Um novo estudo da Universidade de Sidney promete mostrar como os bodiões fada (Fairy Wrasses) adquiriram suas cores exuberantes na natureza!
Com cores exuberantes, personalidades únicas e exibições de namoro cativantes, os bodiões fada são uns dos peixes de recifes de corais mais queridos por entusiastas do mundo marinho. Entretanto, a história evolutiva de seu gênero não havia sido bem compreendida – até agora.
Os bodiões fada divergiram em formato e cor após repetidas elevações e descidas do nível do mar durante a última era do gelo, de acordo um novo estudo. Publicado na revista Systematic Biology, o estudo empregou um novo conjunto de dados de todo o genoma da espécie para fazer essa descoberta.
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O principal autor do estudo, o ictiologista e candidato a doutorado da Universidade de Sidney, Yi-Kay (kai) Tea, relata que as alterações nas cores desses peixes ocorreu muito rápido e em um curto período de tempo.
“Embora os bodiões fada tenham se separado de seu ancestral mais comum há cerca de 12 milhões de anos, foi apenas nos últimos 2 a 5 milhões de anos que muitas de suas alterações começaram a ocorrer, principalmente na época do Plioceno / Pleistoceno”, disse Tea.
“Esses animais desenvolveram cores e formas distintas em uma espécie de “corrida armamentista evolucionária”, apresentando exibições deslumbrantes de cores em um esforço para cortejar as fêmeas e afastar possíveis rivais. Além disso, as mudanças nos níveis do mar causaram o isolamento dos grupos e, portanto, eles acabaram evoluindo separadamente. A ascensão e queda do nível do mar agiu como uma “bomba” no surgimento de espécies, impulsionando os peixes para o Oceano Índico e até mesmo até o Mar Vermelho. A maior parte desse movimento, no entanto, ocorreu no Oceano Pacífico, em particular em torno do Arquipélago Indo-Australiano.” relata Tea.
O estudo foi concluído sob supervisão dos Professores de Evolução Molecular, Simon Ho e Nathan Lo.
Decodificando o DNA do peixe
Apesar da variedade de cores e formas existentes, muitas espécies de wrasses possuem características em comum, ou semelhantes, de seu genoma. Isso representa um desafio na tentativa de reconstruir sua história evolutiva.
O estudo atual usou uma abordagem que não havia sido tentada anteriormente em bodiões fada: combinando elementos ultra conservados de todo o genoma com o DNA mitocondrial, então, os pesquisadores puderam construir uma árvore evolucionária robusta. Usando isso, eles começaram a desvendar a razão por trás da diversificação dos peixes.
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Apenas um pequeno caso de amor
Além dos problemas relacionados ao nível do mar, os bodiões fada machos (como acontece com muitos animais, são muito mais coloridos) desenvolveram suas cores brilhantes e formas individuais para cortejar as fêmeas.
“Eles dançam um pouco e são capazes de mudar suas cores, às vezes exibindo temporariamente cores brilhantes e iridescentes. Além disso, eles também fazem isso para afastar machos rivais”, disse Tea. “Em um recife onde há ocorrência de muitas espécies, há uma pressão crescente para que os machos atraiam não apenas a atenção das fêmeas, mas também da espécie correta.”
“Nós apenas começamos a arranhar a superfície deste grupo empolgante, e mais trabalho ainda precisa ser feito a fim de entender completamente os impulsionadores da diversificação das espécies”, ele continuou.
Esse trabalho pode ser pertinente à conservação e gestão de recifes também. Por exemplo, o “wrasse mutante” sem barbatanas, uma espécie endêmica australiana restrita a uma estreita distribuição de recifes no extremo noroeste da Austrália Ocidental, está listado na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. No entanto, esse novo estudo mostra fortes evidências de que esta espécie é simplesmente um derivado do bodião fada, e que as perdas das nadadeiras provavelmente foi causada pelo fato deles ficarem em apenas uma área restrita, ou seja, afunilados em um mesmo local.
Referências
- Yi-Kai Tea, Xin Xu, Joseph D DiBattista, Nathan Lo, Peter F Cowman, Simon Y W Ho. Phylogenomic Analysis of Concatenated Ultraconserved Elements Reveals the Recent Evolutionary Radiation of the Fairy Wrasses (Teleostei: Labridae: Cirrhilabrus). Systematic Biology, 2021; DOI: 10.1093/sysbio/syab012
- Materiais fornecidos pela University of Sydney;