O Pirarucu (Arapaima gigas) é um dos maiores peixes de águas doces fluviais e lacustres do do mundo. Ele pode atingir cerca de 4,50 metros de comprimento e pesar até 330 kg.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Pirarucu. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica
Nome: Pirarucu, Arapaima, Peixe Pirosca, Bacalhau da Amazônia, Paiche;
Nome Científico: Arapaima gigas (Schinz, 1822);
Família: Osteoglossidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Bacia do Rio Amazonas);
Comprimento: Até 450 cm (Comum: 200cm);
Expectativa de Vida: Entre 15 e 20 anos;
Nível de Dificuldade: Difícil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.0 – 6.5;
Dureza da água: Entre 5 – 12;
Temperatura: Manter entre 25 – 29°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Pirarucu foi descrito pela primeira vez por Schinz em 1822. A espécie é encontrada em grande parte da bacia do rio Amazonas, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas costumam ser mais calmas. Além disso, ele também vive em lagoas e rios de águas claras e ligeiramente alcalinas, com temperaturas que variam entre 24 e 37ºC. Esse peixe não é encontrado em zonas onde há fortes correntezas e águas ricas em sedimentos.
O habitat do Pirarucu varia de acordo com a estação. Durante a estação da seca, ele migra para lagos e rios e, durante a estação chuvosa, parece desfrutar das florestas ricas em alimentos. No entanto, ele pode até mesmo viver em ambientes com deficiência em oxigênio, pois respira o ar atmosférico, normalmente voltando à tona a cada 20 minutos.
Uso na culinária regional
O Pirarucu é muito utilizado como ingrediente principal em vários pratos típicos do Amazonas e do Pará. Um dos mais conhecidos é o “Pirarucu de casaca”, um prato servido geralmente em festas juninas. Além disso, sua carne é muito valorizada, sendo bastante procurada. Antigamente, muitas partes do corpo do peixe, como suas escamas, eram utilizadas como lixas para unhas e outras utilidades.
Devido à sua excelente carne, o Pirarucu é considerado o “Bacalhau Brasileiro”.
Aparência
O Pirarucu é um peixe que possui características únicas em relação a sua biologia e ecologia. Ele possui cabeça achatada e ossificada, corpo longo e coberto de escamas. Além disso, ele pode medir cerca de 4,50 metros de comprimento e pesar até 330 kg.
A espécie possui dois sistemas respiratórios, as brânquias para a respiração aquática e uma bexiga natatória modificada que funciona como um pulmão para a respiração do ar atmosférico, especialmente durante a estação da seca.
Durante a seca, os peixes formam casais, procuram ambientes calmos e preparam seus ninhos para a reprodução.
Escamas e Barbatanas
As escamas do Pirarucu são compostas por camadas internas de correias flexíveis imprensadas entre as camadas externas de colágeno. Ao contrário de qualquer outra espécie de peixe, as camadas de colágeno nas escamas do Pirarucu são tão grossas quanto um grão de arroz. As escamas foram adaptadas para impedir a penetração de mordidas de piranhas.
O Pirarucu na Mitologia Indígena
Segundo a mitologia indígena difundida na Amazônia, a origem do Pirarucu estaria associada a uma história sobre um guerreiro da tribo dos Uaiás, que habitara as planícies da Amazônia.
Segundo a lenda, Pirarucu era um bravo guerreiro, mas que tinha um coração perverso, mesmo sendo filho de Pindarô, um homem de muito bom coração e também chefe da tribo.
Pirarucu era cheio de vaidades, assim como também muito egoísta e excessivamente orgulhoso de seu poder. Certa vez, seu pai fazia uma visita amigável a algumas tribos vizinhas, e Pirarucu se aproveitou da ocasião para tomar como refém índios dessas aldeias e executá-los sem motivo algum. Pirarucu também adorava insultar os deuses.
Tupã, o deus dos deuses, observando o comportamento de Pirarucu e cansado dele, resolveu puni-lo. Então, Tupã chamou Polo e ordenou que ele espalhasse seu mais poderoso relâmpago na área inteira. Ele também chamou Iururaruaçu, a deusa das torrentes, e ordenou que ela provocasse uma enorme chuva sobre Pirarucu, que estava pescando com outros índios as margens do rio Tocantins.
O fogo de Tupã
O fogo lançado por Tupã foi visto por toda a floresta. No entanto, quando Pirarucu percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, somente as ignorou com uma risada e palavras de desprezo. Então, Tupã enviou Chandoré para atirar relâmpagos e trovões sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz.
Pirarucu tentou escapar, mas enquanto corria por entre os inúmeros galhos das árvores, um relâmpago fulminante o acertou bem no coração. No entanto, Pirarucu ainda se recusava a pedir perdão.
Todos aqueles que se encontravam com Pirarucu correram para a selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo dele, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um enorme e escuro peixe de água doce. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou, mas por um longo tempo foi o terror da região.
Alimentação
Carnívoro. O Pirarucu é um predador que se alimenta principalmente de outros peixes. Ele também come quaisquer outros animais ou pássaros que estiverem por perto.
A espécie é conhecida por pular para fora da água para pegar pequenos pássaros dos galhos baixos das árvores. Em cativeiro, ele pode ser alimentado com peixes pequenos, alimentos proteicos picados, crustáceos, rações em pellets, bem como krill e plâncton.
Temperamento / Comportamento
O Pirarucu é considerado um peixe dócil, mas pode se tornar agressivo caso se sinta ameaçado. Ele é conhecido por atacar humanos que se aproximam demais e até mesmo quebra o vidro de aquários com sua força.
Compatibilidade
Em relação aos companheiros de aquário, é melhor manter o Pirarucu longe de quaisquer outros peixes, já que a espécie é famosa por comer todos os peixes menores que entram em seu habitat.
Além disso, o Pirarucu pode ser agressivo com outros grandes predadores.
Dimorfismo Sexual
O Pirarucu não apresenta dimorfismo sexual externo, salvo quando em época de reprodução, que apresenta diferenças na coloração de suas escamas.
Durante os períodos de reprodução, os machos ficam mais coloridos do que as fêmeas e ficam com a cabeça excepcionalmente escura.
Acasalamento / Reprodução
O Pirarucu já foi criado em cativeiro. A fêmea torna-se sexualmente madura aos cinco anos de idade e quando atinge cerca de 168 centímetros de comprimento.
Na natureza, esses peixes estão sujeitos às estações de cheia, onde constroem seus ninhos durante o período de águas mais baixas, que varia entre fevereiro e abril. Então, quando as águas começam a subir, os ovos eclodem e há bastante comida disponível para os filhotes.
O Pirarucu constrói seu ninho em áreas arenosas com cerca de 50 centímetros de largura e 15 centímetros de profundidade. Então, as fêmeas depositam seus ovos no ninho onde serão fertilizados pelo macho.
Os pais cuidarão dos ovos e dos filhotes. Os peixes mais jovens ficarão com os pais até cerca de 3 meses de idade.
Configuração do aquário
O Pirarucu precisa de muito espaço para nadar. O aquário recomendado para um único exemplar da espécie precisa ter no mínimo 3.785 litros. Por isso, caso você esteja pensando em manter um exemplar desse peixe em casa, esteja preparado para investir pesado.
Por ser um peixe que também respira ar atmosférico, o Pirarucu precisará de muito espaço aberto na superfície e deve ter uma boa quantidade de oxigênio disponível. Portanto, um aquário mais largo do que alto é a melhor opção.
O aquário pode conter um substrato de cascalho fino e muito espaço livre no meio e a na superfície, pois o Pirarucu passará a maior parte do tempo no meio ou próximo ao topo. Além disso, devido às grandes diferenças na área em que este peixe vive, a decoração pode variar bastante. No geral, o peixe aprecia uma vegetação densa nas laterais e atrás, e algumas plantas flutuantes na superfície.
Referências Bibliográficas
Ferraris, C.J. Jr., 2003. Arapaimatidae (Bonytongues). p. 31. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil. (Ref. 50891);
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Glen S. Axelrod, Brian M. Scott, Neal Pronek, Encyclopedia Of Exotic Tropical Fishes For Freshwater Aquariums , TFH Publications, 2005
Dr. A. S. Rüdiger Riehl e Hans A. Baensch, Aquarium Atlas Vol. 2 , Editor Hans A. Baensch,
Arapaima gigas, The IUCN Red List of Threatened Species