O aquecimento global pode reduzir a vida marinha em até 17% até 2100, caso mudanças não sejam realizadas para diminuir a emissão de gases do efeito estufa.
Os oceanos do mundo todo provavelmente perderão cerca de um sexto de seus peixes e outras formas de vida marinha até o final do século.
Isso se as mudanças climáticas continuarem no curso atual, segundo um novo estudo.
Para cada grau Celsius (1,8 graus Fahrenheit) acrescidos nos oceanos, há uma diminuição de 5% do total de animais marinhos.
O estudo foi realizado realizado por uma equipe internacional de biólogos marinhos. E isso não inclui os efeitos da pesca.
Se as emissões de gases do efeito estufa permanecerem no ritmo atual, haverá uma perda de 17% de biomassa.
Isso inclui o peso total de toda a vida animal marinha – até o ano de 2100, de acordo com o estudo realizado no Proceedings of National Academy of Sciences.
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Mas se o mundo reduzir a poluição por carbono, as perdas podem se limitar a apenas 5%, segundo o estudo.
“Veremos uma grande redução na biomassa dos oceanos se o mundo não reduzir a emissão de gases”, disse o coautor do estudo, William Cheung, ecologista marinho da Universidade da Columbia Britânica.
“Já existem mudanças que foram observadas.”
Enquanto a água mais quente é o maior fator, a mudança climática também produz oceanos mais ácidos e com menos oxigênio, o que também prejudica a vida marinha, disse Cheung.
Grande parte do mundo depende, sobretudo, dos oceanos para alimentação ou subsistência, dizem os cientistas.
“As potenciais ramificações dessas perdas são enormes, não apenas para a biodiversidade oceânica.”
“Mesmo porque as pessoas ao redor do mundo dependem dos recursos oceânicos”, disse Julia Baum, professora de Biologia da Universidade Victoria, que não participou do estudo, mas diz fazer sentido.
“A mudança climática tem o potencial de causar novos sérios conflitos sobre o uso de recursos oceânicos.”
“E isso inclui a segurança alimentar global, particularmente à medida que a população humana cresce neste século”, completa Julian Baum.
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Os maiores animais dos oceanos serão os mais atingidos, disse o coautor do estudo, Derek Tittensor, ecologista marinho do Centro de Monitoramento da Conservação Mundial da ONU na Inglaterra.
“A boa notícia aqui é que os principais pilares de vida marinha, plâncton e bactérias, podem sofrer menos.”
“A má notícia é que os animais marinhos que “usamos” diretamente, e nos preocupamos profundamente, são os que mais irão sofrer com as mudanças climáticas”, segundo o coautor do estudo Boris Worm.
As áreas tropicais, já aquecidas, também verão as maiores perdas, disse Cheung.
Os cientistas já haviam em mente que a mudança climática provavelmente reduziria a vida oceânica no futuro.
Diversas simulações em computadores examinaram apenas uma pequena parcela desse impacto.
Este estudo usa seis diferentes modelos de computadores de última geração que podem passar o melhor cenário possível, disse ele.
É difícil separar os efeitos da mudança climática do passado, comparado com os efeitos da pesca.
No entanto, estudos anteriores mostraram lugares onde a perda observada de peixes pode ser atribuída a mudanças climáticas causada pelo homem, acrescentou Cheung.
A bióloga marinha da Universidade da Geórgia, Samantha Joye, que não esteve envolvida na pesquisa, elogiou o estudo, e disse que também é “uma chamada urgente à ação”.
“Oceanos saudáveis são necessários para a estabilidade do planeta”, disse Joye, em um e-mail. “Ações globais agressivas para desacelerar as mudanças climáticas são um imperativo moral”.
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