Segundo um novo estudo publicado na revista Ecology and Evolution, o movimento dos peixes pode ajudar a identificar suas personalidades!
Um novo estudo diz que você pode, de fato, julgar um peixe pela capa! Ou melhor, pelo menos pelo jeito que nadam.
Uma equipe de pesquisa com membros da Universidade de Swansea e Essex relataram que as pequenas diferenças em como cada peixe se move podem ser usadas para determinar suas personalidades. Ainda não sabemos se tal abordagem pode ser confiável à longo prazo, mas é um ponto de partida bastante interessante.
“Essas micropersonalidades [movimentos] nos peixes são como assinaturas – diferentes e únicas para cada um dos indivíduos”, explica a Dra. Ines Fürtbauer, co-autora do estudo da Universidade de Swansea. “Nós descobrimos que essas “assinaturas” dos peixes eram as mesmas quando fizemos alterações simples nos aquários, como adicionar plantas e mudar o layout.”
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Sabemos que o reino animal é muito rico em tipos de personalidades, em espécies que vão desde formigas à macacos. Assim como os humanos, os animais podem ser tímidos, enérgicos, ousados ou até mesmo sedentários. O artigo atual mostra que o mesmo acontece com os peixes.
No entanto, algo novo que os pesquisadores descobriram é que podemos observar as pequenas características da maneira como eles nadam, para aprender um pouco mais sobre suas personalidades. Eles registraram 15 peixes da espécie Gasterosteus aculeatus, ou popularmente conhecidos como Esgana-Gato em um aquário com duas, três ou cinco plantas de plástico, em posições fixas.
Mais tarde, um rastreamento de alta resolução foi usado para mapear seus movimentos. A equipe usou isso para medir diferentes parâmetros para cada um dos indivíduos, incluindo a frequência com que se viravam e com que frequência paravam e começavam a se mover.
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Cada um dos peixes tinha padrões de movimento distintos e muito repetitivos, tanto que a equipe conseguia identificar os animais com segurança com base na maneira como se moviam. Os autores também observaram que existem uma correlação entre o comportamento e os padrões de movimento. Os peixes que passavam mais tempo se movendo, faziam abordagens mais diretas e não “perdiam tempo nadando à toa”, muitas vezes tendiam a viajar e explorar mais o aquário, além de passar mais tempo em águas abertas.
“Nosso trabalho sugere que os parâmetros de movimentos simples podem ser vistos como traços de micro personalidades que dão origem a diferenças individuais consistentes em comportamento”, relata o Dr. Andrew King da Universidade de Swansea, principal autor do estudo.
“Isso é bastante significativo porque sugere que podemos quantificar as diferenças de personalidade em animais selvagens, desde que possamos obter informações em escala precisa sobre como eles se movem; e esses tipos de dados estão se tornando mais comuns com os avanços tecnológicos de rastreamento de animais.”
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No entanto, isso não quer dizer que esses padrões permaneçam constantes. A equipe utilizou um layout estático no aquário experimental e observou os peixes por pouco tempo. Também não sabemos se as mudanças no ambiente mudariam seus padrões de movimento ou comportamento. Como tal, o próximo passo deve ser observar o movimento deles “por períodos mais longos na natureza, pois isso nos dará esse tipo de visão, além de nos ajudar a compreender melhor não apenas suas personalidades, mas também o quão flexível é o comportamento dos animais”, completa a Dra. Ines Fürtbauer, coautora do estudo da Universidade de Swansea.
O artigo “Traços de “Micropersonalidade” e suas implicações para a pesquisa em ecologia comportamental e de movimento” foi publicado na revista Ecology and Evolution.