O Parazen Fish (Parazen pacificus) foi visto a cerca de 500 metros de profundidade, perto de Porto Rico, por um veículo subaquático operado remotamente.
A grande maioria dos peixes despejam seus ovos e espermatozoides na água e deixam seus filhotes se desenvolverem por conta própria. Mas uma minoria – cerca de 2% – são conhecidos como “incubadores bucais”, mantendo seus ovos fertilizados (e às vezes até mesmo filhotes) protegidos dentro da boca. Agora, um estudo realizado por pesquisadores em 27 de fevereiro na Scientific Reports revela o primeiro peixe das profundezas do oceano que possui essa característica.
Em 2015, o ictiologista Randy Singer, identificou algumas espécies de peixes através de um veículo subaquático operado remotamente do navio Okeanos Explorer. Sobretudo, um desses peixes, de uma cor vermelha cintilante passou pela câmera do veículo a cerca de 500 metros de profundidade, próximo a Porto Rico.
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Mais tarde, Singer identificou o peixe como sendo um Parazen Fish (Parazen pacificus), uma espécie pouco conhecida encontrada no oeste dos oceanos Atlântico e Pacífico. Ao pesquisar um pouco mais sobre a espécie, identificou que eram na verdade várias espécies de peixes. Então, começou a examinar e comparar espécimes de museus de ambos os oceanos.
Ao examinar um espécime de um mercado de peixe em Taiwan, Singer retirou a cobertura branquial para contar estruturas nas brânquias e teve uma surpresa. “Havia apenas um pedaço grande e retorcido de algo em sua boca”, disse Singer.
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Inicialmente, pensando que o Parazen fish havia engolido os ovos de outro peixe, ele observou mais de perto e viu que as massas envoltas em uma membrana estavam presas ao interior da boca do peixe. Segundo Singer, os ovos estavam sendo mantidos na boca. Ele e outros pesquisadores usaram tomografia computadorizada para contar cerca de 530 embriões em desenvolvimento.
Contudo, a maioria dos peixes de alto mar normalmente desovam externamente, e seus filhotes migram para águas rasas antes de retornar como adultos às profundezas com pouca comida. No entanto, o processo de armazenar ovos na boca é um investimento relativamente caro. Alguns desses peixes em águas rasas comem com a boca cheia de ovos, o que é mais difícil e custa mais energia, e outros se abstêm de comer completamente à medida que os filhotes se desenvolvem, drenando suas reservas de energia.
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Ashley Robart, uma bióloga evolucionária do Occidental College em Los Angeles, concorda que este parece ser o primeiro peixe que vive nas profundezas do oceano que possui essa característica de incubador bucal. Entretanto, ela ressalta ainda que o peixe parece viver em uma área arenosa com pouco refúgio de predadores. “Esse [ambiente] também pode favorecer a ninhada bucal, já que seria difícil proteger os ovos ou filhotes em um habitat tão exposto”, diz ela.
Para Singer, a descoberta mostra que há uma diversidade muito maior de estratégias reprodutivas em diferentes habitats no oceano do que as que foram descobertas até agora.
“Estamos meio que renascendo para a exploração em alto mar agora”, diz Singer. “Eu gostaria que muitas pessoas pudessem apreciar essas novas descobertas muito mais rapidamente no futuro.”
Matéria original publicada em Science News.