O ano de 2021 já chegou com tudo mesmo, pois um novo estudo sugere que os polvos gostam de socar peixes! Venha entender o motivo!
Uma nova pesquisa perturbadora, mas de certa forma satisfatória, revela polvos socando peixes durante sessões de alimentação colaborativa. Segundo o estudo, os polvos fazem isso principalmente por razões práticas, mas às vezes esses jabs subaquáticos parecem puramente feitos por maldade.
Como os autores do estudo especulam no artigo, publicado na Ecology, os golpes são lançados para “prevenir a exploração e garantir a colaboração”. Em alguns casos, entretanto, a violência do polvo contra os peixes não está relacionada a nada em particular. Em outras palavras, os polvos estavam simplesmente socando os peixes. Isso quer dizer que há algo nesse comportamento que ainda não foi compreendido.
No total, os pesquisadores documentaram oito eventos distintos (vídeo aqui) em que os polvos podiam ser vistos socando os peixes. Isso ocorreu no Mar Vermelho entre 2018 e 2019, na costa de Israel e do Egito. Os polvos realizaram “um movimento rápido e explosivo com um tentáculo direcionado a um peixe, como que se tivesse dando um soco”, escreveram os autores.
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“Essas várias observações envolvendo polvos em diferentes locais socando peixes, serve a um propósito concreto em suas interações com outras espécies”, de acordo com o artigo.
Octopuses and fishes are known to hunt together, taking advantage of the other's morphology and hunting strategy. Since multiple partners join, this creates a complex network where investment and pay-off can be unbalanced, giving rise to partner control mechanisms. @SimonGingins pic.twitter.com/MEyyaIZaxO
— Eduardo Sampaio (@OctoEduardo) December 18, 2020
A cooperação entre espécies é rara, mas acontece. Coiotes e texugos, por exemplo, juntam forças para caçar, assim como garoupas e enguias. Num tweet recente, Eduardo Sampaio, coautor do novo estudo do Instituto Max Planck de Comportamento Animal e da Universidade de Lisboa, disse que polvos e peixes caçam juntos para tirar proveito de atributos físicos e habilidades específicas de caça um do outro.
Garoupas e outras espécies caçam juntos com polvos em sessões que duram mais de uma hora. Os peixes atuam como sentinelas, vasculhando o fundo do mar em busca de uma refeição em potencial. Quando uma vítima é avistada, o peixe gesticula em direção à presa, o que coloca o polvo em movimento. Então, o ágil polvo persegue a presa – às vezes tendo que alcançá-la em rochas ou recifes de coral – e os despojos da guerra são compartilhados entre o grupo.
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Às vezes, no entanto, podem surgir conflitos entre eles. Nesta “complexa rede social de interações”, escrevem os autores, “mecanismos de controle de parceiros podem surgir para prevenir a exploração e garantir a colaboração”. É aí que entram os socos! Os socos podem ser dados pelo polvo para manter o controle sobre o comportamento das espécies, para banir certos peixes do grupo, ou por razões puramente egoístas, ou seja, para obter acesso imediato a uma refeição, como os autores especulam.
De fato, há muito o que aprender sobre essas interações surpreendentes. Trabalhos futuros deverão ser realizados para validar as observações da equipe e as razões hipotéticas para esse comportamento. Mas, sinceramente? Eu não ficaria tão em dúvida quanto a isso – os polvos são inteligentes, emocionalmente complicados e, digamos, um pouco travessos.