Os incríveis peixes ultra-pretos utilizam sua pele mais escura para protegê-los de possíveis predadores, ou para ajudá-los a se aproximarem de presas.
Um estudo publicado na semana passada na revista Current Biology, documenta a “ultra-escuridão” em 16 espécies de peixes das profundezas e, sugere que muitas outras ainda podem ser descobertas.
A recente descoberta, no entanto, coloca esses peixes entre os poucos animais a desenvolver a pigmentação ultra-negra, incluindo as aves-do-paraíso e algumas borboletas e aranhas.
“Mas enquanto outros animais utilizam a ultra-escuridão para destacar suas cores vibrantes, os peixes das profundezas a utilizam para não serem vistos”, disse o principal autor do estudo Alexander Davis, biólogo da Universidade Duke em Durham, Carolina do Norte.
“Alguns desses peixes a usam como camuflagem quando estão caçando, enquanto outros se utilizam desse artifício para se esconderem de predadores”, relata Alexander.
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Esses peixes abissais modificaram sua forma, o tamanho e a disposição do pigmento em suas peles. Isso faz com que reflitam menos do que 0,5% da luz que os atingem, disseram os pesquisadores nesta quinta-feira (16).
Pesquisadores vêm trabalhando para criar seus próprios materiais ultra-pretos. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts no ano passado criou um material que reflete apenas 0,005% da luz.
Esses peixes não são tão pretos, mas podem muito bem ser os animais mais negros encontrados – o mais escuro reflete entre 0,044% e 0,051% da luz, disse Davis.
Davis e seus colegas passaram semanas procurando peixes ultra-pretos no Golfo do México e na Baía de Monterey, na Califórnia. Eles os capturaram a profundidades de até 300 metros durante a noite, quando os peixes caçam mais próximos a superfície e, às vezes, mais de um quilômetro abaixo durante o dia.
Se não houvesse luz nas profundezas do oceano, tudo seria completamente preto e não haveria necessidade de evoluir para atingir esse tipo de pigmentação.
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“Mas as profundezas do oceano estão brilhando com a luz dos seres que lá habitam”, disse Davis.
A escuridão dos peixes ultra-pretos não é causada apenas por pigmentos. Os microscópios mostram que isso é alcançado por pacotes moldados de pigmento preto que formam uma camada externa na pele, de modo que quase nenhuma luz é refletida pelas células da pele.
No entanto, há uma troca: a pele ultra-preta omite uma camada de colágeno encontrada na pele de peixes comuns, tornando-a frágil e gelatinosa, disse Davis.
Prosanta Chakrabarty, ictiologista e curadora do Museu de Ciências Naturais da Universidade Estadual da Louisiana, em Baton Rouge, disse que peixes mais negros ainda podem ser encontrados nas profundezas inexploradas dos oceanos.
“A ultra-escuridão faz sentido para a sobrevivência em um ambiente no qual um predador pode se tornar uma presa no momento seguinte”, completa Chakrabarty.
*Matéria original publicada em NBC News.