O Peixe Lápis Anão (Nannostomus marginatus) é um pequeno peixe de água doce considerado bastante fácil de manter em aquários, mas que possui desafios enormes em relação a reprodução em cativeiro. Por conta disso, a espécie não é tão popular no aquarismo. Hoje em dia, eles raramente são encontrados em aquários, embora seja um peixe ideal para manter em ambientes pequenos.
Essa espécie de Peixe Lápis é amplamente difundida na Guiana e Suriname, além da bacia amazônica e leste das montanhas dos Andes no Peru e Colômbia. Esses peixes habitam afluentes pequenos com fluxo de água lento, assim como também áreas pantanosas repletas de vegetação aquática ou estruturas como galhos, raízes e troncos. O Peixe Lápis Anão é encontrado vivendo em áreas de florestas inundadas e várzeas em regiões de águas escuras.
Além disso, esse peixe é um dos menores e mais impressionantes representantes de seu gênero. Ele possui corpo esguio e alongado, boca pequena e olhos bem grandes. Sua barbatana caudal é transparente, enquanto a barbatana peitoral, anal e dorsal possui cores variadas dependendo do espécime.
Uma das características mais interessantes desses peixes é sua coloração noturna. Em alguns espécimes, por exemplo, a coloração pode mudar drasticamente quando chega a noite. As listras do peixe ficam mais pálidas durante essa hora do dia, e suas listras centrais ficam tracejadas ao invés de uma linha completa.
Continue lendo o artigo para conhecer as principais características e necessidades da espécie.
Ficha Técnica
Nome: Peixe Lápis Anão, Dwarf Pencilfish;
Nome Científico: Nannostomus marginatus (Eigenmann, 1909);
Família: Lebiasinidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Bacia do Rio Amazonas, Colômbia ao leste dos Andes, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Brasil;
Comprimento: Até 3,5 cm;
Expectativa de Vida: Entre 2 e 5 anos;
Nível de Dificuldade: Fácil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 5.8 – 7.5;
Dureza da água: Entre 4 – 7;
Temperatura: Manter entre 24 – 26°C;
Características
Alimentação
Onívoro. O Peixe Lápis Anão possui a boca bem pequena; portanto, ele irá preferir se alimentar de pequenos invertebrados como dáfnias e artêmias. Eles também se alimentam de tubifex e bloodworms, tanto vivos quanto congelados.
No entanto, eu recomendo que você não utilize alimentos vivos ou congelados, pois eles não podem satisfazer todas as necessidades alimentares desses peixes e, por isso, podem acabar trazendo doenças para o aquário.
Uma boa opção é alimentá-los com rações de alta qualidade, com nutrientes balanceados e, acima de tudo, que contenham vitaminas e aditivos que influenciam na coloração, sistema digestivo e imunidade.
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Temperamento / Comportamento
O Peixe Lápis Anão é considerado um peixe fácil de manter em aquários e possui comportamento pacífico. No entanto, você deve procurar manter um grupo relativamente grande desses peixes. O ideal é que o aquário possua cerca de 10 exemplares da espécie.
Os machos dominantes podem brigar uns com os outros de vez em quando, mas desde que o aquário possua muitos esconderijos e barreiras visuais para eles se refugiarem, nenhum dano grave deve ocorrer.
Além disso, manter um número maior de fêmeas do que machos ajudará a reduzir quaisquer problemas relacionados à agressividade.
Em um aquário, o Peixe Lápis Anão costuma nadar em grupos nas camadas superiores. Eles se movem como pequenos torpedos e ao procurarem por comida, se espalham mas logo se agrupam novamente.
Compatibilidade
Você pode adicionar o Peixe Lápis Anão com uma variedade enorme de outras espécies. Esses peixes não são agressivos e vivem bem em aquários comunitários.
Alguns bons companheiros incluem por exemplo, Tetra Neon, Tetra Fantasma, Tetra Cardinal, Tanictis, Rodóstomo, Barbo Cereja, Guppy, Rasbora Arlequim e Plati. Além disso, você pode colocá-los também com coridoras, limpa vidro e cascudos.
Muitos outros peixes tropicais de tamanho adequado e com parâmetros de água parecidos serão bons companheiros para o Peixe Lápis Anão. Evite apenas espécies muito maiores do que eles, pois como são animais pequenos, podem acabar virando refeição.
Dimorfismo Sexual
O dimorfismo sexual do Peixe Lápis Anão é pouco visível, ainda mais se levarmos em consideração espécimes mais jovens. Os machos, por exemplo, são um pouco menores do que as fêmeas e possuem coloração mais intensa, abdômen e nadadeira anal mais arredondada.
A nadadeira anal das fêmeas não é arredondada, e sua extremidade é completamente transparente, podendo ser vista apenas sob um exame minucioso. Ainda assim, uma fêmea reprodutiva pode ser identificada quando há um macho perseguindo-a.
A fêmea também possui a faixa lateral inferior preta mais contrastante, enquanto o macho a têm mais curta, de cor mais pálida, e às vezes alguns deles nem possuem essa faixa.
Para definir o sexo dos peixes, você não deve confiar apenas nessas características, pois algumas fêmeas também têm a terceira faixa pouco visível e, ao mesmo tempo, existem machos com essa faixa bem visível.
Reprodução / Acasalamento
O Peixe Lápis Anão desova durante o ano todo. A criação do peixe em geral é semelhante à criação de outros representantes do gênero.
Infelizmente, a reprodução desses peixes é bastante difícil em aquários, pois eles põem poucos ovos e os comem rapidamente. Na natureza, uma única fêmea pode colocar centenas de ovos, mas até o final da desova, não irá restar muito da ninhada. Portanto, caso queira salvar algum filhote, terá que tomar algumas medidas drásticas!
Monte um aquário de reprodução e adicione no fundo uma boa camada de musgo de java. Fique sabendo que ainda não há uma maneira eficiente de salvar os alevinos e, por isso, conseguindo salvar de 20 a 30 filhotes já está de bom tamanho.
O nível de água do aquário de reprodução não deve exceder os 10 centímetros, já que isso vai permitir que os ovos caiam sob o musgo antes de serem comidos pelos peixes. A iluminação do aquário deve ser fraca e dispersa.
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Encontrar um casal reprodutor pode ser um desafio, mas uma vez que você tenha peixes em aquários comunitários e eles já tenham tentado desovar alguma vez, pode ter certeza que tentarão no aquário de reprodução.
Contudo, antes da desova, machos e fêmeas devem ser mantidos separados por 14 dias com uma alimentação diversificada. Durante esse tempo, você deve condicioná-los em água mole.
Os peixes reprodutores são colocados para desovar à noite e, pela manhã, geralmente começam a botar os ovos. Durante a desova, o macho persegue a fêmea de forma bastante ativa, mas não faz mal nenhum a ela. No entanto, esse processo pode durar vários dias.
A fêmea coloca ovos minúsculos. Mas quando entram em contato com a água, incham e ficam bem maiores. Depois de colocá-los, a fêmea se vira para comê-los imediatamente. Os machos também fazem isso, mas com menos frequência.
Por esta razão, uma vez que eles tenham desovado, você deve retirar os adultos do aquário.
Dependendo da temperatura da água, o tempo de incubação dos ovos é de 30 a 50 horas. Em água mole, por exemplo, no terceiro dia, as larvas eclodem, mas como eles têm medo da luz, o aquário deve ser coberto ou ficar em local escuro.
As larvas são pequenas bolinhas transparentes com caudas que ficam por dois dias no fundo. Contudo, no terceiro dia, eles se movem para as paredes do aquário.
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Acima de tudo, ao contrário das larvas de outros peixes, elas começam a adquirir sua coloração ainda nesta fase de desenvolvimento, o que as tornam bem visíveis para o observador atento. Durante esse período, elas têm um grande saco vitelino, alimentando-se dele pelos próximos dias. Depois que o saco vitelino é consumido, as larvas se transformam em pequenos alevinos.
Alimentar os filhotes é fácil, mas como eles são lentos, a quantidade de comida no aquário deve ser monitorada. Os filhotes se alimentam durante todo o dia, comendo tudo aquilo que você puder colocar para eles. Então, em cerca de 3 – 4 dias, você pode adicionar náuplios de artêmias em sua dieta.
No início, eles irão crescer bem devagar, mas quando atingirem cerca de 1,5 centímetros de comprimento, começam a crescer mais rápido. Aos 2 meses de idade, os peixes mais jovens têm geralmente 22 – 25 milímetros de comprimento.
Logo depois que atingem os 3 meses, você consegue identificar o sexo dos peixes. As fêmeas são um pouco maiores e a barbatana anal dos machos é visivelmente mais arredondada. Além disso, eles se comportam como peixes adultos também.
Na idade de 5 – 6 meses, o Peixe Lápis Anão se torna sexualmente ativo. Esse comportamento, no entanto, é bem perceptível, pois nesse momento os machos e fêmeas começam a demonstrar interesse mútuo.
Configuração do aquário
Para criar um pequeno cardume de Peixe Lápis Anão, você precisará de um aquário com no mínimo 20 litros. Eu recomendo que você adicione-os em aquários até maiores, já que eles adoram viver em grandes grupos.
O fundo desse aquário deve ser decorado com cores escuras e o ambiente deve ser densamente plantado, mas com alguns espaços livres na frente para que eles possam nadar.
Na natureza, o Peixe Lápis Anão costuma se reunir em pequenos grupos na beirada de rios repletos de plantas. Portanto, na maior parte do tempo, os peixes estão entre as plantas em busca de alimento. Muitas vezes, você consegue vê-los se alimentando perto de pedras com incrustações de algas.
Em relação a filtragem, essa espécie gosta de águas límpidas mas que não possua um fluxo forte. O uso de um filtro canister é recomendado, e você pode direcionar o fluxo para que não perturbe os peixes. Se o aquário for pequeno, utilize um filtro interno.
Referências
Weitzman, M. and S.H. Weitzman, 2003. Lebiasinidae (Pencil fishes). p. 241-251. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil. (Ref. 37104).
Eigenmann, C. H., 1909 – Annals of the Carnegie Museum 6(1): 4-54
Reports on the expedition to British Guiana of the Indiana University and the Carnegie Museum, 1908. Report no. 1. Some new genera and species of fishes from British Guiana.
Arbeláez, F., G. Gálvis, J. I. Mojica, and S. Duque, 2004 – Amazoniana 18(1/2): 95-107
Composition and richness of the ichthyofauna in a terra firme forest stream of the Colombian Amazonia.
Weitzman, S. H., 1966 – Proceedings of the United States National Museum v. 119 (no. 3538): 1-56
Review of South American characid fishes of subtribe Nannostomina.
Weitzman, S. H. and J. S. Cobb, 1975 – Smithsonian Contributions to Zoology 186: i-iii + 1-36
A revision of the South American fishes of the genus Nannostomus Günther (family Lebiasinidae).