Uma nova espécie de peixe descoberta, conhecida como Characidium onca, já entra para a ciência como ameaçada de extinção.
Recentemente, pesquisadores encontraram uma nova espécie de peixe nos rios do Distrito Federal. O animal acabou ganhando o nome de Characidium onca, por causa da sua coloração diferenciada nas escamas, já que possuem pintas pretas sobre um corpo amarelo-dourado – que lembra a pelagem das onças-pintadas.
A descoberta científica foi publicada na revista Neotropical Ichthyology, em janeiro passado. O peixe é considerado de pequeno porte, e pode ser encontrado apenas no fundo do Córrego da Taquara, no Distrito Federal.
“Por isso, o peixe já surge para a ciência como ameaçado de extinção”, dizem os pesquisadores.
A descoberta é resultado de um trabalho dentro da reserva ambiental do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Brasília. Coletado pela primeira vez em 1984, o pequeno peixe vinha sendo monitorado constantemente pelos biólogos.
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O estudo que possibilitou a classificação da espécie foi realizado pelo biólogo e servidor do IBGE Mauro Lambert Ribeiro, junto com os pesquisadores Marcelo Melo, da Universidade de São Paulo (USP) e Flávio Lima, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Essa espécie é muito importante ecologicamente porque ela é extremamente sensível a qualquer alteração no ambiente. A existência dela na reserva indica que o ambiente está equilibrado e que os espaços aquáticos estão bem preservados”, diz Lambert.
Local da pesquisa
O local onde o peixe foi encontrado faz parte da Reserva Ecológica do IBGE, criada em 1975. A reserva, que fica a cerca de 25 quilômetros do centro de Brasília, é usada para pesquisas.
O espaço abriga diferentes ecossistemas e fornece proteção para mais de 4 mil espécies já inventariadas. Desse total, 61 espécies estão ameaçadas de extinção e outras 91 são endêmicas do bioma Cerrado.
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Segundo o biólogo Mauro Lambert, as coletas realizadas de plantas e animais pelo IBGE pretende permitir que se conheça a biodiversidade do local, formando coleções. “A coleção é como um banco de dados físico das espécies”, diz ele.
Para o biólogo, “ter a reserva é um ativo para se fazer pesquisas no Cerrado, em um ambiente protegido e, depois comparar com os ambientes alterados pela agricultura, represas e áreas urbanas”. Segundo Lambert, dessa forma é possível entender como o bioma muda quando sofre essas intervenções.