Em estudos recentes, pesquisadores encontraram ovos de peixes da espécie killifish que viajaram através do intestino de cisnes, com um ovo no estudo chegando a gerar um alevino mais de um mês após seu trânsito pelo intestino do animal.
O Killifish consegue suportar uma variedade de ambientes. Os pequeninos peixes de água doce sobrevivem em piscinas isoladas no deserto, lagos feitos por água de enchentes e até lagoas sazonais que são pouco mais do que poças d’água.
Um lugar onde os cientistas não esperavam encontrá-los era em cocôs de cisnes.
Mas uma equipe internacional de pesquisadores informou na semana passada na revista Ecology, que ovos de killifish inteiros e intactos atravessaram o trato digestivo de aves aquáticas, com um ovo no estudo chegando a gerar um alevino mais de um mês após seu trânsito pelo intestino do cisne.
Os resultados sugerem que as fezes das aves podem ser capazes de transportar os ovos de peixes para muitos locais diferentes.
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Giliandro Silva, um estudante de pós-graduação da Universidade Unisinos no Brasil e colegas, descobriram no ano passado que pequenas plantas aquáticas com flores em fezes de aves ainda estavam vivas e capazes de crescer.
Enquanto completavam o estudo, encontraram um ovo de killifish em uma amostra fecal congelada de um cisne selvagem.
Eles perceberam que o que era verdade para as plantas também poderia ser verdade para os ovos de peixes.
Para testar essa hipótese, eles misturaram ovos de duas espécies de killifish encontradas no Brasil na alimentação de cisnes que vivem em um zoológico.
Nos dois dias seguintes, eles coletaram o que os cisnes excretavam e procuraram por ovos intactos.
Eles encontraram cinco, cerca de um por cento dos 650 ovos que haviam misturado.
Então, eles mantiveram os ovos no laboratório para ver se continuariam se desenvolvendo. Dos três que o fizeram, dois morreram de uma infecção fúngica não relacionada.
Mas um eclodiu em um jovem killifish, 49 dias após a coleta.
Esse ovo killifish passou pelo intestino de um cisne, depois eclodiu e se desenvolveu por 49 dias. Creditado por GG Silva, V. Weber e P. Hoffmann
Quando a água em que vivem seca, os ovos killifish caem em um estado de hibernação, capazes de reviver e chocar meses depois, se a água retornar.
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Esta habilidade especial é muitas vezes o motivo pelo qual os peixes às vezes parecem surgir do nada quando uma piscina sazonal se forma.
“Eles são famosos por sua incrível capacidade de sobreviver na lama”, disse Andrew Green, pesquisador da Estación Biológica de Doñana, em Sevilha, Espanha, e co-autor do novo artigo.
Mas o fato de uma pequena fração de todos os ovos de killifish consumidos poderem passar ileso por uma ave pode explicar o surgimento de peixes em lugares onde ninguém poderia imaginar, continuou ele.
Em alguns casos, o peixe pode ter caído literalmente do céu.
No entanto, a digestão de um animal extrai os nutrientes que estão prontamente disponíveis rapidamente.
Para poder comer outra refeição, no entanto, o animal deve excretar o que sobrar. Isso inclui, neste caso, ovos de killifish ainda não digeridos.
Os pesquisadores estão planejando um experimento semelhante agora que usa ovos de carpa, que eclodem muito mais rápido que os do killifish.
Como killifish e carpas podem ser espécies invasoras, entender como elas se espalham pode ajudar na contenção.
O que aconteceu com o único sobrevivente do experimento, o solitário killifish que eclodiu? Está nadando em um aquário no laboratório?
“Ele foi preservado para a posteridade científica”, disse o Dr. Green.
