O Pacu Caranha (Piaractus mesopotamicus) é um peixe de água doce muito famoso por sua carne extremamente saborosa. Infelizmente, a espécie não é considerada um peixe ornamental, já que é muito mais apreciada na pesca esportiva e na culinária.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Pacu Caranha. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, assim como também processos de reprodução, distribuição e habitat.
Ficha Técnica do Pacu Caranha
Nome: Pacu Caranha, Pacuguaçu;
Nome Científico: Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887);
Família: Serrasalmidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai); Espécie introduzida nas bacias do São Francisco e do Araguaia-Tocantins;
Comprimento: Até 70 cm (comum: 40,5 cm);
Expectativa de Vida: Mais de 10 anos;
Nível de Dificuldade: Difícil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.0 – 8.0;
Dureza da água: Indiferente;
Temperatura: Manter entre 22 – 28°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Pacu Caranha é um peixe originário principalmente do Rio Paraguai e Paraná, onde ocorre desde a província de Entre Rios na Argentina até a represa de Itaipu. No entanto, devido a excelente qualidade da carne, ele foi introduzido em vários cursos de água na região sudeste e nordeste do Brasil.
Na natureza, o Pacu Caranha habita rios e lagoas nas épocas de cheia.
Aparência
O Pacu Caranha possui o corpo com inúmeras escamas pequenas. A coloração do peixe é cinza-escuro, no dorso, e amarelo-dourado, no ventre, mas essas cores podem variar dependendo do ambiente.
A espécie possui corpo comprimido, alto e em formato de disco, apresentando uma quilha ventral com espinhos, cujo número pode variar de 6 a 70. Os dentes desse peixe são molariformes.
O Pacu Caranha possui a carne muito saborosa e, por isso, costuma ser um animal muito pescado. Além disso, a espécie vem sendo muito utilizada na piscicultura e para a formação do híbrido Tambacu em cruzamento com o Tambaqui. Ele pode alcançar até 70 centímetros de comprimento e pesar cerca de 20 kg.
Tambacu: Híbrido entre o Tambaqui (Colossoma macropomus) e o Pacu Caranha. Foi criado para combinar o tamanho do Tambaqui com a resistência ao frio do Pacu.
O Pacu Caranha apresenta cor negra quando encontrado em rios do Pantanal de águas cristalinas. No entanto, os espécimes encontrados no Rio Aquidauana são mais claros.
Alimentação
Onívoro. O Pacu Caranha possui uma tendência herbívora. Isso significa que ele gosta de comer frutos, sementes, bem como algas, folhas e, raramente, peixes, moluscos e crustáceos.
Temperamento / Comportamento
O comportamento do Pacu Caranha pode variar dependendo do espécime. Alguns, por exemplo, se tornam agressivos à medida que vão ficando mais velhos, enquanto outros podem apresentar um comportamento mais tranquilo.
Compatibilidade
O Pacu Caranha pode mordiscar peixes mais lentos ou que possuam hábitos sedentários. Além disso, ele pode até mesmo tirar pedaços de carnes ou escamas de outros peixes quando atinge a fase adulta.
Por isso, a espécie só deve ser mantida com outros peixes de grande porte.
Dimorfismo Sexual
Diferenciar o macho e a fêmea do Pacu Caranha não é uma tarefa muito difícil, pois basta observar a nadadeira anal do peixe. As fêmeas possuem a nadadeira anal emarginada, enquanto no macho ela é bilobada.
Acasalamento / Reprodução
Ovíparo. O Pacu Caranha realiza longas migrações rio acima para se reproduzir, movimento esse conhecido como Piracema. A reprodução desse peixe é bem parecida com a de muitos outros caracídeos, pois a fêmea libera os ovos na água e o macho nada em volta fertilizando-os.
A eclosão dos ovos ocorre em algumas horas quando mantidos em temperaturas elevadas. Então, após cerca de dois ou três dias da eclosão, os filhotes já terão consumido seus sacos vitelinos e começarão a nadar livremente.
Não há nenhum cuidado parental.
Configuração do aquário
O Pacu Caranha não é considerado um peixe ornamental, já que é muito mais apreciado na pesca e no consumo humano. Preferencialmente, ele deve ser criado em grandes tanques ou lagos, pois é muito ativo e pode ficar bem grande.
Contudo, se você optar por criar o Pacu Caranha em um aquário, tenha em mente que ele deve ter no mínimo 1000 litros para comportar um único exemplar.
Referências Bibliográficas
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