A Truta Comum (Salmo trutta fario), também conhecida como Truta Marisca ou Truta Marrom, é um peixe originário da zona ocidental da América do Norte. A espécie é famosa por sua incrível resistência e carne extremamente saborosa.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre a Truta Comum. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, uso na culinária, propriedades nutricionais, assim como também a reprodução, distribuição e habitat.
Ficha Técnica da Truta Comum
Nome: Truta, Truta Comum, Truta Marisca, Truta Marrom;
Nome Científico: Salmo trutta fario (Linnaeus, 1758);
Família: Salmonidae;
Origem da Espécie: América do Norte;
Comprimento: Até 140 cm (Comum: 72 cm);
Expectativa de Vida: Até 38 anos;
Nível de Dificuldade: Não há relatos de criação em aquários;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.5 – 8.5;
Dureza da água: Indiferente;
Temperatura: Manter entre 10 – 20°C;
Características
Distribuição e Habitat
A Truta Comum é um peixe nativo do hemisfério norte, Estados Unidos e Canadá, tendo sido, no entanto, introduzida em praticamente todos os outros continentes.
No Brasil, a criação de trutas começou por volta de 1949, com sua introdução ocorrendo principalmente nos rios dos planaltos das regiões Sudeste e Sul. Os primeiros ovos desses peixes foram importados da Dinamarca.
A Truta Comum se adaptou muito bem às frias águas das corredeiras, rios e riachos de regiões montanhosas como as da Serra da Mantiqueira (Estados de Minas Gerais, São Paulo e sul do Rio de Janeiro) e nas serras do leste dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A espécie habita rios de águas cristalinas, frias, puras e bem oxigenadas, próprias das regiões montanhosas listadas acima.
Aparência
A Truta é um peixe de escamas grandes e carne muito saborosa. Seu corpo é alongado, com uma cabeça e olhos grandes, boca sem barbilhões terminais, com mandíbulas poderosas armadas com dentes afiados e fortes, e maxila superior ultrapassando o nível posterior dos olhos.
A coloração da Truta Comum varia de acordo com seu habitat e idade. Normalmente, o dorso é castanho escuro ou acinzentado, com os flancos mais claros de um amarelo esverdeado e ventre amarelado. O corpo da truta é salpicado lateralmente com pintas vermelhas e pretas.
A espécie pode atingir até 1,40 metros de comprimento, sendo o mais comum 72 centímetros.
A truta na culinária
Abaixo, confira as características nutricionais e alguns dos pratos mais famosos utilizando a truta como ingrediente principal:
Propriedades Nutricionais da Truta
A truta contém altos níveis de ácidos graxos ômega-3 e é rica em nutrientes como vitaminas, fósforo e cálcio. Além disso, ela é uma excelente opção para aqueles que desejam perder peso, já que é um alimento de baixa caloria.
As melhores trutas do mundo podem ser encontradas em locais com clima ameno e vegetação abundante, como as Montanhas Rochosas na América do Norte, os Alpes e os Pirineus na Europa, os Andes, bem como as regiões serranas do Brasil e da América do Sul.
Pratos mais famosos com Truta como ingrediente principal
Existem alguns pratos muito famosos que utilizam a truta como ingrediente principal, aqui estão alguns exemplos:
- Truta com amêndoas: A truta é geralmente grelhada ou assada e servida com um molho de amêndoas torradas, suco de limão, salsinha e manteiga. Esse prato é bastante comum em restaurantes especializados em trutas nas regiões serranas;
- Truta ao molho de maracujá: Este prato mistura sabores agridoces, onde a truta é grelhada e servida com um molho feito com polpa de maracujá, açúcar e vinho branco;
- Empadão de truta: Outro prato típico das regiões serranas, onde a truta é desfiada e misturada com creme de leite, queijo e temperos, e depois adicionada a uma massa de empadão;
- Truta com molho de ervas: Neste prato, a truta é assada com um molho de ervas frescas, como tomilho, alecrim e sálvia, e servida com batatas cozidas;
Alimentação
A Truta Comum é um peixe carnívoro extremamente voraz, que se encontra no topo da cadeia alimentar dos peixes de rio. Ela se alimenta na coluna d’água, consumindo peixes, larvas crustáceos, assim como também moluscos, minhocas e insetos de origem terrestre que caem na água. Por vezes, ela ingere também matéria vegetal.
Qual é a melhor ração para a Truta?
A ração para a Truta Comum deve ser específica (encontrada facilmente no comércio) com balanceamento nutricional adequado para cada fase de cultivo e granulometria ajustada ao tamanho do peixe. A quantidade de ração fornecida para o peixe por dia pode variar, principalmente, em função do tamanho e da temperatura da água, sendo calculado geralmente em percentual de peso vivo (PV) em cada tanque.
Peixes menores apresentam uma maior taxa de crescimento, portanto a quantidade de ração fornecida deve ser ajustada entre intervalos menores (a cada 14 dias).
Para nutrir o peixe de forma adequada, a ração deve conter uma boa quantidade de proteínas, carboidratos e gorduras, assim como também outros componentes energéticos.
Temperamento / Comportamento
As trutas possuem comportamento migratório, ou seja, elas migram de um habitat para outro durante diferentes estágios da vida. Os espécimes mais jovens, por exemplo, são vistos em águas rasas e calmas dos rios e riachos, onde encontram alimento e proteção contra possíveis predadores. Conforme crescem e se desenvolvem, as trutas se tornam mais ativas e migram para áreas mais profundas e rápidas dos rios, onde encontram ambientes bem oxigenados e muito alimento, como insetos, crustáceos e peixes.
De um modo geral, a Truta Comum é um peixe muito ágil e rápido, que utiliza diferentes estratégias para capturar alimento e escapar de predadores. Ela pode se esconder, por exemplo, entre fendas ou buracos nas rochas ou troncos de árvores caídas, e também saltar para fora d’água para capturar insetos que estejam na superfície. Além disso, a truta possui uma excelente visão e pode detectar movimentos sutis na água, o que a torna um predador muito eficiente.
Compatibilidade
Escolher os companheiros errados para um tanque com trutas pode afetar sua saúde, bem-estar e crescimento, por isso, é muito importante escolher espécies compatíveis em termos de comportamento, tamanho, temperatura e qualidade da água.
Algumas das principais espécies que podem ser criadas com as trutas incluem:
- Carpas: algumas espécies de carpas, como a Carpa Comum, podem ser criadas junto com as trutas. Elas são resistentes e geralmente consomem alimentos diferentes das trutas, o que reduz a competição pelos mesmos recursos alimentares;
- Tilápias: as Tilápias são peixes muito resistentes e tolerantes as diferentes condições de água, o que as tornam boas companheiras para as trutas. Além disso, elas também têm uma taxa de crescimento rápida, o que pode ajudar a aumentar a produção em um mesmo tanque;
Dimorfismo Sexual
As principais diferenças entre as trutas macho e fêmea é que os machos possuem cores mais vibrantes e um achatamento na região ventral da cabeça durante o período reprodutivo. Além disso, durante o processo de desova, eles desenvolvem uma protuberância na região anal, conhecida como “tubérculo reprodutivo”, que é usado para estimular a liberação de ovos pelas fêmeas.
Por outro lado, as fêmeas apresentam cores opacas e são geralmente maiores e mais arredondadas do que os machos. Durante o período de reprodução, elas ficam com o abdômen cheio de ovos, o que pode ser observado como um inchaço. O focinho da fêmea costuma ser mais curto e sua cabeça mais arredondada em comparação com o macho.
Acasalamento / Reprodução
A Truta Comum desova no outono-inverno, onde busca áreas ribeirinhas com correntes de água fortes, frias e bem oxigenadas, além de substratos de cascalho.
A fêmea escava o ninho no cascalho com ondulações do corpo e o macho fertiliza os ovos (cerca de 10.000) que a fêmea libera. Então, estes se desenvolvem no interior do cascalho e as pequenas trutas emergem cerca de três meses depois.
Configuração do aquário
Embora a truta possa ser mantida em aquários, é importante lembrar que elas são peixes que crescem muito e que requerem grandes espaços para nadar. Além disso, a manutenção da qualidade da água pode ser um grande desafio, pois elas são sensíveis e precisam viver em ambientes oxigenados com boa circulação e também com temperaturas inferiores a 20°C.
Eu não recomendo que a truta comum seja criada em aquários, apenas em grandes tanques.
Referências Bibliográficas
Svetovidov, A.N., 1984. Salmonidae. p. 373-385. In P.J.P. Whitehead, M.-L. Bauchot, J.-C. Hureau, J. Nielsen and E. Tortonese (eds.) Fishes of the north-eastern Atlantic and the Mediterranean. UNESCO, Paris. vol. 1. (Ref. 4779);
Trout Science: “Science of Trout“;
Acta scientiarum, volume 23, ed. 1-3, p. 45. Universidade Estadual de Maringá, 2001;