Se você está em busca de um ciclídeo com uma enorme variedade de cores, talvez o Tropheus moorii possa te atender prontamente. A espécie possui mais de 50 variedades de cores, cada uma delas com uma coloração e padrão únicos dependendo da área onde é encontrada.
Por conta de suas cores deslumbrantes e comportamento interessante, o T. moorii está entre os peixes mais procuradas pelos aquaristas, embora possa ser um pouco complicado cuidar dele.
Endêmico do Lago Tanganica, na África, o T. moorii pode ser encontrado em costões rochosos com profundidades que variam entre 1 e 3 metros. No entanto, sua população tem diminuído nos últimos anos devido à perda de habitat e aos impactos do comércio de aquários.
Continue lendo o artigo para conhecer as principais características e necessidades do Tropheus moorii.
Ficha Técnica do Tropheus moorii
Nome: Tropheus moorii, Blunthead Cichlid, Brabant Cichlid, Dwarf Tanganyikan Cichlid;
Nome Científico: Tropheus moorii (Boulenger, 1898);
Família: Cichlidae;
Origem da Espécie: África (Lago Tanganica);
Comprimento: Até 12 cm;
Expectativa de Vida: Até 10 anos;
Nível de Dificuldade: Difícil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 8.0 – 9.0;
Dureza da água: Entre 9 – 19;
Temperatura: Manter entre 24 – 26°C;
Características
Aparência
Não é tão difícil imaginar por que o Tropheus moorii é um peixe tão procurado. Sua aparência única o ajuda a se destacar entre outros ciclídeos.
De corpo pequeno e cabeça grande, esse peixe possui nadadeira caudal em forma de leque. Assim como muitas outras espécies do Lago Tanganica que se alimentam de epífitas, o T. moorii possui dentes faríngeos especializados em sua boca, que lhe permite raspar as algas das superfícies das rochas.
A borda superior de suas barbatanas dorsal, anal, peitoral e pélvica são armadas com raios espinhosos para ajudar a afastar predadores.
Há muitas variações de cores do Tropheus moorii espalhadas pelo Lago Tanganica. Abaixo, listarei algumas das principais disponíveis no hobby.
Tipos de Tropheus moorii
Tropheus moorii “Mpulungu”
O Tropheus moorii “Mpulungu”, muitas vezes referido como Pineapple Tropheus e Sunset moorii, é encontrado em Mpulungu – a ponta sul do Lago Tanganica. Como o nome sugere, ele possui manchas amareladas brilhantes salpicadas em seu corpo e barbatanas de cores escuras.
Tropheus moorii “Kasanga”
Conhecido como Tropheus moorii Red Rainbow, esta bela variedade é endêmica de Kasanga, na Tanzânia. Ele é uma das variedades mais populares devido à sua linda coloração vibrante.
Tropheus moorii “Mboko”
Oferecendo um padrão de cores mais exclusivo, a variedade “Mboko” vêm da Ilha Mboko, nas margens do Lago Tanganica. Seu nome comum é Tropheus moorii Yellow Banded, origina-se da distinta faixa vertical amarela brilhante que desce pelo seu corpo preto.
Tropheus moorii “Bemba” (Pemba)
O Tropheus moorii “Bemba” (nome comum: Tropheus Bemba Orange Flame Cichlid) é provavelmente um dos mais lindos e famosos dessa lista. Essa variedade provém da aldeia de Bemba (Pemba), que se situava no Cabo Munene. Infelizmente, essa vila não existe mais.
Como o próprio nome sugere, o “Bemba” possui uma faixa vertical com cores intensas em forma de chama laranja que desce pelo seu corpo negro, dando um contraste bem interessante.
Tropheus moorii “Bulu Point”
O “Bulu Point” é uma variedade colorida endêmica da Ilha de Bulu Point. Esse peixe é chamado de Cherry Spot Tropheus entre os aquaristas devido às suas grandes manchas alaranjadas e vermelhas espalhadas pelo seu corpo negro.
Tropheus moorii “chimba”
Essa variedade é encontrada apenas na Ilha de Chimba, uma pequena região no canto sudoeste do lago. Esse peixe é realmente deslumbrante, mostrando uma coloração vermelha brilhante ao longo das fases de sua vida, que realmente fica lindo em um aquário com fundo preto.
Tropheus moorii “Moliro”
Essa variedade do Tropheus é endêmica do Moliro, Congo – ao lado do Lago Tanganica, na fronteira com a Zâmbia. Esse peixe é conhecido por sua coloração avermelhada, o que lhe dá seu nome comum “Red-Tail Moorii”.
Tropheus moorii “Chipimbi”
O “Chipimbi” vêm da região de mesmo nome no oeste da Zâmbia. É caracterizado por uma linha vermelha neon que começa na base da barbatana caudal e vai até o meio do corpo. Essa variedade foi uma das primeiras importadas para o aquarismo.
Tropheus moorii “Chaitika”
Este Tropheus vêm de Chaitika, Zâmbia. A variedade possui coloração azul vibrante, acentuada por uma faixa amarela horizontal. Assim como o “Kasanga”, esse peixe também é bastante popular no hobby.
Alimentação
Herbívoro. Na natureza, o Tropheus moorii se alimenta principalmente de algas que crescem em rochas, mas também consome pequenos vermes, crustáceos e insetos.
Em um aquário, sua dieta deve ser rica em alimentos para peixes herbívoros. Você pode fornecer uma ração em flocos ou pellets de alta qualidade à base de spirulina e complementá-la com vegetais frescos como, por exemplo, espinafre, ervilhas e alface. Além disso, esse peixe também pode comer camarões mysis e krill para garantir uma boa variedade em sua dieta.
Certifique-se de verificar a lista de ingredientes de qualquer alimento que você for dar para o T. moorii, lembrando que eles não podem ter muita proteína animal.
Abaixo, confira algumas das principais rações disponíveis para o Tropheus moorii:
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Temperamento / Comportamento
O Tropheus moorii possui a fama de ser um peixe bastante agressivo. Na minha opinião, esse comportamento se deve a um dos três fatores abaixo:
- Configuração do aquário está incorreta;
- Poucos peixes;
- Tamanho das espécies incompatíveis;
Se a configuração do aquário estiver incorreta, qualquer peixe terá maior probabilidade de ser agressivo. Isso ocorre porque ele se sentirá apertado e estressado em um ambiente inadequado. Além disso, poucos peixes da espécie também podem levar à agressão. Como eles são animais que gostam de viver em cardumes, o aquário precisa ter no mínimo um grupo formado por 15 a 20 membros.
Sobretudo, todas as espécies de Tropheus desenvolverão uma hierarquia no aquário, e a maioria das mortes vêm de lutas dentro de seus próprios grupos. Eles raramente atacam outras espécies.
Por fim, se você tiver peixes de tamanhos diferentes no aquário, é bem provável que tenha problemas. Um T. moorii muito maior do que os outros pode se tornar agressivo e intimidar os peixes menores.
Compatibilidade
Por ser um nadador super agressivo e ativo, o Tropheus moorii se sai bem em grandes grupos de pelo menos 15 membros (com um ou dois machos).
De um modo geral, esse peixe costuma ser relativamente pacífico com outras espécies, então você pode mantê-lo com muitas outras do Lago Tanganica. Claro, você até consegue manter esse peixe com outras espécies de Tropheus, embora precise ter um aquário bem grande para comportar todos os peixes.
Algumas das principais espécies compatíveis com o Tropheus moorii incluem, por exemplo:
- Julie Xadrez;
- Julie Dickfeldi;
- Julie Dourado;
- Blue Point;
- Ciclídeo Sardinha;
- Gênero Synodontis;
- Duboisi;
Dimorfismo Sexual
Diferenciar o macho e a fêmea do Tropheus moorii é uma tarefa um tanto quanto complicada.
Existem algumas diferenças sutis entre os sexos, mas não são confiáveis. Os machos, por exemplo, possuem um lábio superior mais proeminente e mais claro. Além disso, eles crescem mais rápido e desenvolvem sua coloração adulta brilhante mais cedo do que as fêmeas.
Agora, falando em formato corporal, os machos adultos têm um corpo relativamente mais profundo, enquanto as fêmeas tendem a ser mais esbeltas.
Acasalamento / Reprodução
A reprodução do Tropheus moorii não é muito complicada, embora precise de algumas condições específicas. Este peixe é monogâmico em série, ou seja, um único macho acasala com uma fêmea para criar um vínculo temporário até que haja a desova.
Eu recomendo que a reprodução desse peixe seja realizada em um aquário próprio para a espécie.
Sobretudo, para aumentar suas chances de reprodução, coloque um grupo de 15 peixes jovens em um aquário com cerca de 300 litros e deixe que eles cresçam juntos. Isso permitirá que eles estabeleçam sua própria hierarquia e, com sorte, evitem agressões.
Quando atingem a maturidade sexual por volta de 1 ano de idade, você começará a notar algumas mudanças nas cores dos machos, pois eles se tornarão mais intensos e brilhantes. Se você tiver mais de um macho, observe atentamente para ver se haverá sinais de agressividade. Nesse caso, você precisará remover os machos dominantes ou subdominantes do aquário até obter a proporção desejada (1 macho para cada 10 fêmeas).
O Tropheus moorii desova em águas abertas. A fêmea põe apenas alguns ovos (5 a 17). Depois de colocados, ela os coleta rapidamente com a boca e os incuba até que eclodam, o que leva cerca de 21 a 28 dias.
Ao nascerem, os alevinos terão cerca de 0,57 centímetros de comprimento, mas crescerão bem rápido se forem alimentados com náuplios de artêmias.
Configuração do aquário
O aquário precisa ter no mínimo 284 litros para um grupo de 15 peixes da espécie. Obviamente, esse número aumentará dependendo da quantidade de peixes que você planeja criar.
O Tropheus moorii é considerado um peixe territorial e extremamente agressivo. Além disso, ele costuma ser bem sensível às mudanças nos parâmetros da água, portanto, o aquarista precisa ficar atento para evitar problemas.
Quando se trata das condições do aquário, você precisará recriar o habitat natural desse peixe. Ele vêm das regiões mais rasas do Lago Tanganica, então precisará de água bem alcalina. Para evitar problemas de qualidade da água, eu recomendo que você faça pequenas trocas parciais de até 20 – 25% semanalmente.
Além disso, esses peixes preferem ambientes bem oxigenados. A má qualidade da água e a baixa oxigenação irão estressá-los e deixá-los doentes. Por isso, capriche na filtragem!
O Tropheus moorii passa a maior parte do tempo nadando entre rochas, então dedique um bom tempo montando cavernas e fendas para esse peixe, utilizando um substrato arenoso para compor o fundo do aquário.
*Créditos da Imagem em Destaque: Tropheus moori “Ilangi”, Sabri Çobanoğlu / Pinterest;
Referências Bibliográficas
Maréchal, C. and M. Poll, 1991. Tropheus. p. 521-525. In J. Daget, J.-P. Gosse, G.G. Teugels and D.F.E. Thys van den Audenaerde (eds.) Check-list of the freshwater fishes of Africa (CLOFFA). ISNB, Brussels; MRAC, Tervuren; and ORSTOM, Paris. Vol. 4. (Ref. 5713);