A Piranha / Pirambeba (Serrasalmus maculatus) é uma boa escolha para aquaristas que estão em busca de um bom desafio, pois é um peixe considerado grande, resistente e que necessita de um bom espaço para viver.
A espécie pode ser encontrada na América do Sul, mais especificamente nas bacias dos rios Amazonas, Paraguai e Paraná. A Pirambeba habita rios, poças e riachos, preferindo viver em áreas sombreadas e com vegetação marginal ou submersa densa. Além disso, na natureza, esse peixe pode ser visto nadando sempre em grupos de 20 indivíduos.
Continue lendo o artigo para conhecer as principais características e necessidades da Piranha / Pirambeba.
Ficha Técnica da Piranha / Pirambeba
Nome: Piranha, Pirambeba;
Nome Científico: Serrasalmus maculatus (Kner, 1858);
Família: Serrasalmidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Bacias dos rios Amazonas, Paraguai e Paraná);
Comprimento: Até 26,4 cm;
Expectativa de Vida: Até 10 anos;
Nível de Dificuldade: Moderado;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.5 – 7.5;
Dureza da água: Entre 4 – 14;
Temperatura: Manter entre 21 – 25°C;
Características
Aparência
A Pirambeba possui o corpo comprimido e elevado, com a cabeça de um perfil dorsal côncavo. Além disso, ela possui corpo cinza no dorso e prateado no restante dele. Detalhe para a nadadeira caudal, que apresenta, depois de uma faixa escura nas margens, um leve tom amarelo.
Alimentação
Carnívora. As Piranhas são oportunistas, alimentando-se de peixes pequenos, insetos e crustáceos. Elas também foram vistas vasculhando as carcaças de animais mortos, incluindo humanos, embora haja relatos dessa espécie atacando banhistas, principalmente em ambientes onde elas costumam se reproduzir.
Alguns peixes se alimentam de nozes, frutas e sementes, além de material vegetal. Em um aquário, pode ser um pouco difícil fazer com que as piranhas aceitem os alimentos industrializados ou vivos disponíveis para peixes ornamentais. É interessante deixá-las sem comer durante um certo período para que não tenham escolha em aceitar o alimento fornecido.
Uma vez que estejam aclimatadas, as piranhas irão saborear bloodworms vivos ou congelados, tubifex, artêmias, camarões picados e quaisquer alimentos semelhantes. Os peixes adultos devem comer mexilhões inteiros, camarões, lulas picadas, iscas brancas e minhocas. Uma vez que atingem a fase adulta, os peixes só precisam comer duas ou três vezes por semana.
O aquarista não deve alimentar as piranhas com grandes quantidades de carne de mamíferos/aves, como coração de boi ou frango. Algumas substâncias presentes nestas carnes podem não ser devidamente metabolizadas pelos peixes, podendo ocasionar excesso de gordura e até degeneração dos órgãos.
Temperamento / Comportamento
A Pirambeba possui comportamento bastante agressivo. Portanto, descobrir se ela pode ou não ser mantida em grupos permanece sendo muito debatida entre os aquaristas. Alguns argumentam sua imprevisibilidade em um ambiente fechado como um aquário, e o risco de lesões supera quaisquer consequências positivas da coabitação desses peixes.
Outros aquaristas, entretanto, mantiveram com sucesso grupos bastante grandes da espécie, em alguns casos por períodos de tempo consideráveis.
Eu recomendo que você mantenha apenas um único exemplar, reservando tais experimentos para aquaristas que já possuam muitos anos de experiência e recursos para fornecer o espaço necessário no aquário.
Compatibilidade
Por ter uma natureza muito agressiva, eu recomendo que você mantenha a Pirambeba sozinha no aquário, pois ela não é uma boa companheira para outros peixes.
Há alguns relatos dispersos de sua coexistência com loricarídeos e bagres.
Dimorfismo Sexual
Não há nenhuma diferença sexual externa entre o macho e a fêmea, embora elas geralmente fiquem mais gordinhas quando estão em condições de desova.
Acasalamento / Reprodução
Reproduzir a Pirambeba em um aquário não é uma tarefa das mais difíceis. Lembre-se apenas de que você precisará de diversos aquários grandes para a manutenção dos alevinos e condicionamento e desova dos adultos.
Um relato particularmente detalhado do aquarista japonês Hiroshe Azuma foi publicado na revista americana Tropical Fish Hobbyist em 1990. Ele criou com sucesso a espécie usando um aquário com cerca de 750 litros, densamente plantado e contendo um grupo de peixes adultos. A água era mole e ácida, com a temperatura no limite superior da faixa recomendada na ficha técnica.
Quando em condição de desova, as fêmeas ficaram visivelmente mais inchadas. Além disso, ambos os peixes ficavam com cores mais escuras, embora os machos fizessem isso primeiro e com maior intensidade. Quando percebia que havia formado um casal no aquário, os peixes eram removidos e condicionados individualmente, longe do grupo principal.
Após duas semanas, o macho foi adicionado a uma nova configuração plantada, à qual a fêmea foi introduzida 24 horas depois. Foi percebido que alguns machos atacavam a fêmea durante o namoro e a desova, causando ferimentos graves em alguns casos, enquanto outros eram mais pacíficos.
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A quantidade de tempo que passou antes da desova variou, com alguns machos mostrando interesse imediato pela fêmea e outros demorando cerca de 10 dias ou mais. Quase todos os eventos de desova ocorreram dentro de um período de 18 dias.
Antes do ato em si, observou-se que o macho selecionava um local de desova mordiscando pequenos pedaços de vegetação. Embora estes não fossem consumidos e a razão precisa para esse comportamento não tenha sido explicado.
O namoro e a desova levaram cerca de 3 horas com os peixes se reunindo repetidamente no local previamente preparado pelo macho. O macho foi visto enrolando sua nadadeira anal sob o corpo da fêmea, o que se presumia facilitar uma melhor taxa de fertilização dos ovos.
Os peixes adultos foram removidos após a desova. Uma ninhada média das piranhas contava com cerca de 800 e 1.200 ovos, com a eclosão demorando entre 54 – 58 horas. Por fim, os filhotes começaram a nadar livremente após um semana e foram criados com náuplios de artêmias, tubifex e bloodworms.
Na natureza, o macho da Pirambeba costuma vigiar os ovos até que eles eclodam. Alguns aquaristas que tentaram a desova relataram que os peixes ficaram ainda mais agressivos quando mantidos em aquários comunitários.
Configuração do aquário
A Pirambeba pode viver em aquários com no mínimo 400 litros, embora você consiga manter filhotes em ambientes menores.
Esses peixes ficarão menos estressados e mostrarão suas melhores cores em um aquário bem decorado com um substrato escuro e iluminação suave. Você pode até cultivar algumas plantas aquáticas, se desejar, mas não se surpreenda se os peixes mordiscarem ou as retirarem do lugar.
Mantenha uma tampa bem firme para evitar que elas pulem quando se sentirem assustadas ou ameaçadas. Além disso, forneça uma corrente de água suave, mas constante.
Utilize um filtro ligeiramente grande ou vários deles pequenos com boa capacidade mecânica e biológica, pois os adultos comem com dificuldade e manter uma água de boa qualidade pode ser um desafio.
Deve-se tomar muito cuidado na hora de escolher levar esses peixes para casa, pois costumam crescer e comer bastante, além de fazerem muita bagunça.
Referências Bibliográficas
Jégu, M., 2003. Serrasalminae (Pacus and piranhas). p. 182-196. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil. (Ref. 39031);