Mergulhadores encontraram, pela primeira vez, o famoso peixe-leão no mar do arquipélago de Fernando de Noronha.
O peixe-leão, uma espécie considerada predatória e invasora, foi encontrada pela primeira vez no mar do arquipélago de Fernando de Noronha. O animal possui espinhos venenosos capazes de causar grandes desequilíbrios marinhos nos locais onde se instala.
Ele foi encontrado no dia 20 de dezembro, em rochas próximas à Praia da Conceição, a 28 metros de profundidade. O espécime foi capturado e levado para a sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na ilha. Um protocolo mais robusto de monitoramento deve ser criado pelo instituto nos próximos dias.
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Segundo o coordenador do projeto Golfinho Rotator, Flávio Lima, de fato é a primeira vez que se atesta a presença do animal na região. “Ele é uma espécie exótica e invasora, com grande potencial adaptativo às áreas onde não são nativas, por não terem predadores naturais. E, assim, complete agressivamente com espécies nativas”, conta ao UOL.
“Noronha, por ser uma área até certo ponto isolada, possui fragilidade muito grande em relação aos ecossistemas recifais. Por isso que a presença do peixe preocupa. Provavelmente outros podem aparecer e é preciso um monitoramento sistemático das áreas recifais, seguido de um programa de manejo, para captura e retirada desse animal de um ambiente onde ele é um invasor”, acrescenta.
Em 2019, já antevendo um possível risco da aparição do animal em Noronha, o Projeto Conservação Recifal (PCR), em parceria com o ICMBio, lançou uma campanha de alerta na ilha, para que mergulhadores notificassem as autoridades caso vissem o bicho no mar.
“Agora não temos mais dúvidas de que ele está presente. Como foi só um registro isolado, temos que ter precaução. Não adianta apavorar. Pode ser que apareçam outros, pode ser que não apareça”, adverte o pesquisador-diretor do PCR, Pedro Henrique Pereira.
“Caso aumentem as aparições, pode causar impactos em várias esferas: ecológicos, como matar espécies nativas e diminuir a cobertura dos corais; sociais, como diminuir a pesca; e até econômicos, como afetar o turismo.”
Monitoramento mais rigoroso
O coordenador de Pesquisa e Manejo do ICMBio, Ricardo Araújo, acredita que o peixe-leão tenha vindo através de correntes marítimas. “Alguns estudos científicos já indicavam essa probabilidade da aparição porque aqui tem umas correntes que podem trazer a migração de larvas e peixes. Muita gente pergunta se ele vem de aquário, mas aqui não tem isso. Então, a maior probabilidade é que tenha vindo por correntes mesmo”, aponta.
“O que nos acalma um pouco é que tivemos recentemente uma equipa de pesquisadores, pessoas de muita experiência e gabarito, que fizeram mergulhos em vários locais e não encontraram o peixe-leão, e sim quatro novas espécies de peixes nativos não-catalogados”, pondera Ricardo.
“O que a gente pode fazer, no momento, é monitorar. Não tem como impedir que ele chegue pelo mar, porque o mar não possui fronteira. Por isso a campanha de alerta. Mas vamos construir um protocolo mais forte de monitoramento”, conclui.