O Tucunaré Azul (Cichla piquiti) é uma das inúmeras espécies de Tucunaré que habitam as águas dos rios da América do Sul. O nome “tucunaré” pode ter duas origens: a primeira delas, de origem tupi, seria a junção de “tucun” (árvore) e aré (amigo), algo como “amigo das árvores”. Uma outra versão, de origem também indígena, indica que o nome significa “olho pra trás”, uma referência à mancha em formato de olho que esse animal possui em sua cauda.
Na natureza, o Tucunaré Azul pode ser encontrado em rios e afluentes do norte da América do Sul incluindo, por exemplo, a Colômbia, Venezuela, Guianas e o Brasil. Além disso, esse peixe também foi introduzido em áreas fora de seu habitat nativo, onde podemos citar a Flórida, Havaí, Porto Rico e Cingapura.
As principais características que se devem notar no Tucunaré Azul são suas cores acinzentadas, coloração azulada nas barbatanas, faixas verticais escuras em todo o comprimento do corpo e pontos amarelos junto com uma mancha de olho na barbatana caudal.
O Tucunaré Azul é famoso por ser um caçador de emboscada, onde navega em seus rios e afluentes nativos em busca de presas que estejam tanto acima quanto abaixo da superfície da água. A espécie é também considerada uma das preferidas na pesca esportiva, pois não costuma desistir fácil de suas presas.
Por ser um peixe que atinge um tamanho considerável, o Tucunaré Azul deve ser mantido apenas em aquários muito grandes e, por isso, não é recomendado para iniciantes no hobby.
Continue lendo para conhecer as principais características e necessidades da espécie.
Ficha Técnica
Nome: Tucunaré Azul, Azul Peacock Bass;
Nome Científico: Cichla piquiti (Kullander & Ferreira, 2006);
Família: Cichlidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Colômbia, Venezuela, Guianas e Brasil);
Comprimento: Os machos atingem até 48 cm, enquanto as fêmeas não passam dos 38,5 cm;
Expectativa de Vida: Até 10 anos;
Nível de Dificuldade: Moderado;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 5.0 – 7.5;
Dureza da água: Entre 5 – 15;
Temperatura: Manter entre 24 – 28°C;
Características
Alimentação
Carnívoro. Em seu habitat natural, o Tucunaré Azul se alimenta de uma variedade enorme de alimentos incluindo, por exemplo, peixes pequenos, vermes, crustáceos, anfíbios e insetos.
Em um ambiente fechado, você também pode alimentar esse peixe com alimentos vivos, porém eles costumam ser mais caros e podem trazer doenças, além de poluírem a água do aquário. Alguns aquaristas mais experientes na criação desses peixes costumam fazer preparações específicas para alimentá-los, a fim de simplificar seus cuidados e evitar problemas com os alimentos vivos.
No entanto, é comum ver o Tucunaré Azul se alimentando de rações para peixes carnívoros diariamente e comendo alimentos vivos vez ou outra. Alguns alimentos vivos disponíveis para esses peixes incluem, por exemplo, bloodworms, krill e peixes pequenos.
Temperamento / Comportamento
O Tucunaré Azul possui hábitos diurnos, ou seja, ele passará boa parte do dia nadando pelo aquário e irá descansar e dormir rente ao chão quando tudo estiver apagado.
Tenha em mente que esse peixe é muito territorial e, independente do tamanho de seus companheiros de aquário, ainda assim os enfrentarão sem maiores problemas.
Compatibilidade
Por ser um peixe grande, agressivo e territorial, você deve tomar muito cuidado na hora de escolher seus companheiros de aquário. Uma regra que você deve seguir é que qualquer coisa coisa que possa caber na boca desse peixe poderá virar comida. Os companheiros de aquário devem incluir outros grandes ciclídeos da América do Sul, além de cascudos e raias.
Além disso, você pode manter mais de um exemplar dessa espécie no aquário, contanto que haja espaço para todos eles. Quando mantidos em grupos, eles se sairão bem e criarão uma estrutura de dominância entre si, o que diminuirá as agressões entre os peixes uma vez que a estrutura social tenha sido criada.
Reprodução / Acasalamento
O período de reprodução do Tucunaré Azul costuma ser bastante longo. Nas regiões do nordeste do Brasil, por exemplo, há um pico de reprodução que ocorre durante o inverno, quando as águas dos açudes ficam menos quentes.
Os tucunarés fazem uma espécie de ninho utilizando pequenas pedras. Na maioria das vezes, as fêmeas ficam tomando conta do local, enquanto os machos ficam em volta evitando que intrusos possam chegar perto.
Os pais cuidam dos filhotes até que eles tenham cerca de dois meses de idade e no mínimo 6 centímetros de comprimento. Quando ainda estão na proteção dos pais, os filhotes não possuem a pinta na cauda, uma de suas principais marcas. Nessa fase, predomina uma pequena faixa preta longitudinal ao longo do corpo. Quando os pais se separam dos filhotes, eles começam a desenvolver suas cores características. Então, irão habitar as vegetações das margens dos rios, onde costuma conter águas mais quentes e também esconderijos para se protegerem.
Durante a época de desova, o Tucunaré Azul se alimenta muito pouco, dedicando-se basicamente à proteção do ninho. Portanto, durante essa fase, não é interessante pegar esses peixes pois eles estarão cuidando de seus filhotes.
Configuração do aquário
Ao criar o Tucunaré Azul em um aquário é muito importante levar em conta seu grande tamanho, hábitos alimentares e natureza agressiva. Por isso, um aquário adequado para esse peixe deve conter no mínimo 1.300 litros para um único exemplar.
Na natureza, esses peixes não costumam viver em locais com águas muito agitadas e, por conta disso, preferem habitar as margens dos rios. No entanto, mesmo assim eles devem estar em um ambiente onde haja um fluxo de água moderado e níveis altos de oxigênio.
Contudo, por ser um peixe que precisa ser alimentado com grandes refeições, a filtragem do aquário deve ser eficiente para remover o excesso de alimentos e resíduos que eles produzem.
A decoração do aquário deve ser projetada de tal forma que deve haver muito espaço para que eles possam nadar, assim como também áreas cobertas formadas com troncos, plantas flutuantes e rochas, além de um substrato arenoso para simular suas áreas de descanso.
Referências Bibliográficas
Kullander, S.O. and E.J.G. Ferreira, 2006. A review of the South American cichlid genus Cichla, with descriptions of nine new species. Ichthyol. Explor. Freshwat. 17(4):289-398. (Ref. 57716)