Acredita-se que o Blue Point (Eretmodus cyanostictus) seja um dos peixes mais antigos do mundo. Esse lindo ciclídeo não é divertido apenas na aparência, mas também em sua personalidade. No entanto, não é considerado um peixe fácil de cuidar, pois é agressivo e exige condições de água bem específicas para sobreviver.
Na natureza, o Blue Point é encontrado na parte sul do Lago Tanganica, que vai de Kipili, na Tanzânia, até Moliro , na República Democrática do Congo. Ele costuma habitar águas rasas que não ultrapassam os 6 metros de profundidade. Além disso, pode ser visto tanto sozinho quanto em pares, e não costuma ser muito tolerante com outros ciclídeos do gênero.
O Blue Point é um peixe que possui corpo acastanhado bem alongado com nove listras verticais escuras em sua extensão. Essa coloração parece alternar entre barras marrons / pretas mais grossas e barras douradas / cinzas mais finas. Esse peixe ainda possui pontos azuis na metade superior do seu corpo, por isso o nome Blue Point (“Pontos Azuis”, em tradução livre).
Continue lendo o artigo para conhecer um pouco mais sobre as principais características e necessidades da espécie.
Ficha Técnica
Nome: Blue Point, Tanganyika Clown, Striped Goby Cichlid, Tanganyikan Goby Cichlid;
Nome Científico: Eretmodus Cyanostictus (Boulenger, 1898);
Família: Cichlidae;
Origem da Espécie: África (Lago Tanganica);
Comprimento: Até 9 cm;
Expectativa de Vida: Entre 5 – 8 anos;
Nível de Dificuldade: Moderado;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 8.1 – 9.0;
Dureza da água: Entre 12 – 15;
Temperatura: Manter entre 23 – 26°C;
Características
Alimentação
Onívoro. Na natureza, o Blue Point se alimenta de algas e microorganismos que ficam grudados em rochas e seixos. Nos aquários, ele pode ser alimentado com alimentos vivos, congelados ou rações em flocos.
Sobre as rações em flocos, os peixes criados em cativeiro costumam aceitá-las com mais facilidade, embora aqueles capturados na natureza tenham certa dificuldade em comê-las. No entanto, variar o alimento é muito importante para o Blue Point, já que a dieta composta apenas por rações pode causar graves problemas digestivos.
Além disso, você pode fornecer uma boa quantidade de vegetais como, por exemplo, ervilhas sem casca, brócolis ou alface. Fora isso, você ainda pode alimentá-lo com crustáceos, artêmias, larvas ou outros alimentos especiais para ciclídeos do Lago Tanganica.
Procure alimentar o Blue Point de 2 a 5 vezes por dia em pequenas quantidades, pois isso ajuda a manter a qualidade da água por mais tempo.
Temperamento / Comportamento
O Blue Point é considerado um peixe bastante agressivo e, por isso, deve viver sozinho em um aquário. Em alguns casos, quando há a formação de casais, é até possível mantê-los juntos. Mas, na maioria das vezes, é bem provável que eles briguem!
O Blue Point adora nadar na região do fundo do aquário e costuma ser visto em cima de rochas, embora possa nadar na região intermediária vez ou outra.
Compatibilidade
Por mais que o Blue Point seja um peixe bastante agressivo, ainda assim pode conviver com outros ciclídeos que nadam em regiões diferentes do aquário. Na natureza, por exemplo, esse peixe costuma ser um pouco mais tolerante com outras espécies de gobies. Em um aquário, o espaço deverá ser muito grande para comportar outros de sua espécie.
O ideal é que eles sejam mantidos sozinhos ou criados em pares desde cedo, pois assim não serão agressivos uns com os outros.
Caso se sinta ameaçado pelos outros peixes, o Blue Point ficará escondido entre as rochas. Então, procure adicioná-lo apenas com peixes mais tranquilos e evite Mbunas do Lago Malawi.
Espécies dos gêneros Tropheus e Simochromis, podem ser bons companheiros de aquário.
Dimorfismo Sexual
Quando adultos, os machos costumam ser um pouco maiores do que as fêmeas. Além disso, eles parecem ter cabeças maiores e são mais coloridos do que elas.
Acasalamento / Reprodução
É possível reproduzir o Blue Point em cativeiro, embora você precise juntar no mínimo seis peixes jovens para que eles formem pares naturalmente. Comprar apenas um macho e uma fêmea pode ser um problema, pois ele poderá assediá-la até a morte.
Durante o processo de reprodução, a fêmea irá limpar um local no aquário e ficará se exibindo para o macho. Ela colocará apenas 1 ou 2 ovos e imediatamente os pegará pela boca. Então, o macho irá nadar perto da fêmea e liberará seu esperma, que ela colocará em sua boca para fertilizar os ovos. Ela fará isso várias vezes até que cerca de 10 – 30 ovos sejam produzidos. O número depende da idade e da alimentação do animal.
A fêmea irá carregar os ovos até a eclosão e depois irá cuspir 1 ou 2 alevinos de cada vez no local de desova original. Então, o macho leva os filhotes à boca por mais 9 – 16 dias. Se ele estiver em um aquário comunitário, deverá ser removido. Em um aquário onde haja apenas espécies do gênero, ambos os pais podem ser deixados com os filhotes.
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O macho soltará os filhotes durante à noite, deixando-os apenas alguns de cada vez em diferentes áreas, esperando que eles encontrem esconderijos por conta própria. Se um filhote não procurar abrigo, por exemplo, o macho o pegará de volta antes de seguir em frente.
Retire a fêmea do aquário caso perceba que o macho esteja muito agressivo com ela.
Forneça esconderijos formados com conchas, rochas, seixos para que os alevinos possam se esconder depois de serem soltos. Alimente-os com náuplios de artêmias e rações em flocos enriquecidas com spirulina, mas lembre-se de triturá-las para que eles consigam comer.
Os filhotes dobrarão de tamanho em cerca de 6 semanas. Em 4 – 5 meses, eles terão cerca de 3 cm de comprimento e estarão sexualmente ativos entre o 10° e o 14° mês após o macho soltá-los.
Configuração do aquário
O aquário precisa ter no mínimo 114 litros para um casal dessa espécie. Caso queira mantê-los em ambientes comunitários, o ideal é que ele contenha no mínimo 280 litros.
O Blue Point gosta de nadar na região do fundo do aquário. Embora seja um ciclídeo pequeno, ainda assim precisa de um espaço adequado para viver. Portanto, além de um ambiente espaçoso, adicione um bom fluxo de água ao aquário, pois ele é um peixe que prefere ambientes com níveis altos de oxigênio. O Lago Tanganica é um local muito rico em oxigênio e, na natureza, esse ciclídeo costuma viver próximo da costa, onde geralmente há uma quantidade maior do gás dissolvido na água.
A melhor configuração para esse peixe é um aquário com vários sistemas de cavernas que chegam quase à superfície, formadas com rochas ou vasos. Embora eles habitem as partes inferiores do aquário, isso fornece um refúgio maior para a fêmea quando o macho estiver mais agressivo.
Por fim, posicionar o aquário próximo da luz solar natural ajudará a incentivar o crescimento de algas, o que pode trazer alimento mais natural para esses peixes.
Referências Bibliográficas
Konings, A., 1998. Tanganyika cichlids in their natural habitat. Cichlid Press. 272 p. (Ref. 46829)