O Ciclídeo Fuelleborni (Labeotropheus fuelleborni) é um peixe bastante popular no mundo do aquarismo, embora não seja recomendado para iniciantes. A espécie, considerada bastante territorial, exige aquários com água de alta qualidade e manutenções rigorosas, por isso é recomendada apenas para aquaristas que já possuem uma boa experiência no hobby.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Ciclídeo Fuelleborni. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica do Ciclídeo Fuelleborni
Nome: Ciclídeo Fuelleborni, Fuelleborn’s Cichlid, Blue Mbuna;
Nome Científico: Labeotropheus fuelleborni (Ahl, 1926);
Família: Cichlidae;
Origem da Espécie: África (Lago Malawi);
Comprimento: Ate 30 cm;
Expectativa de Vida: Entre 8 e 12 anos;
Nível de Dificuldade: Moderado;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 7.5 – 8.5;
Dureza da água: Entre 10 – 12;
Temperatura: Manter entre 22 – 25°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Ciclídeo Fuelleborni é endêmico do Lago Malawi, e foi descrito pela primeira vez por Ahl em 1926.
A espécie costuma habitar áreas rasas e com fundos arenosos, próximos de costões rochosos e ao redor de ilhas, sendo comum e amplamente distribuído em todo o lago. Nesses locais, há uma alta concentração de oxigênio dissolvido na água, e ela costuma ser muitas vezes bem turbulenta.
Aparência
O Ciclídeo Fuelleborni é um peixe que pode atingir até 30 centímetros de comprimento e viver entre 8 e 12 anos sob bons cuidados. Ele possui corpo alongado e lábio superior maior do que o inferior. Além disso, os machos geralmente são azuis com listras verticais. As fêmeas, costumam ser muito parecidas, embora às vezes a coloração do corpo seja diferente, com coloração alaranjada com manchas pretas. Esses peixes também possuem dentes em forma de cinzel adaptados para raspar algas das rochas.
Alimentação
Onívoro. O Ciclídeo Fuelleborni aceita praticamente todo tipo de alimento vegetal ou rico em proteínas. No geral, ele prefere alimentos proteicos; mas eu recomendo complementar sua dieta com uma ração em pellets ou flocos enriquecida com spirulina e artêmias.
Por mais que seja um peixe agressivo, você não precisa se preocupar se os outros vão comer o suficiente, enquanto houver comida na frente deles, eles não prestarão atenção aos seus companheiros de aquário.
Temperamento / Comportamento
Embora não seja excessivamente agressivo, ainda assim o Ciclídeo Fuelleborni é um peixe territorial e deve ser mantido na companhia de outros de sua própria espécie.
Por mais que seja um peixe territorial, você ainda pode mantê-lo na companhia de 4 peixes da espécie, de preferência 1 macho e 3 fêmeas. O ideal mesmo é manter grupos formados com no mínimo 8 peixes. Caso seja mantido em grupos menores, ele irá intimidar seus companheiros, até que estabeleçam uma hierarquia no aquário.
Compatibilidade
Embora não seja alvo de grandes predadores, ainda assim há relatos de acidentes com grandes ciclídeos e bagres.
A coisa mais importante a se lembrar sobre os companheiros de aquário para o Ciclídeo Fuelleborni é que eles precisam ser relativamente maiores. Existem algumas espécies que funcionam muito bem:
- Demasoni;
- Pterochromis sp.;
- Espécies de Ciclídeo Pavão;
Alguns outros bons companheiros de aquário para o Ciclídeo Fuelleborni incluem Ciclídeo Sardinha, Johanni, Dickfeldi, além de outras espécies do Lago Malawi.
Dimorfismo Sexual
O macho do Ciclídeo Fuelleborni é muito maior e mais colorido do que a fêmea. Além disso, ele possui espinhos na barbatana dorsal que são usados para lutar contra outros machos durante a época de reprodução.
Acasalamento / Reprodução
O Ciclídeo Fuelleborni é um incubador bucal, e é possível reproduzi-lo em cativeiro.
Eu recomendo que você monte um aquário com cerca de 200 litros e adicione rochas planas e áreas abertas com substrato de areia. O pH deve estar entre 8,2 e 8,5, e a temperatura deve ficar entre 22 e 25°C. Para incentivá-los a desovar, você deve incluir vegetais, alimentos vivos e congelados.
Quando o macho tenta atrair a fêmea para acasalar, ele limpa um local do aquário e fica se exibindo para ela. A fêmea deposita seus ovos no local de desova e depois os pega de volta com a boca. No entanto, o macho possui manchas que se parecem com ovos em sua barbatana anal. Então, ela tenta pegá-los e o macho acaba fertilizando todos aqueles que ela já havia guardado em sua boca.
Uma única fêmea pode carregar entre 25 e 60 ovos por até 3 ou 4 semanas. Mas, durante esse tempo, ela não irá se alimentar e ficará com a boca distendida, e o estresse pode fazer com que ela cuspa ou engula a ninhada.
Eu recomendo que você não retire a fêmea do aquário por um tempo, a menos que ela esteja sendo constantemente assediada pelo macho. É comum que os criadores retirem os filhotes com 2 semanas de idade e os criem artificialmente. Mas eu evitaria essa prática!
À medida que os alevinos crescem, eles são capazes de se alimentar de náuplios de artêmias e outros tipos de alimentos indicados para filhotes.
Configuração do aquário
O aquário para o Ciclídeo Fuelleborni precisa ter no mínimo 200 litros para 1 macho e 3 fêmeas.
A primeira coisa a considerar na montagem é que você deve criar cavernas com rochas. Embora esses peixes possam viver em aquários comunitários, você deve garantir que haja muitas cavernas para que eles se escondam quando seu território estiver ameaçado por outros ciclídeos.
Fora isso, é interessante também ter áreas de substrato onde eles possam cavar e nadar livremente. Devido à sua incrível capacidade de escavação, o substrato deve ser de areia ou cascalho fino, pois se optar por usar terra, é bem provável que seu aquário se torne um lamaçal.
Certifique-se também de que todas as decorações estejam ancoradas para evitar acidentes.
Por fim, capriche na filtragem e evite plantas, pois esses peixes provavelmente irão devorá-las.
Referências Bibliográficas
Maréchal, C., 1991. Labeotropheus. p. 207-209. In J. Daget, J.-P. Gosse, G.G. Teugels and D.F.E. Thys van den Audenaerde (eds.) Check-list of the freshwater fishes of Africa (CLOFFA). ISNB, Brussles; MRAC, Tervuren; and ORSTOM, Paris. Vol. 4. (Ref. 5652);