Por que será que alguns peixes possuem sangue quente? Recentemente esse mistério foi finalmente solucionado! Confira!
Há mais de 50 anos, os cientistas sabem que, apesar de sua reputação, nem todos os peixes possuem sangue frio. Algumas espécies de tubarão e atum, por exemplo, o tubarão branco e o atum-rabilho, desenvolveram a capacidade de aquecer partes de seus corpos, como músculos, olhos e até mesmo o cérebro.
Cerca de 35 espécies de peixes – que representam menos de 0,1% de todos os peixes até então conhecidos – possuem essa habilidade, que faz com que fiquem mais quentes do que a água ao seu redor. Até recentemente, no entanto, o motivo pelo qual essa habilidade evoluiu era um mistério.
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Alguns cientistas acreditavam que possuir sangue quente permitia que os peixes nadassem mais rápido, já que os músculos aquecidos tendem a ser mais poderosos. Alguns outros achavam que isso lhes permitia viver em uma faixa mais ampla de temperaturas, tornando-os menos suscetíveis aos efeitos do aquecimento dos oceanos causado pelas mudanças climáticas.
Então, uma equipe internacional de biólogos marinhos se propôs a resolver esse quebra-cabeça do porquê de algumas espécies de peixes possuírem sangue quente enquanto a maioria das outras espécies possui sangue frio.
Afinal, por que alguns peixes possuem sangue quente?
O estudo descobriu que a capacidade dos peixes de aquecer seus corpos oferece vantagens competitivas – eles podem nadar mais rápido do que seus parentes de sangue frio. No entanto, isso não significa necessariamente que eles sejam capazes de se adaptar melhor às mudanças nas temperaturas dos oceanos em comparação com os peixes de sangue frio, de acordo com os resultados.
A equipe coletou alguns tubarões selvagens e outros peixes ósseos e colocaram dispositivos eletrônicos à prova d’água para registrar os dados de forma remota – os dispositivos foram presos em suas nadadeiras. Os animais foram pescados com linha e anzol, presos ao lado do barco, e então, receberam os dispositivos para que pudessem ser liberados.
Os aparelhos coletaram informações como a temperatura da água encontrada pelos peixes, as velocidades em que eles nadaram durante a maior parte do dia e a profundidade que alcançavam.
Comparando os dados de velocidade e temperatura desses animais de sangue quente e frio, os cientistas puderam calcular a temperatura corporal e a qual velocidade nadavam, levando em consideração seus pesos corporais. Acontece que peixes de sangue quente podem nadar 1,6 vezes mais rápido do que peixes de sangue frio. Esta é uma das primeiras evidências diretas da vantagem evolutiva de ser um animal de sangue quente.
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Além disso, essa velocidade extra oferece vantagens quando se trata de predação e migração. É provável que isso os torne melhores caçadores ou viajantes. Nadar mais rápido também ajuda o peixe a identificar mais rapidamente suas presas. Quanto mais rápido ele nada, mais rápido a imagem se move em seus olhos, permitindo que eles processem e identifiquem presas ou predadores de forma muito mais veloz do que suas contrapartes mais lentas.
Já foi sugerido que peixes que possuem sangue quente podem ser mais capazes de lidar melhor com as mudanças na temperatura ambiente ao estabilizarem a temperatura de seus corpos. Isso também seria útil nos cenários atuais de mudanças climáticas, como o aquecimento global dos oceanos.
Entretanto, segundo os resultados do estudo, a capacidade de aquecer seus corpos não permite que ocupem uma faixa de temperatura mais ampla nos mares. Isso pode significar um exagero na capacidade dos peixes de sangue quente poderem enfrentar melhor as mudanças nas temperaturas do que seus parentes de sangue frio.