O Sarapó (Gymnotus carapo) é considerado um peixe bastante exótico para se ter em aquários. Infelizmente, devido ao seu tamanho adulto e sensibilidade a muitos medicamentos, a espécie não é recomendada para iniciantes no aquarismo.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Sarapó. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, bem como o processo de reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica do Sarapó
Nome: Sarapó, Carapó, Tuvira, Ituí, Banded Knifefish;
Nome Científico: Gymnotus carapo (Linnaeus, 1758);
Família: Gymnotidae;
Origem da Espécie: América Central e Sul (Sul do México até Paraguai, incluindo Trinidad);
Comprimento: Até 76 cm;
Expectativa de Vida: Desconhecida;
Nível de Dificuldade: Difícil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.0 – 7.5;
Dureza da água: Entre ? – 15;
Temperatura: Manter entre 22 – 28°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Sarapó está presente em diversos países da América Central e Sul. Ele já foi encontrado no México, Guatemala, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Trinidad e Tobago, Equador, Peru, bem como Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina.
No Brasil, a espécie está amplamente distribuída no Pantanal do Mato Grosso e na Bacia do rio São Francisco. Ele habita águas lentas ou paradas e parece preferir ambientes turvos. Além disso, o Sarapó pode ser encontrado em áreas mais profundas dos principais canais dos rios e, no geral, gosta de ficar na região do fundo.
Aparência
O Sarapó é um peixe com escamas ausentes ou quase imperceptíveis. Seu corpo de coloração parda é afilado e seu orifício anal fica localizado sob a cabeça, e sua nadadeira anal alongada se estende por quase toda a face central.
Assim como outras espécies de Gymnotids, o Sarapó produz um campo elétrico fraco usando o tecido muscular especialmente adaptado localizado na cauda. Ele também possui receptores que permitem ao peixe receber sinais elétricos e, portanto, sentir o menor dos movimentos conforme o campo ao seu redor é perturbado. Por ter hábitos noturnos, o Sarapó produz pequenas descargas elétricas de pouca intensidade para detectar obstáculos e presas, sendo muito utilizadas para comunicação entre os indivíduos da espécie.
Além disso, o Sarapó ainda possui uma bexiga natatória modificada que o ajuda a respirar o ar atmosférico. Isso permite que ele sobreviva em ambientes poluídos ou hipóxicos (deficientes em oxigênio), e também é útil pra quando as águas baixam no final da estação chuvosa e o peixe fica encalhado.
Alimentação
Carnívoro. Na natureza, o Sarapó se alimenta de insetos aquáticos. Em um aquário, você pode fornecer alimentos vivos e congelados como, por exemplo, bloodworms, camarões, minhocas e tubifex.
Rações geralmente não são aceitas por esse peixe.
Temperamento / Comportamento
O Sarapó é um peixe de hábitos noturnos que passa boa parte do tempo na região do fundo do aquário. Ele costuma ser muito territorial com outros peixes de sua própria espécie, mas pode conviver junto deles caso seja mantido em aquários realmente grandes.
Compatibilidade
Em relação aos companheiros de aquário, o Sarapó precisa estar na companhia de outros peixes de tamanho semelhante, pois qualquer coisa menor irá virar comida.
Eu recomendo que você evite peixes agitados ou agressivos, pois pode deixá-lo retraído. Alguns bons companheiros de aquário incluem grandes ciclídeos, como Cichla ou Geophagus, caracídeos e ciprinídeos grandes, assim como também bagres e loricarídeos.
Dimorfismo Sexual / Acasalamento / Reprodução
Não há informações sobre as diferenças sexuais entre o macho e a fêmea do Sarapó.
Sabe-se que ele não foi criado em cativeiro, mas alguns aspectos de seu comportamento reprodutivo são conhecidos. Ele procria durante a estação chuvosa e é um criador bucal paterno com o macho construindo um ninho, no qual choca e protege os ovos e filhotes.
O período de desova do Sarapó acontece nos meses mais quentes, e ele costuma desovar entre folhas, musgos ou raízes de plantas flutuantes.
Configuração do aquário
O aquário precisa ter no mínimo 680 litros para um único Sarapó.
A decoração não é muito importante, embora o peixe aprecie algum tipo de cobertura. Você pode adicionar rochas e troncos, raízes retorcidas e plantas. O Sarapó é mais ativo com condições de pouca luz, portanto, utilize uma luminária fraca ou adicione uma camada de plantas flutuantes para difundir a luz que entra no aquário.
Referências Bibliográficas
Campos-da-Paz, R., 2003. Gymnotidae (Naked-back knifefishes). p. 483-486. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre EDIPUCRS, Brasil. (Ref. 36692);