Considerado praticamente extinto, peixe de 3 cm de comprimento reaparece e faz empresa mudar projeto de fábrica no Rio de Janeiro.
Quando que poderíamos imaginar que um peixe de 3 cm poderia mudar o projeto de construção de uma fábrica na cidade de Seropédica, no estado do Rio de Janeiro? Bom, isso aconteceu e o nome desse peixinho é Leptopanchax opalescens. Ele não era visto há mais de oito anos, sendo considerado entre os biólogos um animal praticamente extinto.
A equipe de pesquisadores do LEP (Laboratório de Ecologia de Peixes), da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) encontrou o peixe do grupo dos rivulídeos dentro do terreno da BRF, empresa proprietária de marcas como Perdigão e Sadia.
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O local em que o Leptopanchax opalescens foi encontrado foi cercado e protegido pelos pesquisadores. Diferente de outros peixes, eles não vivem em lagoas, rios ou oceanos, mas sim em poças e brejos. Mais um motivo pelo qual a área em que ele foi encontrado deve ser preservada.
“Logo após o registro dos peixes, é iniciado o processo de monitoramento da água e do habitat, além da análise de parâmetros populacionais. Essas informações abastecem bancos de dados de órgãos ambientais, como Inea (Instituto Estadual do Ambiente), e são a base para ações de manejo e conservação das espécies”, contou o biólogo da equipe do LEP, Gustavo Henrique Soares.
Gerações desses peixes não convivem entre si
A vida e a morte fazem parte do ciclo do Leptopanchax opalescens de um modo bastante interessante. Durante o período anual de chuvas, os machos e as fêmeas depositam os ovos fecundados no substrato dos brejos em que habitam. Quando chega o período de seca, os pais morrem e seus filhotes, ainda nos ovos, iniciam um processo de sobrevivência sem água.
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A volta das chuvas é também o início de um novo ciclo de vida para estes peixes, que retomam o processo que seus antecessores deram partida. É por isso que o grupo também é conhecido pelos pesquisadores como “peixes anuais”.
A característica de seu habitat em tempos de seca, quando sua presença não é notada por humanos, acaba prejudicando a manutenção da espécie, resultando em uma possível extinção.
Segundo a equipe da UFRRJ, é muito comum que áreas nas quais esses peixes vivem, sejam transformadas em regiões agrícolas ou sofram outros tipos de intervenções humanas.
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