O Poraquê (Electrophorus electricus) é um peixe sem escamas, semelhante a uma enguia. A espécie, conhecida popularmente como Peixe Elétrico, é capaz de causar um choque de mais de 500 volts.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Poraquê. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica do Poraquê
Nome: Poraquê, Enguia Elétrica, Peixe Elétrico, Pixundé, Puxundu, Puraquê, Treme-Treme e Electric Eel;
Nome Científico: Electrophorus electricus (Linnaeus, 1766);
Família: Gymnotidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Bacias dos rios Amazonas e Orinoco);
Comprimento: Até 250 cm;
Expectativa de Vida: Até 15 anos;
Nível de Dificuldade: Difícil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.0 – 8.5;
Dureza da água: Entre 1 – 12;
Temperatura: Manter entre 23 – 28°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Poraquê foi descrito por Linnaeus em 1766. A espécie é bastante comum na maior parte das bacias do Amazonas e do Orinoco, não sendo considerada um animal com risco de extinção.
Na natureza, o Poraquê prefere habitar águas calmas e lamacentas de riachos, piscinas naturais e pântanos com baixos níveis de oxigênio. Ele pode viver em ambientes do tipo pois possui um órgão respiratório vascularizado na cavidade oral. No entanto, precisa subir à superfície a cada dez minutos ou mais para respirar.
O Poraquê é uma espécie noturna que gosta de áreas fortemente sombreadas. Ele possui uma visão muito ruim, mas pode se orientar nas águas escuras emitindo uma carga de 10 volts para navegar. Além disso, também utiliza essa carga como um radar para encontrar presas.
Os peixes mais jovens da espécie alimentam-se de invertebrados, mas quando adultos, preferem comer peixes, anfíbios, aves e pequenos mamíferos que se aventuram pela água.
Aparência
O Poraquê é um peixe sem escamas, muito parecido com uma enguia. Ele não possui nadadeiras dorsal, ventrais e caudais. Além disso, sua nadadeira anal é alongada e as peitorais são bem pequenas.
O corpo do peixe é alongado e cilíndrico, com uma cabeça achatada e boca equipada com uma fileira de dentes cônicos e afiados.
A coloração do Poraquê é de um verde acinzentado escuro, mas com a parte ventral amarelada. Ele pode chegar até 2,50 metros de comprimento e pesar cerca de 20 kg. Em cativeiro, não costuma ultrapassar os 1,50 metros.
Uma característica única do Poraquê é que ele obtêm quase 80% de seu oxigênio engolindo o ar atmosférico. A espécie possui um órgão respiratório vascularizado na cavidade oral. Por isso, ele passa boa parte do tempo no fundo dos aquários e sobe até a superfície a cada dez minutos para respirar.
O choque do Peixe Elétrico
Com um choque de mais de 500 volts, o Poraquê é capaz de matar até mesmo um cavalo. Segundo diversos estudos realizados pelo INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), esse peixe é capaz de produzir até 1500 volts.
O Poraquê pode ser comparado a uma pilha, já que a parte da frente de seu corpo possui carga positiva, enquanto a ponta de sua cauda é de carga negativa. Por isso, caso uma pessoa pegue em sua cabeça e na extremidade final do corpo ao mesmo tempo, o choque terá o poder de “fritar” a vítima em questão de segundos.
Geralmente, o risco de contato com o Poraquê é maior na superfície, pois ele precisa de ar atmosférico, tanto quanto os animais terrestres, para respirar.
Na natureza, os peixes da espécie utilizam a eletricidade para atordoar e matar suas presas, assim como também para se comunicar com outros peixes, e também acredita-se que eles possam usá-la para encontrar e escolher seus parceiros.
Alimentação
Carnívoro. O Poraquê é um predador que come qualquer animal que seja pequeno o suficiente para caber em sua boca. Na natureza, isso inclui principalmente peixes, invertebrados e pequenos mamíferos.
Os peixes mais jovens se alimentam de vermes e larvas de insetos, mas espécimes maiores preferem comer peixes.
Você provavelmente terá que alimentá-lo com alimentos vivos no início, mas depois ele irá se acostumar com alimentos congelados e quaisquer outros semelhantes.
O Poraquê torna-se muito domesticado e associa o tratador à comida, e vêm à tona para ser alimentado toda vez que o dono chega perto do aquário.
Nota: Não tente alimentar esses peixes manualmente. Embora seja improvável que você leve um choque, a possibilidade ainda existe!
Temperamento / Comportamento
O Poraquê não é considerado um peixe agressivo, mas devido ao seu método de captura de presas, eu recomendo que você o mantenha sozinho no aquário.
Mais de um espécime podem ser mantido juntos, mas isso é um pouco arriscado. Duas enguias elétricas jovens convivendo juntas podem brigar com frequência. Eles irão se posicionar de tal forma que tentarão bater suas caudas e morder uns aos outros descarregando eletricidade.
Compatibilidade
Não é recomendado misturar o Poraquê com outras espécies de peixes e invertebrados.
Dimorfismo Sexual
Diferenciar o macho e a fêmea do Poraquê é uma tarefa bem difícil. No entanto, quando atingem a fase adulta, as fêmeas costumam ser maiores do que os machos.
Acasalamento / Reprodução
Não há relatos de reprodução do Poraquê em cativeiro.
A espécie possui um comportamento reprodutivo único. Durante a estação da seca, o macho faz um ninho utilizando a saliva. Então, a fêmea deposita cerca de 1.200 a 3.000 ovos no ninho, que são fertilizados imediatamente.
Os ovos ficam desprotegidos, portanto, sujeitos à predação. À medida que vão eclodindo, sabe-se que os primeiros alevinos comem muitos dos ovos não eclodidos.
Configuração do aquário
O aquário para um único exemplar do Poraquê precisa ter no mínimo 757 litros. Caso queira mantê-lo em grupos, o recomendado seria algo em torno de 9.400 litros.
O Poraquê deve ser colocado em um aquário muito grande, porque mesmo quando ainda é um peixe pequeno, sua taxa de crescimento é rápida e constante.
A água deve ser mole e levemente ácida, mas não é importante. O nível dela deve estar a cerca de 15 cm do topo, porque esses peixes precisam subir à superfície para respirar.
A filtragem do aquário deve ser potente para lidar com a alta carga biológica gerada pelo Poraquê. O recomendado é manter um filtro do tipo SUMP.
As enguias elétricas precisam de aquários escuros e com muitos esconderijos. A iluminação pode ser fraca ou moderada, e você pode adicionar troncos, rochas e quaisquer outros tipos de decorações pesadas para fornecer esconderijos.
Referências Bibliográficas
de Santana, C.D., W.G.R. Crampton, C.B. Dillman, R.G. Frederico, M.H. Sabaj, R. Covain, J. Ready, J. Zuanon, R.R. de Oliveira, R.N. Mendes-Júnior, D.A. Bastos, T.F. Teixeira, J. Mol, W. Ohara, N.C. de Castro, L.A. Peixoto et al., 2019. Unexpected species diversity in electric eels with a description of the strongest living bioelectricity generator. Nature Communications (2019)10:4000. [+authors; Nagamachi, C.; Sousa, L.; Montag, L.F.A.; Ribeiro, F.; Waddell, J.C.; Piorsky, N.M.; Vari, R.P.; Wosiacki, W.B. ] (Ref. 120918);
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Electrophorus electricus, The IUCN Red List of Threatened Species;