A Tilápia (Coptodon rendalli) é um dos peixes mais famosos disponíveis no Brasil, conhecida principalmente pelo uso na culinária devido ao seu alto valor nutricional. A espécie, nativa dos grandes lagos da África, costuma ser um peixe bastante resistente e é considerada invasora, podendo causar impactos negativos sobre a fauna e flora nativas.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre a Tilápia. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica da Tilápia
Nome: Tilápia, Tilápia do Congo;
Nome Científico: Coptodon rendalli (Boulenger, 1897);
Família: Cichlidae;
Origem da Espécie: África (Bacia do Rio Congo, Lago Malawi, Rio Zambeze);
Comprimento: Até 45 cm;
Expectativa de Vida: Até 7 anos;
Nível de Dificuldade: Fácil;
Parâmetros da Água
pH: Manter o pH da água entre 6.0 – 8.5;
Dureza da Água: Não especificado;
Temperatura: Manter entre 24°C – 28°C;
Características
Distribuição e Habitat
A Tilápia ocorre naturalmente na Bacia do Congo, Lago Tanganyika, Lago Malawi e zonas costeiras do delta de Zambesi, na África. Considerada uma espécie invasora, está distribuída em todas as bacias do Brasil, disseminada por meio de peixamentos.
O habitat natural da Tilápia é bastante diversificado, abrangendo várias zonas de água doce, como lagos, lagoas, rios e riachos de águas calmas ou de fluxo lento. Ela possui preferência por áreas com vegetação aquática abundante, como bancos de algas e leitos de plantas submersas, onde encontra refúgio e alimento.
Devido à sua introdução em outras áreas fora de seu habitat natural, seja por meio de ações humanas ou acidentalmente, a Tilápia pode ser encontrada em inúmeras outras partes do mundo, inclusive em rios e lagos de outros continentes, onde se torna invasora e causa impactos negativos sobre as espécies nativas e o ecossistema local. Por isso, é muito importante monitorar e controlar sua distribuição em novas áreas para evitar possíveis problemas ecológicos.
Origem da Introdução da Tilápia no Brasil
A introdução da Tilápia no Brasil se deu pela Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo em 1952. Nesse ano, houve a importação de vários exemplares da espécie para o repovoamento de represas com a finalidade de combater a proliferação de algas macrófitas aquáticas. Contudo, em 1971, o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) introduziu a espécie Oreochromis niloticus, que apresenta características aconselhadas para piscicultura brasileira.
Por conta de seu hábito alimentar herbívoro, a Tilápia não se mostrou atraente para a piscicultura, acabou virando uma praga em diversos açudes do Nordeste e no estado de São Paulo.
Acima de tudo, as tilápias são criadas para consumo humano, sendo sua carne muito apreciada, pois é leve e saborosa. Em algumas regiões, elas são colocadas em arrozais, e quando atingem entre 12 – 15 cm, ficam prontas para o consumo.
Aparência
A Tilápia apresenta coloração verde-oliva prateada. Os indivíduos adultos possuem uma coloração geralmente acinzentada ou esverdeada no dorso, que gradualmente vai se tornando mais clara em direção à região ventral.
A nadadeira dorsal da Tilápia possui coloração verde-oliva, com uma linha avermelhada e branca até cinza-escuro com alguns pontos. A nadadeira caudal, por outro lado, é pontuada na região dorsal, vermelha ou amarela na porção ventral.
Resumidamente, a Tilápia pode atingir até 45 centímetros e comprimento, pesar cerca de 2,5 kg e viver por até 7 anos.
Alimentação
Onívoro. Na natureza, as Tilápias se alimentam basicamente de insetos, crustáceos, sementes, frutos, raízes, algas, bem como de plâncton e pequenos peixes. Em cativeiro, independentemente do ambiente em que estiverem, aceitarão prontamente qualquer tipo de alimento. O recomendado é fornecer uma boa quantidade de matéria vegetal regularmente.
Temperamento / Comportamento
A Tilápia é considerada um peixe geralmente pacífico, o que facilita sua manutenção e criação em ambientes controlados. No entanto, é importante observar que o comportamento pode variar de acordo com o espaço disponível, a densidade populacional e a disponibilidade de recursos como alimento e abrigo.
Na natureza, por exemplo, as Tilápias formam grupos sociais e vivem junto de outras espécies, criando relações simbióticas que favorecem a busca por alimento e a proteção contra predadores.
A complexidade do comportamento social da Tilápia é mais evidente em habitats naturais, onde elas estão sujeitas a interações ecológicas mais diversificadas e desafios ambientais.
Compatibilidade
Em relação aos companheiros de aquário, é importante frisar que a Tilápia pode viver tranquilamente na companhia de outros ciclídeos africanos e também da América Central, embora o aquarista deva evitar espécies agressivas.
Quaisquer peixes menores irão virar refeição para as Tilápias, portanto, evite-os.
Sempre que for introduzir novas espécies em um aquário com a Tilápia, é importante monitorar o comportamento dos peixes, além de garantir uma água de boa qualidade e fornecer alimentação adequada para todas as espécies presentes.
Dimorfismo Sexual
Diferenciar o macho e a fêmea da Tilápia não é uma tarefa das mais difíceis. Os machos desenvolvem as pontas da nadadeira dorsal e anal em formato pontiagudo e mais alongado, enquanto nas fêmeas elas ficam mais arredondadas.
Acasalamento / Reprodução
Ovíparo. A Tilápia exibe comportamentos mais complexos durante à reprodução. Na fase de acasalamento, os machos competem entre si para atrair as fêmeas e defender seus territórios de outros machos. Esse comportamento pode envolver exibições de cores, movimentos agressivos e disputas territoriais.
Na natureza, durante o período de reprodução, os machos estabelecem territórios em áreas com substratos adequados, como buracos ou depressões no fundo de lagos e rios. Então, eles usam suas cores vibrantes e comportamento agressivo para atrair as fêmeas. Quando se sentem atraídas pelos machos, elas desovam no ninho feito pelo macho, onde acabam tendo os ovos fertilizados.
Após a desova, o macho assume o cuidado parental dos ovos. Ele protege o ninho de potenciais predadores e mantém os ovos limpos, movimentando as nadadeiras para fornecer oxigênio aos embriões. Esse cuidado parental é fundamental para o sucesso da reprodução e para o desenvolvimento saudável dos alevinos.
Em um aquário, é importante proporcionar esconderijos e substratos adequados para a desova, bem como uma dieta rica em proteínas e nutrientes para garantir a saúde dos peixes e a viabilidade dos ovos.
Após a eclosão, os filhotes são pequenos e vulneráveis, dependendo totalmente do cuidado parental inicial. À medida que vão crescendo, tornam-se independentes e podem ser alimentados com rações adequadas para alevinos.
Configuração do aquário
O aquário para um pequeno cardume de Tilápias jovens deve ter no mínimo 300 litros. Quanto maior for o aquário, melhor, pois isso proporcionará mais espaço para os peixes nadarem e diminuirá a competição entre eles.
O sistema de filtragem desse aquário deve ser eficiente para manter a água limpa e livre de resíduos, embora não deva ter um fluxo de água forte.
Sobre a decoração e o substrato, você pode adicionar areia ou algum outro tipo de cascalho bem fino. Além disso, deve adicionar rochas, troncos e quaisquer outros ornamentos que possam criar esconderijos. Evite apenas as plantas, pois as tilápias provavelmente irão devorá-las.
Por fim, realize trocas parciais de água com frequência e monitore a qualidade da água para garantir a saúde geral dos peixes e a estabilidade do ambiente.
Referências Bibliográficas
Dunz, A.R. and U.K. Schliewen, 2013. Molecular phylogeny and revised classification of the haplotilapiine cichlid fishes formerly referred to as “Tilapia“. Mol. Phylogenet. Evol. 68(1):64-80. (Ref. 93285);
van Oijen, M.J.P., 1995. Appendix I. Key to Lake Victoria fishes other than haplochromine cichlids. p. 209-300. In F. Witte and W.L.T. van Densen (eds.) Fish stocks and fisheries of Lake Victoria. A handbook for field observations. Samara Publishing Limited, Dyfed, Great Britain;
Peixes de água doce do Brasil – Tilápia (Tilapia rendalli) – CPT Centro de Produções Técnicas;
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