Você faz ideia do que irá acontecer com as milhares de espécies de peixes à medida que os oceanos se aquecem? Confira o que descobrimos sobre o assunto!
O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), alertou que o aquecimento dos oceanos continuará ao longo do século 21 e provavelmente seguirá pelo menos até 2300, mesmo se minimizarmos as emissões de carbono.
“O aquecimento dos oceanos, observado desde 1971, provavelmente dobrará até 2100 em um cenário de ‘baixo aquecimento’ e aumentará entre 4 e 8 vezes em um cenário de ‘alto aquecimento’, adverte o relatório, acrescentando que a influência humana é o principal motor do aquecimento.
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Esse superaquecimento pode ajudar a criar zona anóxicas (águas sem oxigênio dissolvido) e hipóxicas (baixa concentração de oxigênio). O relatório ainda acrescenta que essas áreas com deficiência de oxigênio devem persistir por milhares de anos.
Então, o que vai acontecer com os peixes à medida que os oceanos se aquecem?
Estudos anteriores observaram que o aquecimento dos oceanos pode causar estresse, diminuir o alcance, aumentar doenças e até mesmo exterminar muitos peixes comumente consumidos pelos humanos. No ano passado, por exemplo, um estudo observou que o aquecimento e a acidificação dos oceanos no futuro podem trazer grandes problemas para a pesca comercial do bacalhau no Ártico até 2100.
O estudo ainda mostrou que várias espécies migraram para os polos ou para águas mais profundas para permanecerem em suas faixas de temperatura ideais. Um outro estudo publicado em abril, descobriu que o número total de espécies de águas abertas em zonas marinhas tropicais diminuiu pela metade nos últimos 40 anos até 2010.
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Querida, encolhi os peixes
Uma nova pesquisa sugere que os peixes como sardinhas e arenques ficarão menores em tamanho e não serão capazes de se mover para locais melhores. O professor Chris Venditti, biólogo evolucionário da Universidade de Reading e coautor do estudo, disse em um comunicado:
“Com as temperaturas do mar subindo mais rápido do que nunca, os peixes serão rapidamente deixados para trás em termos evolutivos e lutarão para sobreviver. Isso têm sérias implicações para todas as espécies e para nossa segurança alimentar, já que nos alimentamos de muitas delas e podem acabar se tornar mais escassas ou até mesmo inexistentes nas próximas décadas”.
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Embora a equipe tenha estudado os Clupeiformes, um grupo de peixes actinopterígios caracterizados por possuírem apenas uma barbatana dorsal sem espinhos, que inclui as anchovas, o arenque do Pacífico e Atlântico e as sardinhas japonesas e da América do Sul – eles notaram que as descobertas têm implicações para todos as espécies.
Estudos anteriores também observaram várias espécies de peixes diminuindo de tamanho. Em março, os pesquisadores observaram que o aquecimento dos oceanos pode fazer com que os tubarões bebês nasçam menores. A equipe criou tubarões abaixo de 27 graus Celsius. Eles descobriram que os tubarões criados em águas quentes pesavam menos e tinham baixo desempenho metabólico do que aqueles criados em temperaturas mais baixas.
Luta pela sobrevivência
Ao estudar as taxas metabólicas de 286 espécies de peixes, os pesquisadores notaram, em janeiro, que peixes considerados grandes lutarão ainda mais para sobreviver.
“Nossos dados sugerem que, com o aumento da temperatura, a demanda por oxigênio de muitas espécies de peixes excederá a capacidade de extraí-lo do meio ambiente por meio de suas guelras”, explica Juan Rubalcaba, principal autor do artigo, em um comunicado. “Como resultado, a capacidade aeróbia dos peixes diminui com o aquecimento das águas, e essa redução pode ser ainda mais importante em peixes maiores. Isso nos diz que o aquecimento global pode prejudicar o desempenho fisiológico de muitas espécies no futuro”.
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Quais peixes sobreviverão às mudanças climáticas?
Em maio, um artigo publicado na Molecular Ecology observou que o Esgana-gato (Gasterosteus aculeatus) pode se adaptar rapidamente às mudanças. A equipe estudou os genes dos peixes antes e depois das mudanças sazonais.
“A versão moderna da ideia de Darwin de evolução por seleção natural postula que organismos com genes que favorecem a sobrevivência e a reprodução tenderão a deixar mais descendentes do que seus pares, fazendo com que os genes aumentem em frequência ao longo das gerações”, diz o autor principal Alan Garcia-Elfring em um comunicado.
Sua equipe descobriu evidências de alterações genéticas causadas por mudanças sazonais. “As descobertas são importantes, porque sugerem que podemos usar as diferenças genéticas que evoluíram no passado como uma forma de prever como as populações podem se adaptar a estressores ambientes, como as mudanças climáticas no futuro”, completa.