Nova análise de antigo crânio de 7 milhões de anos, sugere que os crocodilos viajaram da África para as Américas há milhões de anos atrás.
A relação entre um crocodilo africano morto há muitos anos e os crocodilos americanos modernos, vai muito além da simples semelhança de seus focinhos.
Novas análises de um crânio de aproximadamente 7 milhões de anos do extinto Crocodylus checchiai sugerem que os crocodilos viajaram da África para as Américas milhões de anos atrás, segundo pesquisa realizada em 23 de julho no Scientific Reports.
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Desenterrado na década de 1930, o fóssil foi descoberto no território que hoje pertence a Líbia e permaneceu por décadas em um museu. Com a utilização de tomografia computadorizada, cientistas puderam mapear a estrutura do crânio, revelando características anatômicas ocultas que vinculam o animal às quatro espécies de crocodilos americanos vivos hoje.
“Realmente parece um verdadeiro crocodilo americano, no entanto, este pertence a África”, relata Massino Delfino, paleoherpetologista da Universidade de Turim, na Itália.
As análises genéticas já haviam vinculado o crocodilo do Nilo aos seus parentes americanos. Embora os cientistas suspeitassem que os crocodilos há muito tempo colonizaram e viajaram por diferentes locais do globo teresstre. No entanto, esse registro fóssil não havia mostrado, através de uma imagem clara, qual espécie surgiu primeiro.
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Este espécime de C. checchiai antecede o primeiro crocodilo conhecido nas Américas (aproximadamente 5 milhões de anos atrás) em cerca de 2 milhões de anos. As características estruturais do crânio o colocam na base da árvore genealógica dos crocodilos americanos. Como resultado, o novo fóssil descrito “preenche uma lacuna entre o crocodilo do Nilo na África e as quatro espécies americanas existentes”, diz Delfino.
Os continentes estariam aproximadamente nas mesmas posições que estão agora, quando o C. checchiai ou um parente próximo andou sobre a Terra. Portanto, a nova descoberta sugere que um grupo de crocodilos, ou pelos menos uma fêmea grávida, pode ter feito uma viagem transatlântica da África para as Américas, relata Delfino. “Não é tão surpreendente”, diz ele, dada a capacidade dos crocodilos de sobreviver em água salgada e viajar centenas de quilômetros quando auxiliados pelas correntes oceânicas.
*Matéria original publicada em ScienceNews.