O Esturjão Siberiano (Acipenser baerii) é um grande peixe de água doce que pode chegar aos 2 metros de comprimento. Além disso, o indivíduo mais pesado registrado possuía espantosos 210 kg.
Essa espécie enorme pode ser encontrada migrando pela maioria dos sistemas fluviais no norte da Rússia. Existem também populações não migratórias no Lago Baikal, o maior lago de água doce do mundo, localizado no sul do país. Um único Esturjão Siberiano pode viver por mais de 60 anos; alimentando-se principalmente de pequenos organismos que vivem no fundo dos rios, como pequenos vermes, larvas de insetos e crustáceos.
A mina de ouro russa
A criação do Esturjão Siberiano visando o comércio iniciou-se na década de 1970 na Rússia. As capturas anuais globais desses peixes frequentemente ultrapassam várias centenas de toneladas, com muito mais sendo capturado ainda hoje.
Em 2017, uma pesquisa registrou 2.329 fazendas de criação de esturjões em 46 países. O crescimento foi tão acentuado que a colheita de peixes foi quatro vezes maior do que todas as outras registradas entre os anos de 1970 – 1980 somadas.
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Distinguir entre machos e fêmeas é uma tarefa bastante difícil, portanto, varreduras através de ultrassonografia ocorrem nos peixes que possuem aproximadamente 3 anos de idade, pois isso ajuda a determinar o sexo. Os machos costumam ser vendidos para uso da carne, enquanto as fêmeas são mantidas e criadas até que estejam madura o suficiente para produzir caviar. O caviar são ovos de esturjão, e são considerados uma iguaria em muitos lugares ao redor do mundo.
As fêmeas começam a produzir os ovos quando atingem 7 anos de idade, mas começam a produzir um número significativo deles quando chegam aos 12 – 15 anos. Quando elas já estão mais velhas e o rendimento na produção dos ovos diminui, são colhidas para o consumo da carne.
Caviar
Até hoje, o Esturjão Siberiano continua sendo uma das espécies mais lucrativas da Rússia. A carne desses peixes é vendida tanto fresca, quanto em conserva ou defumada. A membrana interna da bexiga natatória é usada para fazer um produto chamado de “cola de peixe”, que é uma forma mais pura de gelatina. No entanto, o lucro real está na indústria de caviar.
O caviar colhido do Esturjão Siberiano costuma custar cerca de R$6.000 reais o quilo. As fêmeas são capazes de desovar a cada dois anos – às vezes até todos os anos – e produzir cerca de 9 kg de ovos por desova. Com uma vida reprodutiva de mais de 50 anos, o apelo financeiro para o cultivo de caviar fica bem claro!
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Conservação
O Esturjão Siberiano é uma das 27 espécies de esturjão e está classificado como ameaçado de extinção pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Infelizmente, 63% de todas as espécies de esturjão estão listadas como criticamente ameaçadas, com 4 delas consideradas extintas. O declínio na população desses peixes ocorre devido a:
- Sobrepesca para produção de carne e caviar;
- Construção de barragens, bloqueando as rotas de migração;
- Poluição dos rios;
- Degradação e perda do habitat;
Uma das principais razões para a conservação de todas as espécies de esturjão é que eles atuam como um registro fóssil vivo. A família do esturjão é uma das mais antigas já registradas, com fósseis que datam de meados do período jurássico, cerca de 174 milhões de anos atrás.
Embora as vendas globais de caviar tenham diminuído lentamente nos últimos 5 anos, é possível que muitas populações de esturjão não se recuperem das décadas de exploração que a indústria do caviar impôs a esses peixes.
Contudo, depois de existirem na Terra por mais de 170 milhões de anos – os limites de colheita e o gerenciamento do habitat natural desses peixes pode garantir que todas as espécies de esturjão continuem a existir por muito tempo no futuro.