A Dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) é um peixe que realmente impressiona pelo seu grande tamanho. Considerada o bagre de maior importância comercial para a pesca na região Amazônica, no Brasil, esse peixe só deve ser criado em grandes aquários públicos.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o peixe Dourada. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica do peixe Dourada
Nome: Dourada, Dorado Catfish, Gilded Catfish;
Nome Científico: Brachyplatystoma rousseauxii, Brachyplatystoma flavicans (Castelnau, 1855)
Família: Pimelodidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Bacias dos rios Amazonas, Orinoco e outros sistemas fluviais nas Guianas e no Nordeste do Brasil);
Comprimento: Até 192 cm;
Expectativa de Vida: Até 20 anos;
Nível de Dificuldade: Difícil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.0 – 8.0;
Dureza da Água: Não informada;
Temperatura: Manter entre 22 – 28°C;
Características
Distribuição e Habitat
A Dourada está presente na maior parte das drenagens dos rios Amazonas e Orinoco, além de outros sistemas fluviais importantes nas Guianas e no nordeste do Brasil.
A espécie é encontrada em vários tipos de habitats, embora raramente em afluentes menores, geralmente preferindo canais profundos dos quais viaja por distâncias consideráveis em certas épocas do ano. Assim como muitos outros grandes peixes migratórios do gênero Pimelodidae, essas viagens possuem como destino drenagens de águas claras ricas em nutrientes, ao invés das águas negras e pobres em nutrientes.
Quando o Amazonas começa a subir no início da estação chuvosa, a água doce é empurrada para o delta e as águas salobras normalmente recuam, permitindo que os peixes jovens e adultos de diferentes espécies, incluindo a Dourada, entrem na área e se alimentem de poliquetas, bivalves, crustáceos e outros peixes.
Estes locais de alimentação são explorados até a água do mar retornar, momento em que os bagres começam a migrar rio acima em grande número, subindo o Amazonas e seus afluentes. Indivíduos sexualmente maduros normalmente não são vistos durante estes eventos. Os peixes estão sujeitos a captura intensiva por operações de pesca comercial e artesanal durante este movimento.
Aparência
O peixe Dourada é muito apreciado pelo seu sabor, além de conter pouca gordura. Diferentemente do Dourado que possui escamas, a Dourada é um peixe de couro.
A coloração do peixe é prateada em um corpo claro com reflexos dourados, daí o nome comum. Além disso, ele apresenta longos lobos na nadadeira caudal e barbilhões bem curtos.
A Dourada é um peixe de grande porte, podendo atingir até 1,92 metros de comprimento e pesar cerca de 20 kg.
Alimentação
Piscívora. Na natureza, a Dourada se alimenta praticamente de outros loricarídeos e peixes de fundo, mas a maioria dos espécimes se adapta prontamente aos camarões, mexilhões, lulas, iscas brancas, tiras de peixes brancos e etc.
Os peixes adultos requerem apenas uma única refeição por semana, no máximo.
Temperamento / Comportamento
A Dourada é uma espécie de peixe grande, mas que apresenta comportamento pacífico.
Compatibilidade
Por mais que se alimente de peixes menores, ainda assim a Dourada pode conviver com outras espécies de tamanho semelhante em aquários comunitários.
Dimorfismo Sexual
Não há um dimorfismo sexual evidente na espécie, embora seja possível dizer que os machos atingem a maturidade sexual quando alcançam os 107 de comprimento, enquanto as fêmeas se tornam férteis com cerca de 123 cm.
Acasalamento / Reprodução
Não há registro de reprodução em aquários. Talvez isso não surpreenda, já que esses peixes possuem um complexo ciclo de vida natural.
Na natureza, a desova ocorre em cabeceiras muitas vezes distantes e os alevinos são levados rio abaixo até o delta, um processo que pode levar entre 13 e 20 dias. Os peixes jovens permanecem na região do estuário por cerca de três anos, entrando no delta para se alimentar quando as condições permitem. Então, eles se mudam para as regiões do baixo e médio Amazonas, onde podem permanecer por mais um ano enquanto continuam a se alimentar e crescer.
Após esse período de crescimento, os cardumes de peixes adultos começam a se formar e seguem para as cabeceiras para desovar. Não existe um único local de desova para uma determinada espécie, muito pelo contrário, parece existir populações distintas em diferentes bacias hidrográficas, e existem evidências que sugerem que os indivíduos podem retornar para um afluente específico, geralmente o lugar em que nasceram, para desovar novamente.
Um estudo revelou que o peixe Dourada maduro e sexualmente ativo costuma viver no oeste da Amazônia, sem nenhum indivíduo maduro registrado a leste de Manaus, apesar da intensa pesca comercial existente por lá. Contudo, a distância total percorrida por algumas populações durante a migração do delta pode chegar até 5.500 km, tornando-a a mais longa conhecida em qualquer espécie de peixe de água doce.
Configuração do aquário
Não há tamanho de aquário ideal para a Dourada, pois ela só deve viver na natureza ou em grandes aquários públicos.
Ainda assim, a decoração ideal para um possível aquário para esse peixe pode variar de acordo com a preferência do dono. Você pode adicionar, por exemplo, um cascalho arenoso com alguns troncos ou deixar o ambiente praticamente sem nada.
Por fim, o aquário deve ter condições perfeitas de água, iluminação fraca e um sistema de filtragem extremamente forte e eficiente.
Referências Bibliográficas
Lundberg, J.G. and M.W. Littmann, 2003. Pimelodidae p. 432-446. In R.E. Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil. (Ref. 36506);
Ferraris, C. J., Jr., 2007 – Zootaxa 1418: 1-628
Checklist of catfishes, recent and fossil (Osteichthyes: Siluriformes), and catalogue of siluriform primary types;
M. Petrere Jr., R. B. Barthem, E. A. Córdoba and B. Corrales Gómez, 2004 – Reviews in Fish Biology and Fisheries 14: 403-414
Review of the large catfish fisheries in the upper Amazon and the stock depletion of piraíba (Brachyplatystoma filamentosum Lichtenstein);