O Mandi Chorão (Pimelodus maculatus), conhecido popularmente também como Mandi Amarelo, é um peixe de couro relativamente fácil de cuidar, embora precise de aquários grandes para prosperar.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Mandi Chorão. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica do Mandi Chorão
Nome: Mandi Chorão, Mandiuva, Mandi Pintado, Mandi Amarelo, Bagre Pintado, Surubim-Bagre;
Nome Científico: Pimelodus maculatus (Lacepède, 1803);
Família: Pimelodidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Nativo das bacias dos rios Paraná e São Francisco);
Comprimento: Até 51 cm (comum: 36 cm);
Expectativa de Vida: Mais de 8 anos;
Nível de Dificuldade: Moderado;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.8 – 7.8;
Dureza da água: Entre 5 – 20;
Temperatura: Manter entre 20 – 24°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Mandi Chorão é nativo das bacias dos rios Paraná e São Francisco, no Brasil e Argentina. No entanto, a espécie habita praticamente todas as bacias hidrográficas brasileiras, onde costuma viver em locais de águas rasas e correntes sobre substratos arenosos ou lamacentos, incluindo os principais canais de rios e afluentes.
Além disso, esse peixe habita poças e pequenos lagos deixados para trás quando as águas baixam no final da estação chuvosa.
Aparência
O Mandi Chorão é um peixe de couro com corpo alongado e ligeiramente comprimido, que vai se afunilando em direção à cabeça e a nadadeira caudal. Sua cabeça é cônica e seus olhos ficam situados nas laterais. Além disso, ele possui uma nadadeira caudal bifurcada e inúmeros barbilhões ao redor da boca, sendo que os barbilhões maxilares ultrapassam a metade do corpo.
A coloração do Mandi Chorão é de um tom pardo na região dorsal, passando para um amarelo nos flancos e branco no ventre. Ele também apresenta de três a cinco séries de grandes manchas escuras ao longo do corpo e pintas nas nadadeiras.
Bastante apreciado na culinária, a pesca do Mandi Chorão não exige muita técnica e pode trazer bastante diversão.
Tome cuidado ao capturar qualquer peixe do gênero Pimelodus. Esses peixes possuem espinhos peitorais e dorsais muito rígidos, que podem facilmente se prender na malha de uma rede no aquário. Além disso, se espetar com os espinhos desses peixes não é uma boa ideia. A sensação é algo semelhante a ser picado por uma abelha ou vespa, uma dor aguda inicial seguida de inchaço e algumas sensações latejantes.
A toxina responsável não é realmente injetada na pele, mas está contida em um muco que reveste a nadadeira. Embora essas “picadas” sejam essencialmente inofensivas, elas certamente causam dor e você deve evitar isso ao máximo. Ao tentar mover o peixe de lugar, procure fazer isso utilizando um pote, ao invés de uma rede.
Curiosidade: O Mandi Chorão possui esse nome pois emite um som parecido com um choro quando está fora d’água.
Alimentação
Onívoro. Na natureza, o Mandi Chorão se alimenta basicamente de pequenos invertebrados aquáticos.
A espécie é muito fácil de alimentar, embora possa ser necessário adicionar comida durante à noite até que os peixes se aclimatem ao ambiente. Em um aquário, ele irá aceitar quaisquer tipos de alimentos, incluindo os alimentos vivos, liofilizados e congelados.
Você pode fornecer, por exemplo, tubifex ou bloodworms, além de uma ração de alta qualidade todos os dias.
Tome cuidado apenas para não superalimentar o Mandi Chorão, pois ele é o tipo de peixe que come até não aguentar mais, terminando com um estômago extremamente distendido. Ele realmente só precisa comer a cada um ou dois dias quando atinge a fase adulta.
A resposta alimentar de um grupo desses peixes é realmente algo legal de ser apreciado, uma vez que eles sentem o “cheiro” da comida na água, alcançando-a rapidamente de forma frenética.
Temperamento / Comportamento
Embora seja um peixe que sobreviva sozinho, o Mandi Anão deve estar na companhia de outros peixes da espécie para ficar mais ativo e brincalhão. Caso seja mantido sozinho, ele tende a ficar escondido durante o dia, emergindo apenas após as luzes do aquário se apagarem.
Compatibilidade
O Mandi Chorão pode viver em aquários comunitários sem maiores problemas, mas você deve evitar adicionar peixes pequenos, pois certamente serão comidos. Além disso, você também deve evitar espécies de grande porte, pois elas podem tentar comer o Mandi e acabar ficando com ele engasgado por conta de seus espinhos venenosos, causando a morte de ambos os animais.
Procure adicioná-lo com espécies mais robustas e ativas, pois elas serão as melhores escolhas para o Mandi Chorão. Peixes Arco-íris, caracídeos de tamanho médio e grande, assim como também ciprinídeos e outros bagres (loricarídeos ou doradídeos) são boas opções.
Dimorfismo Sexual
Não há muitas informações relevantes sobre as diferenças sexuais entre o macho e a fêmea do Mandi Chorão, embora as fêmeas adultas pareçam maiores do que os machos.
Acasalamento / Reprodução
Não há relatos de reprodução do Mandi Chorão em cativeiro. Na natureza, sabe-se que esse peixe realiza migrações, percorrendo grandes distâncias rio acima durante a estação chuvosa para desovar. Portanto, simular as mudanças na química da água e nos arredores para simular a migração seria algo realmente impossível em um aquário.
Configuração do aquário
O aquário para um único exemplar ou um grupo pequeno de Mandi Chorão deve ter no mínimo 453 litros.
Essa espécie vive melhor em ambientes pouco iluminados com bastante espaço para nadar e alguns esconderijos para se esconder. Você não o verá se mover muito em um ambiente com iluminação forte, exceto talvez na hora de comer.
Assim como acontece com inúmeros outros bagres, você deve adicionar um substrato de areia bem fina. A adição de algumas raízes, galhos e troncos, assim como também de rochas arredondadas e lisas podem ajudar a simular um pouco o habitat natural do peixe.
As plantas podem fazer parte da montagem, embora você precise colocar espécies resistentes para evitar problemas.
A filtragem do aquário deve ser forte e eficiente, de preferência com uma boa quantidade de fluxo. É essencial um regime rigoroso de manutenção, pois assim como acontece com outros peixes da família Pimelodidae, O Mandi Anão necessita de excelentes condições de água para prosperar.
Referências Bibliográficas
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