O Peixe Anjo de Lamarck (Genicanthus lamarck) pode não ser uma das espécies mais coloridas dos oceanos, mas é considerado um peixe fácil de cuidar e seguro para aquários com recifes de corais.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Peixe Anjo de Lamarck. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica do Peixe Anjo de Lamarck
Nome: Peixe Anjo de Lamarck, Lamarck’s Angelfish, Blackstriped Angelfish, Freckletail Lyretail Angelfish;
Nome Científico: Genicanthus lamarck (Lacepède, 1802):
Família: Pomacanthidae;
Origem da Espécie: Indo-Pacífico;
Comprimento: Até 25 cm;
Expectativa de Vida: Entre 10 e 15 anos;
Nível de Dificuldade: Fácil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 8.0 – 8.4;
Dureza de Carbonatos: Entre 8 – 12;
Temperatura: Manter entre 22 – 27°C;
Características
Distribuição e Habitat
O Peixe Anjo de Lamarck foi descrito pela primeira vez por Lacepède em 1802. Ele é encontrado no Indo-Pacífico Ocidental, nas regiões indo-malaias e ao leste de Vanuatu, depois ao sul do Japão até a Grande Barreira de Corais, na Austrália.
Esses peixes são considerados únicos pois vivem em uma ampla variedade de habitats. Os habitats incluem recifes costeiros, que às vezes possuem águas muito turvas, além de locais profundos perto de encostas íngremes.
O Peixe Anjo de Lamarck vive em áreas com profundidades que variam entre 10 e 40 metros, onde vive sozinho, em pares ou até mesmo em grandes grupos. Ele se alimenta de zooplâncton na coluna d’água durante o dia, que pode consistir em diatomáceas, minúsculos crustáceos, protozoários e ovos em estágios larvais de outras criaturas.
Aparência
O Peixe Anjo de Lamarck possui um formato bem diferente da maioria dos peixes-anjo. Ele têm um corpo quase em forma de lágrima com a região da cabeça mais arredondada, que depois afunila para trás perto da barbatana caudal. Assim como acontece com o Swallowtail Angelfish, sua cauda é em formato de meia-lua.
O macho e a fêmea possuem padrões ligeiramente diferentes. Ambos são brancos com 3 a 6 listras pretas horizontais, uma faixa preta que corre ao longo do topo de sua barbatana dorsal e uma barbatana caudal em formato de meia-lua. Tanto os machos quanto as fêmeas maiores têm uma mancha amarela no topo da cabeça que pode desaparecer ou ficar mais brilhante durante as interações sociais.
Alimentação
Onívoro. Na natureza, o Peixe Anjo de Lamarck é um animal zooplanctívoro, ou seja, se alimenta de criaturas minúsculas que flutuam livremente na coluna d’água. Em um aquário, ele irá aceitar alimentos proteicos e algas.
É importante que você alimente esses peixes com uma boa variedade de alimentos, incluindo os vivos, congelados e preparações. Além disso, você também deve alimentá-los duas ou três vezes por dia.
Eu recomendo que você ofereça camarões e peixes frescos picados, assim como também artêmias e alimentos congelados que possuam spirulina em sua composição.
Temperamento / Comportamento
O Peixe Anjo de Lamarck é considerado um animal pacífico. Ele pode viver tanto sozinho, quanto em pares ou grupos formados por um macho e várias fêmeas.
As fêmeas não são agressivas umas com as outras, mas evite adicionar mais de um macho no aquário, pois eles provavelmente irão brigar.
Compatibilidade
O Peixe Anjo de Lamarck costuma ignorar a maioria dos seus companheiros de aquário, mas pode perseguir Bodiões, Anthias, Chromis e Gobies. Isso até faz um certo sentido, pois como ele é um animal planctívoro, não quer saber de competição.
Você também pode adicionar esse peixe sem maiores problemas em aquários com recifes de corais, pois ele não costuma incomodá-los.
Dimorfismo Sexual
O macho e a fêmea do Peixe Anjo de Lamarck possuem diferenças sutis.
As fêmeas, por exemplo, têm uma faixa preta larga na parte superior que forma um gracioso arco ao longo do corpo, cruzando para baixo sobre o pedúnculo caudal. A barbatana caudal é aparada na parte superior e inferior em uma borda preta larga e mais proeminente. O resto de sua cauda é transparente com manchas pretas a marrons. A fêmea não possui a mancha azul na base da nadadeira peitoral, vista apenas no macho.
O macho não possui a faixa cruzada em arco da fêmea, ao contrário, suas listras horizontais são finas. As bordas superior e inferior da barbatana caudal do macho são alinhadas em azul, com uma borda preta muito fina. O resto da cauda em formato de meia-lua têm coloração transparente arroxeada e manchas pretas. Além disso, a barbatana caudal do macho possui flâmulas mais longas do que a da fêmea e há uma área azulada na base das barbatanas peitorais.
Acasalamento / Reprodução
O Peixe Anjo de Lamarck foi criado em cativeiro, mas apenas em aquários realmente muito grandes. Uma reprodução bem-sucedida ocorreu em um aquário com cerca de 5.000 litros. A maioria dos aquaristas domésticos não terão um aquário desse tamanho para incentivar a desova da espécie.
Sobre o processo de acasalamento, esses peixes liberam seus gametas na água simultaneamente ao anoitecer. Eles dançam e sobem na coluna d’água e liberam seus óvulos e espermatozoides perto da superfície.
A desova começa antes do pôr do sol com as fêmeas estendendo todas as nadadeiras enquanto nada ao lado do macho. Então, o macho vai para baixo dela e acaricia sua barriga, depois desce cerca de 6 a 10 centímetros. A fêmea se vira para o lado e ambos liberam uma nuvem branca de gametas contendo esperma e óvulos.
Tanto os machos quanto as fêmeas acasalam com vários outros na mesma noite. Esse namoro constante pode ser o motivo de sua abundância na natureza.
Configuração do aquário
O aquário para um único Peixe Anjo de Lamarck precisa ter no mínimo 280 litros. Um casal ou um pequeno grupo formado por um macho e algumas fêmeas pode viver tranquilamente em aquários com cerca de 750 litros.
Esses peixes preferem viver em aquários com recifes de corais repletos de rochas vivas formando esconderijos e fendas, mas também gostam de ter áreas abertas para nadar.
Na natureza, a espécie habita áreas escuras e turvas. Então, forneça esconderijos para que eles tenham um local para ficar longe da luz artificial. Além disso, lembre-se de caprichar na movimentação da água. Uma tampa também é necessária, pois esses peixes podem pular do aquário de vez em quando.
Referências Bibliográficas
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Keep Hardy, Brilliant, Fascinating Species That Will Thrive in Your Home , TFH Publications, 2007;
Scott W. Michael, Marine Fishes: 500+ Essential-To-Know Aquarium Species, T.F.H Publications inc., 1999;
Angelfishes of the World, Volume 1, John Wiley & Sons, 1980;