O Tucunaré (Cichla ocellaris) é um peixe bastante conhecido por sua inteligência impressionante e capacidade de se apegar a seus donos. No entanto, devido ao tamanho que ele pode chegar na fase adulta, é considerado um animal difícil de cuidar, pois precisa de grandes espaços para prosperar.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Tucunaré. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica do Tucunaré
Nome: Tucunaré, Tucunaré Amarelo, Peacock Cichlid, Butterfly Peacock Bass, Peacock Bass, Eye Spot Cichlid;
Nome Científico: Cichla ocellaris (Bloch & Schneider, 1801);
Família: Cichlidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Drenagens do rio Maroni no Suriname e na Guiana Francesa até o rio Essequibo na Guiana);
Comprimento: Até 74 cm;
Expectativa de Vida: Até 10 anos;
Nível de Dificuldade: Difícil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.5 – 7.5;
Dureza da água: Entre 5 – 12;
Temperatura: Manter entre 24 – 27°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Tucunaré foi descrito pela primeira vez por Bloch e Schneider em 1801. A espécie pode ser encontrada na América do Sul em quase todos os grandes rios da Venezuela, Guiana, Brasil, Peru e Bolívia.
Na natureza, o Tucunaré vive em grandes corpos d’água, nas corredeiras, bem como em águas tranquilas de profundidade média. Ele costuma formar cardumes e habita áreas com substratos rochosos onde se alimenta de pequenos peixes, principalmente Tilápia, Dorosoma petenense e Peixe Mosquito.
Aparência
O Tucunaré é um peixe de corpo profundo com uma forma oval alongada que pode atingir cerca de 74 centímetros de comprimento e pesar mais de 6,8 kg. Sua boca grande e mandíbulas inferiores projetadas, juntamente com seu tamanho geral, faz com que ele seja comumente confundido com um Robalo ao invés de um ciclídeo. Os machos mais velhos desenvolvem uma protuberância nucal na testa. A expectativa de vida desse peixe gira em torno de 8 a 10 anos em um aquário, possivelmente mais dependendo dos cuidados.
O corpo do Tucunaré possui uma coloração verde-oliva no dorso, desbotando para um branco amarelado à medida que vai chegando ao ventre. Ele possui três faixas escuras nas laterais com algumas manchas no meio. Há também manchas brancas que são vistas geralmente na parte superior da barbatana caudal. A barbatana anal, pélvica e a parte inferior da barbatana caudal são avermelhadas e o restante das barbatanas são de coloração cinza ou preto.
Todos os ciclídeos, juntamente com algumas espécies de água salgada, compartilham uma característica comum, um conjunto de dentes faríngeos bem desenvolvidos localizados na garganta, junto com seus dentes regulares. Os ciclídeos possuem raios espinhosos nas partes posteriores das barbatanas anal, dorsal, peitoral e pélvica para ajudar a desencorajar os predadores. A parte frontal dessas nadadeiras é macia e perfeita para posições precisas e movimentos sem esforço na água, em oposição à natação rápida.
Alimentação
Carnívoro. Na natureza, o Tucunaré se alimenta de outros peixes pequenos. Ele é considerado um predador voraz e irá preferir alimentos vivos. Uma vez que esteja domesticado, pode começar a aceitar comer filés de peixes, além de preparações e alimentos congelados.
O Tucunaré fica realmente muito grande, então, você deve alimentá-lo com uma ração em pellets de alta qualidade. Além disso, ele também pode comer bloodworms, tubifex e plâncton oceânico.
É interessante procurar alimentar esse peixe várias vezes ao dia, ao invés de uma única refeição, pois isso ajudará a manter a água com boa qualidade por mais tempo.
Evite alimentar os ciclídeos com carne de mamíferos, como coração de boi, carne vermelha e frango. Estes alimentos contém gorduras que o peixe não consegue metabolizar, que vão se acumulando no interior do trato digestivo e provocam bloqueios e degeneração dos órgãos.
Temperamento / Comportamento
O Tucunaré é um predador voraz e irá comer qualquer coisa que caiba em sua boca, por isso, eu aconselho que ele seja mantido em um aquário sozinho ou em pares. Assim como muitos outros ciclídeos, ele não irá tolerar outro macho, a menos que eles sejam mantidos em um aquário realmente muito grande.
Compatibilidade
Em tanques realmente muito grandes ou aquários públicos, o Tucunaré pode viver na companhia de outros grandes ciclídeos sul-americanos, assim como também ao lado de cascudos e grandes peixes necrófagos.
Dimorfismo Sexual
O macho mais velho terá uma protuberância nucal na testa, mas fora isso, diferenciar o macho e a fêmea só é possível durante a desova.
Acasalamento / Reprodução
O Tucunaré forma casais e se reproduz em ambientes lênticos, onde constrói ninhos e cuida de sua prole. Por ser um peixe muito grande, ainda não há relatos de reprodução bem sucedida em aquários, apenas em grandes lagos.
Geralmente, a espécie coloca entre 2.000 e 3.000 ovos, com desovas maiores entre 9.000 e 15.000. Os ovos são postos em rochas planas em águas rasas e os pais os vigiam da maneira típica dos ciclídeos, ou seja, são altamente territoriais e agressivos com qualquer coisa que tenta se aproximar deles.
A eclosão dos ovos ocorre em 78 horas a 28°C. Quando os filhotes estão prontos para seguir em frente, eles entram em águas abertas. Sobretudo, sobre a alimentação deles, você pode fornecer larvas de mosquito e quaisquer outros tipos de alimentos vivos pequenos, lembrando que eles amadurecem rápido, por volta dos 12 meses.
Configuração do aquário
O aquário para um Tucunaré jovem precisa ter por volta de 260 litros. Para um peixe adulto, eu recomendo um aquário com cerca de 750 litros.
Esses peixes se saem melhor em ambientes com fluxo de água moderado e uma filtragem forte e eficiente. Eles gostam de fundos de areia ou cascalho com algumas rochas, troncos ou raízes para criar alguma cobertura junto de rochas lisas para desova.
No geral, o Tucunaré não costuma incomodar as plantas, portanto, você pode colocá-las nos cantos do aquário e deixar grandes áreas abertas na frente para que o peixe possa nadar.
Por fim, lembre-se de deixar os equipamentos que ficam dentro do aquário protegidos. O Tucunaré pode facilmente danificá-los e, portanto, devem ficar escondidos atrás de rochas ou decorações grandes.
Referências Bibliográficas
Kullander, S.O. and H. Nijssen, 1989. The cichlids of Surinam: Teleostei, Labroidei. E.J. Brill, Leiden, The Netherlands. 256 p. (Ref. 26372);
Nico, L. (2011). Cichla ocellaris. USGS Nonindigenous Aquatic Species Database, Gainesville, FL.;