O Ciclídeo Multi Barras (Neolamprologus multifasciatus) é um peixe especial por vários motivos. O primeiro deles é que essa espécie gosta de viver em conchas de caramujos, o que significa que também se reproduzem nelas. Na natureza, esses peixes vivem no fundo do Lago Tanganica, na África. Eles colonizam milhares de conchas de caramujos e formam territórios com elas onde costumam viver por toda a vida.
O segundo motivo bem interessante que levam as pessoas a criarem esses peixes é que eles são considerados os menores ciclídeos do mundo, podendo chegar aos 4 cm de comprimento apenas. Isso significa que eles são os habitantes perfeitos para aquaristas que gostam de aquários pequenos.
Além disso, o Ciclídeo Multi Barras é conhecido por ser um excelente escavador, ou seja, o aquário para essa espécie precisa ter um bom nível de substrato ou areia. Em relação as conchas, será necessário adicionar cerca de 2 a 6 conchas por peixe, para que possam ter a chance de escolher aquelas que mais lhe agradam.
Sobre o tipo de concha, você pode colocar qualquer tipo que encontrar dentro do aquário, ou também pode usar cotovelos de PVC com tampas.
Quer conhecer mais sobre esses peixes? Continue lendo esse artigo!
Ficha Técnica
Nome: Ciclídeo Multi Barras, Many Banded Shell-Dweller, Multie, Shellie,
Nome Científico: Neolamprologus multifasciatus (Boulenger, 1906)
Família: Cichlidae
Origem da Espécie: África (Lago Tanganica).
Comprimento: Até 4 cm
Expectativa de Vida: Entre 5 – 8 anos
Nível de Dificuldade: Fácil;
Parâmetros da Água
pH: Manter o pH da água entre 7.5 – 8.0
Dureza da Água: 12° – 20° dH
Temperatura: Manter entre 24°C – 26°C
Características
Alimentação
Quando se trata de comida, o Ciclídeo Multi Barras devora de tudo, desde alimentos granulados ou flocos até alimentos naturais, como artêmias e dáfnias. O Ideal é fornecer uma ração de alta qualidade e alimentos vivos e congelados para instigar a desova desses peixes.
Quando mudam para um novo aquário, podem ficar tímidos, pálidos e perderem o interesse pela comida. Mas não se preocupe caso isso aconteça, pois eles podem ficar uns 4 – 5 dias sem comer mesmo.
Evite ao máximo adicionar muita comida ao aquário, já que isso pode piorar a qualidade da água e comprometer a saúde de todos os peixes (além disso, o Ciclídeo Multi Barras não costuma procurar comida no substrato, embora viva próximo dele).
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Temperamento / Comportamento
Sendo ciclídeos, não há muito o que esperar desses peixes, se não atitude. Eles podem ser pequenos, mas defenderão seus territórios a todo o custo. O Ciclídeo Multi Barras habita a região do fundo e o meio do aquário, então não deve causar problemas se você tiver outros peixes que gostam de habitar as regiões superiores dele.
Eles podem viver sozinhos, em casais ou grandes haréns. Se você tiver um macho no aquário ele deve dominar todas as outras fêmeas. Às vezes, talvez para não ficarem sozinhos, se houver outros machos, eles podem estabelecer colônias nas quais também há um macho dominante, e os demais vivem submissos a ele em suas conchas, exceto na hora de comer.
Compatibilidade
Dependendo do tamanho do seu aquário, você pode mantê-lo com outras espécies do Lago Tanganica. Se ele tiver mais de 200 litros, por exemplo, você pode ter outros pequenos moradores de conchas, como o Brichardi, e algumas espécies mais pacíficas de Julidochromis.
No entanto, você é livre para adicionar caramujos e camarões (estes últimos podem ser comidos, mas vale a pena tentar). Já os caramujos podem ser uma ótima compra para ajudar na manutenção do aquário.
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Reprodução / Acasalamento
O Ciclídeo Multi Barras macho é, sem dúvida, maior do que a fêmea. Fora o tamanho, a distinção entre eles não é fácil, ainda mais quando são peixes jovens. Se forem castanho-escuros, por exemplo, é bem provável que sejam fêmeas. Os machos tendem a desenvolver uma nadadeira anal mais pontiaguda e fina.
A reprodução dessa espécie é bastante fácil. Além disso, eles costumam desovar até mesmo em aquários com outros peixes, mas se você quiser criar os filhotes de uma forma mais segura, deve utilizar um outro aquário próprio para reprodução.
Para instigar a desova, monte um aquário com muitas conchas e adicione várias fêmeas nele. A água deve ser dura e alcalina, com um pH que fique na faixa de 8.0 – 8.5. Adicione um único macho e condicione todos os peixes com muitos alimentos vivos e congelados.
As fêmeas tentarão chamar a atenção dos machos se exibindo na entrada de suas conchas, que ficam parcialmente enterradas, apenas com a entrada ficando visível. Quando um macho fica interessado, a fêmea nada para a concha e deposita seus ovos. Quando ela termina, sai da concha e deixa o macho liberar o esperma para fertilizá-los.
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Contudo, após a fertilização, o macho não desempenha mais nenhum papel no cuidado da ninhada e não é mais bem-vindo no território da fêmea. Isso quer dizer que ela irá vigiá-los a todo custo e ficará na entrada da concha abanando os ovos com as barbatanas.
A eclosão dos ovos ocorre em cerca de 24 horas, mas os filhotes só irão nadar pelo aquário por volta de 6 – 7 dias. Eles irão se aventurar para fora da concha à medida que crescem, mas serão expulsos pela fêmea depois de mais ou menos duas semanas.
Os filhotes podem comer náuplios de artêmias ou microvermes quando estiverem nadando pelo aquário. Mas, se quiser ter sucesso na criação deles, recomendo que você coloque-os em um aquário separado dos pais para garantir uma alta taxa de sobrevivência. Embora os pais geralmente não comam os filhotes, outros peixes da colônia podem se aproveitar da situação.
Configuração do aquário
O aquário precisa ter no mínimo 40 litros para um grupo de um macho e quatro fêmeas.
Além disso, deve conter áreas abertas de substrato arenoso, às quais deve ser adicionado um bom número de conchas vazias de caramujos. Não economize nas conchas!
O substrato deve ter no mínimo 6 centímetros de profundidade, pois esses animais adoram cavá-lo.
Referências Bibliográficas
Maréchal, C. and M. Poll, 1991. Neolamprologus. p. 274-294. In J. Daget, J.-P. Gosse, G.G. Teugels and D.F.E. Thys van den Audenaerde (eds.) Check-list of the freshwater fishes of Africa (CLOFFA). ISNB, Brussels; MRAC, Tervuren; and ORSTOM, Paris. Vol. 4. (Ref. 5667)