O Julie Convicto (Julidochromis regani) é um lindo ciclídeo de corpo alongado, fino e de temperamento bastante tranquilo. Há algumas variedades de cores desses peixes disponíveis no hobby, e todas elas são realmente muito atraentes.
Na natureza, o Julie Convicto pode ser encontrado no Lago Tanganica, na África, onde costuma viver tanto em águas abertas quanto em áreas rochosas, em profundidades que podem chegar até 11 metros. A espécie forma pares monogâmicos, embora esse vínculo possa ser quebrado com os peixes menores sendo expulsos ou até mesmo mortos. Além disso, ele se alimenta de algas e pequenos invertebrados que vivem nas rochas e no substrato.
Continue lendo o artigo para conhecer as principais características e necessidades do Julie Convicto.
Ficha Técnica do Julie Convicto
Nome: Julie Convicto, Convict Julie, Striped Julie, Four-Stripe Julie, Giant Julie, Regani;
Nome Científico: Julidochromis regani (Poll, 1942);
Família: Cichlidae;
Origem da Espécie: África (Lago Tanganica);
Comprimento: Até 13 cm;
Expectativa de Vida: Até 10 anos;
Nível de Dificuldade: Fácil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 8.5 – 9.2;
Dureza da água: Entre 8 – 14;
Temperatura: Manter entre 22 – 25°C;
Características
Aparência
O Julie Convicto é um peixe fino, alongado e que possui formato cilíndrico, com uma barbatana dorsal contínua e barbatana caudal em forma de leque. Na natureza, esse peixe pode atingir até 30 cm, mas em um aquário não costuma ultrapassar os 13 cm. Além disso, ele pode viver até 10 anos com os devidos cuidados.
A espécie possui um bom contraste de três a quatro linhas acastanhadas em seu corpo, dependendo da variedade. Alguns deles possuem um lindo amarelo na barriga e nas nadadeiras peitorais, e suas barbatanas dorsal e caudal são geralmente azuladas. Esse peixe é bastante parecido com o Julie Dourado, mas geralmente seu corpo é mais alongado.
Existem algumas pequenas diferenças no Julie Convicto dependendo da região onde ele é encontrado no Lago Tanganica, abaixo listarei algumas delas:
Julidochromis regani “Kachese”
Esta variedade possui quatro ou cinco linhas horizontais pretas em negrito, alternadas com linhas amarelas claras e uma cauda marmorizada. As linhas escuras percorrem todo o corpo e o rosto do peixe.
Julidochromis regani “Kipili”
A variedade “kipili” possui menos linhas horizontais no corpo. Ele possui três linhas pretas finas na parte superior definidas em um fundo de coloração creme ou amarelo. A linha do meio do corpo se estende do olho até o início da nadadeira caudal.
As barbatanas anal e pélvica são de um amarelo pálido perto do corpo, depois desbotam para o azul. O rosto geralmente possui linhas que vão da parte de cima até a parte de baixo.
Julidochromis regani “Gombi”
O “Gombi” parece bem diferente. Ele possui o corpo marrom escuro a preto marcado com manchas ou faixas irregulares. Suas barbatanas são delineadas em azul claro com uma “ponta” preta nas pontas. Além disso, há manchas acinzentadas na cabeça e uma linha horizontal de mesma cor pelas guelras passando pelos olhos, sobre o nariz e voltando para o outro lado da cabeça.
Julidochromis regani “Kigoma”
Esta variedade possui quatro ou cinco linhas horizontais pretas muito grossas sobre um fundo de coloração creme.
Julidochromis regani “Zambia Gold” ou “Sumbu Gold”
Essa variedade do J. regani têm quatro linhas horizontais pretas sobre um fundo amarelo.
Julidochromis regani “Burundi”
O “Burundi” apresenta quatro linhas horizontais escuras e bem largas sobre um fundo de cor creme.
Alimentação
Onívoro. Na natureza, o Julie Convicto se alimenta de algas e pequenos invertebrados que habitam rochas e o substrato. Em um aquário, ele geralmente aceita todos os tipos de alimentos, incluindo os vivos, liofilizados e rações em flocos.
Para manter um bom equilíbrio em sua dieta, eu recomendo que você forneça uma ração em flocos ou pellets de alta qualidade todos os dias. A alimentação do peixe pode ser suplementada com artêmias, camarões mysis ou quaisquer outros tipos de alimentos especiais para ciclídeos do Lago Tanganica.
Procure alimentar o Julie Convicto com 2 ou até no máximo 5 pequenas porções de alimento por dia, ao invés de fornecer uma única refeição grande. Isso ajuda a manter a qualidade da água boa por mais tempo.
Abaixo, separei algumas das principais rações disponíveis para o Julie Convicto. Então, caso queira adquiri-las, basta clicar em seus respectivos links:
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Temperamento / Comportamento
O Julie Convicto pode ser mantido sozinho, em pares ou até mesmo em grupos em aquários grandes. A espécie é considerada pacífica, mas sempre há uma chance dela se comportar de forma agressiva se não tiver espaço suficiente ou caso se sinta ameaçada.
Esses peixes gostam de nadar na região do meio e inferior do aquário, onde passam a maior parte do tempo vasculhando o substrato e as rochas em busca de algas e pequenos invertebrados para se alimentar.
Compatibilidade
O Julie Convicto pode viver em aquários comunitários com outros ciclídeos do Lago Tanganica que possuam tamanho similar. Ele irá se dar bem com espécies de Altolamprologus, como o Compressiceps e também com Cyprichromis, como o Ciclídeo Sardinha.
Dimorfismo Sexual
Pode ser um pouco difícil diferenciar o macho e a fêmea do Julie Convicto, mas os machos geralmente são aqueles que ficam vigiando o território. A papila genital dos machos é mais extensa e pontiaguda do que a das fêmeas. Por outro lado, as fêmeas também são maiores do que os machos.
Acasalamento / Reprodução
A reprodução do Julie Convicto é fácil, embora o aquarista precise ter paciência. Eu recomendo que você adquira um grupo de peixes jovens e deixe que eles formem pares e acasalem naturalmente. Depois que um par se forma (isso pode levar cerca de 1 ano ou mais), você pode remover os outros peixes, pois o par permanecerá junto por toda a vida.
Infelizmente, comprar um macho e uma fêmea não garante que você terá um par, e muitas vezes isso pode resultar em agressões e até mesmo na morte da fêmea.
Caso obtenha sucesso na formação do casal, eles irão desovar secretamente em cavernas, com a fêmea colocando até 300 ovos espalhados na parede ou no teto delas. Muitas vezes, é difícil dizer se eles desovaram até que os filhotes sejam vistos. Após a desova, a fêmea cuidará dos ovos enquanto o macho ficará responsável por guardar o território da caverna. Uma vez que os filhotes eclodem, você pode remover os pais, embora não causem problemas.
Os alevinos nascem com um saco vitelino e você não precisará alimentá-los enquanto ainda estiverem com ele. Assim que o saco vitelino desaparecer, você poderá alimentá-los com náuplios de artêmias.
O cuidado com a ninhada é bastante duradouro e os pais podem permanecer com os filhotes até que eles atinjam cerca de 3 cm, momento em que devem ser removidos, pois os adultos podem se voltar contra eles.
Os adultos podem desovar novamente enquanto a ninhada ainda está no aquário. Curiosamente, durante o período em que a fêmea está cuidando dos filhotes, às vezes ela se torna o peixe dominante.
Configuração do aquário
O aquário precisa ter no mínimo 76 litros para um único peixe, mas caso queira ter um casal ou um ambiente comunitário, o recomendado é cerca de 200 litros.
Por ser um peixe endêmico do Lago Tanganica, um local rico em oxigênio, você precisará fornecer uma filtragem forte e eficiente. Uma coisa interessante sobre os ciclídeos do Lago Tanganica é que eles são bem adaptáveis, desde que as condições da água estejam próximas das faixas ideais.
Em relação a decoração, você pode adicionar um substrato arenoso ou de cascalho bem fino, além de muitas rochas para criar cavernas e fendas para incentivar a reprodução.
O Julie Convicto não costuma ligar muito para as plantas, mas há algumas espécies bem interessantes que podem ser adicionadas em seu aquário, confira aqui!
Referências Bibliográficas
Maréchal, C. and M. Poll, 1991. Julidochromis. p. 202-205. In J. Daget, J.-P. Gosse, G.G. Teugels and D.F.E. Thys van Audenaerde (eds.) Check-list of the freshwater fishes of Africa (CLOFFA). ISNB, Brussels; MRAC, Tervuren; and ORSTOM, Paris. Vol. 4. (Ref. 5651);
Peter Bredell, Frank Schneidewind, Lake Tanganyika Cichlids, How to keep successfully and enjoy these exceptional fish, Interpet Publishing , 2002;
Paul V. Loiselle (1982), “African Dwarf Cichlids, the Lake Tanganyikan Species: Part One”, The Cichlid Room Companion, Ohio Cichlid Association