Um novo estudo sugere que estes minúsculos e misteriosos peixes podem ser a chave para resolver o paradoxo dos recifes de corais.
Se um mergulhador tiver a sorte de encontrar um desses pequeninos peixes criptobênticos, como são conhecidos – tudo que irá vislumbrar será um breve lampejo de cores.
Todavia, esses minúsculos nadadores podem ser a chave para a manutenção dos recifes de corais.
Isso possibilita que peixes maiores e muitos outros invertebrados prosperem, de acordo com um novo estudo.
Eles poderiam ajudar a resolver um mistério que confundiu até mesmo o pai da Teoria da Evolução, Charles Darwin.
“Ao deixar de lidar com esses pequenos, entretanto, estávamos perdendo uma grande parte do que está acontecendo nos recifes e na cadeia alimentar”, segundo Nancy Knowlton, bióloga de recifes de corais do Museu Nacional de História Natural em Washington, DC.
Os recifes de corais são o equivalente marinho as florestas tropicais, repleto de peixes, caranguejos, esponjas e outras criaturas.
No entanto, como Darwin observou em 1842, o belo azul das águas circundantes significa que há muito pouco do plâncton microscópico que constitui a base da maioria dos ecossistemas marinhos.
Ao longo do século passado, os pesquisadores tentaram resolver o “Paradoxo de Darwin”.
Os pesquisadores identificaram que os recifes possuem sistemas autossuficientes para reciclar os nutrientes que já existem – ou são sustentados por nutrientes trazidos pelo oceano aberto.
Simon Brandl, um ecologista de recifes de corais da Universidade Simon Fraser, em Burnaby, no Canadá, questionou se o peixe Bryaninops natans poderia ser a chave.
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Esses peixes secretos, às vezes de cores bem vivas, têm menos de um centímetro de comprimento e voltam rapidamente para as fendas dos corais quando se sentem ameaçados.
Eles podem pesar apenas 0,1 gramas (aproximadamente o mesmo que uma única ervilha), tornando-os os menores vertebrados marinhos – e potenciais alimentos para os habitantes dos recifes.
Brandl começou a estudar esses peixes na Austrália, “fiquei impressionado com a quantidade de peixes e o quão diversificados eles são”, lembra ele.
Para descobrir o quão abundantes são os minúsculos peixes, Brandl e seus colegas colocaram 58 redes em forma de sino sobre corais individualizados em Belize, Polinésia Francesa e Austrália.
Colocar as redes assustou qualquer outra coisa que não fossem os peixes criptobênticos.
Quando os pesquisadores adicionaram um anestésico que fez os peixes do lado de dentro flutuarem, eles contarem até 100 peixes criptobênticos por metro quadrado, conforme relatado na Science.
Uma pesquisa bibliográfica feita pela equipe de Brandl também revelou que, ao contrário da maioria das larvas de peixes, os filhotes de peixes criptobênticos, no entanto, não se afastam muito dos recifes onde nasceram.
Quase 70% das larvas encontradas a 10 quilômetros de um recife pertencem a esses pequenos nadadores, segundo a equipe.
Brandl e seus colegas analisaram estudos anteriores que estimavam a longevidade e as taxas de mortalidade de várias espécies de recifes.
Como cada criatura que morre em um recife torna-se “comida de peixe”.
Os cientistas puderam deduzir quantos foram ingeridos todos os dias – incluindo os peixes criptobênticos.
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Seus cálculos finais sugerem que esses peixes são responsáveis por quase 60% da biomassa de peixes consumidos nos recifes.
Como esses animais podem ter sete gerações de larvas por ano, seus filhotes que retornam fornecem um suprimento constante de alimentos.
“Os peixes criptobênticos fazem uma coisa particularmente muito bem: servirem de alimento para recifes de corais e outras espécies de peixes e invertebrados”, diz Brandl.
A descoberta é “uma importante contribuição para nossa compreensão da produtividade dos recifes”, diz Nick Grahan.
Nich Grahan é um ecologista de recifes de corais do Centro Ambiental da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.
Douglas MacCauley, ecologista da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, concorda.
“Nós nunca tivemos um controle perfeito sobre esses números anteriormente”, diz ele.
Os números, revelam a importantes desses peixes nos recifes.
Knowlton acredita que os peixes minúsculos podem alimentar outros ecossistemas marinhos, como manguezais pequenos.
E “há um grande número de outras criaturas realmente pequenas, como caranguejos, camarões e caracóis, que também podem desempenhar papéis parecidos em diferentes ecossistemas”, completa.
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