Pela primeira vez na história, cientistas foram capazes de identificar os primeiros filhotes de Peixes-lua, um dos mais estranhos seres do nosso oceano.
Pouco se sabe sobre o início da vida dos peixes-lua, um dos animais marinhos com a aparência mais bizarra do mundo. Embora alguns filhotes tenham sido encontrados em pequenos números em todo o mundo, os cientistas até agora não haviam conseguido identificar a quais espécies eles pertenciam.
Entretanto, utilizando o material genético de filhotes capturados na costa sul da Austrália e comparando-os com espécimes armazenados nas coleções do Museu Australiano, os cientistas descobriram que eram pertencentes a espécie bump-head sunfish (Mola alexandrini) – uma das três espécies conhecidas de peixe-lua.
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A jornada científica até esse descobrimento foi longa. “Esses filhotes de peixe-lua são encontrados por cientistas desde 1766 e foram inicialmente descritos como espécies distintas devido a sua aparência, pois eram completamente diferentes de sua forma adulta”, diz a especialista em peixes-lua Marianne Nyegaard, principal cientista do estudo.
Os filhotes também não possuem características reconhecíveis que, de outra forma, tornariam simples distinguir as espécies. “Essa é uma das principais razões pelas quais nunca conseguimos alcançar o nível que queríamos. Afinal, os filhotes encontrados em Sydney são exatamente iguais aos do Oceano Atlântico.”
Além disso, uma outra grande barreira foi que, até aquele momento, ninguém foi capaz de fazer análises genéticas porque as amostras eram muito raras. “Eles são tão valiosos que geralmente ficam armazenados em museus”, diz Marianne.
Entretanto, a análise genética dos filhotes de peixe-lua foram realizadas pelo biólogo molecular do Museu Australiano Andrew King. O procedimento, a princípio, foi feito utilizando DNA de um único globo ocular para minimizar qualquer dano potencial.
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Dessa forma, agora os cientistas têm em mãos 20 filhotes de peixe-lua em tamanhos variados, todos provenientes da Costa Sul da Austrália, e esperam alcançar grandes resultados a partir dessas amostras.
Marianne relata, no entanto, que esse novo código genético irá trazer um melhor entendimento sobre esses pequenos “pokémons” do oceano. Seu objetivo principal é identificar as duas últimas espécies de filhotes de peixes-lua, para que todos possam ser distinguidas.
Além da identificação, Marianne, no entanto, ainda possui algumas dúvidas sobre esse estágio na vida de um peixe-lua. “Poucos filhotes de peixe-lua são encontrados em todo o mundo; onde eles ficam? Por que não os encontramos com mais frequência?”
“Nós realmente não entendemos onde ou quando eles desovam, e quantos ovos são capturados e qual sua taxa de sobrevivência. Em que habitat eles vivem nessa fase da vida? Essas são coisas que estou desesperada para saber.”
*Matéria original publicada em Australian Geographic.