocodilo e não a um pterossauro. Por exemplo, os pterossauros provavelmente usavam suas asas enquanto caminhavam, o que significa que andavam de quatro. Mas nenhuma impressão de pata (ou de asa, por falar nisso) foi encontrada. Além disso, a impressão de pele encontrada no calcanhar lembra a de um crocodilo, disse Lockey.
“Quando as pegadas foram combinadas com a falta de qualquer outro tipo de marca de arrastamento de cauda, ficou claro que essas criaturas estavam se movendo com duas patas”, disse Kyung Soo Kim, paleoecologista da Universidade Nacional de Educação de Chinju, na Coréia do Sul.
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Durante o Cretáceo Inferior, o local onde foram encontradas as trilhas desses animais era um lago cercado por solo lamacento, “o que proporcionava bons rastros”, disse Lockley. É difícil dizer como essas pegadas foram preservadas, mas talvez a criatura as tenha deixado na lama úmida pouco antes do lago recuar, permitindo que as pegadas secassem e endurecessem. Quanto o nível da água subiu novamente, lama e lodo fino poderiam ter coberto e preservado os rastros, completa Lockey.
A equipe chamou as novas impressões fósseis de Batrachopus grandis. O estudo foi publicado na revista Scientific Reports.