O Leleupi (Neolamprologus leleupi) é um dos mais famosos ciclídeos do Lago Tanganica disponíveis no hobby de aquarismo. A espécie possui cores muito vibrantes, é relativamente pacífica e não precisa de aquários grandes para prosperar.
Na natureza, o Leleupi pode ser encontrado na metade sul e ao longo de toda a costa leste do Lago Tanganica, na África. Esse peixe pode ser visto tanto na superfície quanto em águas mais profundas, mas gosta de viver ao longo das costas rochosas do lado leste e oeste em profundidades que variam entre 5 e 40 metros. Além disso, ele se alimenta de pequenos invertebrados encontrados na biocobertura de rochas e do substrato como, por exemplo, organismos zoobenctônicos, insetos aquáticos e copépodes.
Continue lendo o artigo para conhecer as principais características e necessidades do Leleupi.
Ficha Técnica do Leleupi
Nome: Leleupi, Orange Leleupi Cichlid, Gold Leleupi Cichlid;
Nome Científico: Neolamprologus leleupi (Poll, 1956);
Família: Cichlidae;
Origem da Espécie: África (Lago Tanganica);
Comprimento: Até 10 cm;
Expectativa de Vida: Entre 8 e 10 anos;
Nível de Dificuldade: Moderado;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 7.5 – 9.0;
Dureza da água: Entre 8 – 25;
Temperatura: Manter entre 22 – 27°C;
Características
Aparência
O Leleupi possui corpo alongado com uma barbatana dorsal contínua, uma barbatana caudal em forma de leque e grandes lábios. Os machos podem atingir até 10 cm de comprimento, embora possam crescer perto dos 12 cm em um aquário. Normalmente, as fêmeas são menores, atingindo até no máximo 9 cm. A espécie pode viver de 8 a 10 anos com os devidos cuidados.
Esses peixes variam bastante de cor dependendo da região em que são capturados. A cor mais comum vista é o amarelo brilhante ou um laranja avermelhado, embora também possa ser visto na cor marrom escuro.
O Leleupi possui uma fina linha azul ou esverdeada acima dos lábios que vai até logo abaixo do olho, e os olhos são azuis claros. Existem variações naturais de intensidade e tonalidade, mas no aquário sua cor depende muito de sua dieta e de seu ambiente. Por exemplo, os peixes mantidos em substratos mais escuros terão cores mais escuras de aspecto lamacento.
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Alimentação
Carnívoro. Na natureza, o Leleupi se alimenta de organismos zoobentônicos, insetos aquáticos e copépodes. Por ser um animal carnívoro, sua dieta deve ser rica em alimentos proteicos.
Para manter um bom equilíbrio em sua dieta, eu recomendo que você forneça uma ração em flocos ou pellets de alta qualidade todos os dias. Suplemente regularmente com artêmias vivas ou congeladas, assim como também com dáfnias. Alimentos ricos em caroteno, como camarões mysis, ajudam a realçar suas cores.
Procure alimentar o Leleupi com duas ou até no máximo cinco pequenas porções de alimento por dia. Evite alimentá-lo com uma grande quantidade de comida de uma só vez, pois isso acaba prejudicando a qualidade da água.
Realizar um “jejum” de um dia por semana também pode ser benéfico para o peixe, pois ajuda a limpar seu trato intestinal.
Abaixo, confira algumas das principais rações disponíveis para o Ciclídeo Leleupi:
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Temperamento / Comportamento
Embora seja considerado um peixe muito pacífico, o Leleupi pode se tornar um pouco agressivo com outros de sua própria espécie. Na natureza, ele geralmente é encontrado sozinho ou em pares, e só se junta para fins reprodutivos.
Os irmãos mais novos de um casal de desova geralmente se dão bem, mas outros não serão tolerados. Para manter vários, ou para mantê-los em um aquário comunitário, você precisará de bastante espaço.
Compatibilidade
O Leleupi não é um peixe agressivo, mas deve ser mantido em ambientes com outras espécies pequenas. Abaixo, confira alguns dos principais peixes compatíveis com o Leleupi:
- Gênero Julidochromis;
- Gênero Altolamprologus;
- Gênero Synodontis;
Eu evitaria manter esse peixe com ciclídeos africanos do Lago Malawi ou do Lago Vitória (Victoria Nyanza).
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Dimorfismo Sexual
Embora seja difícil sexar o Leleupi, o macho possui um corpo mais cheio, uma cabeça maior e muitas vezes uma protuberância craniana. A nadadeira pélvica do macho é um pouco mais longa do que a da fêmea.
Acasalamento / Reprodução
O Leleupi desova no teto de cavernas. Ao procriar, ele formará pares monogâmicos e uma família nuclear, mas apenas enquanto cuidam dos filhotes. A fêmea costuma ficar vigiando a ninhada enquanto o macho defende o território. Há relatos de que esse peixe muda para poligamia em cativeiro, mas não pude confirmar.
A desova do Leleupi ocorre facilmente. Comece com 6 ou mais peixes jovens e deixe-os formar pares. Depois que um par se formar, transfira-os para um aquário de 70 litros com algumas rochas ou outra decoração que possa criar cavernas e possíveis locais de desova. O aquário de reprodução deve ter água ligeiramente alcalina, de dureza média a dura, com um pH de cerca de 7,5 – 8,0, 10 – 15° dGH e temperatura que fique na faixa de 25 – 30°C.
As cavernas desse aquário de reprodução devem ter uma pequena abertura, mas que seja grande o suficiente para que uma fêmea possa entrar. Caso não haja abrigos o suficiente, o macho poderá matar a fêmea se ela não estiver pronta para desovar. Agora, se eles começarem a cavar ao redor da decoração indica que estão começando a se reproduzir. Uma troca parcial de água de 50% pode ajudar a estimular a desova.
As fêmeas normalmente depositam entre 50 e 150 ovos nos tetos de cavernas e o macho os fertiliza rapidamente. Ela ficará grande parte do tempo escondida vigiando os ovos enquanto o macho defende o local de desova.
Os ovos eclodem em 4 dias e ambos os pais os defenderão. Os alevinos que começarem a nadar livremente podem ser alimentados com náuplios de artêmias e rações em flocos trituradas.
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Configuração do aquário
O aquário precisa ter no mínimo 76 litros para um único exemplar ou um casal da espécie.
O Leleupi é um nadador bastante ativo e irá nadar em todas as áreas do aquário. O Lago Tanganica é um local muito rico em oxigênio, portanto, a filtragem desse aquário deve ser forte e eficiente.
Verifique regularmente os nitratos e o pH, os nitratos não devem estar acima de 25 ppm e o pH não pode ficar abaixo de 7. Além disso, fique de olho na dureza total e na dureza carbonatada. Evite a superalimentação e o excesso de peixes.
Adicione no aquário um substrato arenoso de pequena granulação, mas de preferência claro, pois isso ajuda a realçar ainda mais suas cores. Em um ambiente escuro, o Leleupi tende a escurecer e ficar com uma aparência lamacenta.
Você pode usar aragonita ou corais triturados para criar o ambiente perfeito para esses peixes. Além disso, capriche nas decorações, adicionando rochas e quaisquer outros objetos que possam formar cavernas. As plantas vivas não são essenciais, embora eles não sem incomodem com elas.
Referências Bibliográficas
Maréchal, C. and M. Poll, 1991. Neolamprologus. p. 274-294. In J. Daget, J.-P. Gosse, G.G. Teugels and D.F.E. Thys van den Audenaerde (eds.) Check-list of the freshwater fishes of Africa (CLOFFA). ISNB, Brussels; MRAC, Tervuren; and ORSTOM, Paris. Vol. 4. (Ref. 5667);
Rhett Butler, “Cichlids – Lake Tanganyika”, Mongabay.com, Referenced online, 2007;
Peter Bredell, Frank Schneidewind, Lake Tanganyika Cichlids, How to keep successfully and enjoy these exceptional fish, Interpet Publishing , 2002;
George Zurlo, David Schleser, Cichlids (Complete Pet Owner’s Manual), Barron’s Education Series, 2005;