A Piraíba (Brachyplatystoma filamentosum) é o maior peixe de couro da Bacia Amazônica, podendo alcançar incríveis 3 metros de comprimento e pesar cerca de 150 kg.
Abaixo, confira um guia de cuidados completo sobre o Piraíba. Aprenda como alimentar esse peixe, suas características físicas e comportamentais, além de processos como a reprodução e configuração de aquário.
Ficha Técnica da Piraíba
Nome: Piraíba, Filhote, Kumakuma, True Piraiba Catfish;
Nome Científico: Brachyplatystoma filamentosum (Lichtenstein, 1819);
Família: Pimelodidae;
Origem da Espécie: América do Sul (Bacias dos rios Amazonas, Orinoco e Tocantins-Araguaia);
Comprimento: Até 360 cm (Comum: 120 cm);
Expectativa de Vida: Entre 12 e 25 anos.
Nível de Dificuldade: Difícil;
Parâmetros da Água
pH: Manter entre 6.5 – 7.5;
Dureza da água: Entre 8 – 15;
Temperatura: Manter entre 22- 27°C;
Características
Distribuição e Habitat
A Piraíba está presente nas Bacias dos rios Amazonas, Orinoco, Tocantins-Araguaia, bem como outros sistemas fluviais importantes nas Guianas e no Nordeste do Brasil.
A espécie vive em diversos tipos de habitats, embora raramente seja vista em afluentes menores, geralmente preferindo canais de fluxo mais profundos através dos quais viaja por distâncias consideráveis (até 2.000 km) em certas épocas do ano. Assim como muitos outros pimelodídeos migratórios, a Piraíba realiza esses movimentos típicos associados a drenagens de águas claras ricas em nutrientes, ao invés das águas escuras pobres em nutrientes.
Quando o Amazonas começa a subir no início da estação chuvosa, a água doce é empurrada para o seu delta e as águas normalmente salobras recuam, permitindo que os espécimes mais jovens e adultos sexualmente imaturos de várias espécies de bagres migratórios, incluindo a Piraíba, entrem nessas áreas e se alimentem de poliquetas, bivalves, crustáceos e outros peixes.
Estes locais ricos em alimento são explorados até que a água do mar retorne, momento em que os bagres começam a migrar rio acima em grande número, subindo o Amazonas e seus afluentes. Indivíduos sexualmente maduros normalmente não são registrados durante esses eventos, então eles podem ser relacionados à alimentação e dispersão, mas não à desova.
A Piraíba está sujeito a captura intensiva por operações de pesca comercial e artesanal durante essa migração rio acima.
Aparência
A Piraíba é o maior bagre da bacia Amazônica, podendo alcançar até 360 centímetros de comprimento e pesar cerca de 150 kg.
A espécie possui corpo roliço, além de uma cabeça achatada e olhos situados em seu topo. Os barbilhões maxilares são roliços e muito longos, cerca de duas vezes o tamanho do corpo quando o peixe ainda é jovem. No entanto, nos adultos, os barbilhões atingem cerca de 2/3 do corpo. O segundo par de barbilhões mentonianos é pequeno e alcança a segunda base da nadadeira peitoral.
A boca da Piraíba é subinferior, com a placa dentígera da maxila superior ficando localizada parcialmente à frente daquela da maxila inferior.
Os peixes jovens apresentam uma coloração clara, com várias máculas escuras e arredondadas na sua porção terminal superior, as quais desaparecem à medida que o peixe cresce. Os adultos apresentam uma coloração cinza-escura-amarronzada no dorso e clara no ventre.
A carne do Piraíba não é apreciada na culinária, pois muitos acreditam que faz mal e que transmite doenças.
Alimentação
Piscívoro. A Piraíba se alimenta de loricarídeos e outros peixes de fundo na natureza, mas a maioria dos espécimes se adapta prontamente aos camarões, mexilhões, lula, iscas brancas e tiras de peixes brancos.
Os peixes adultos necessitam apenas de uma única refeição por semana.
Temperamento / Comportamento/
A Piraíba não é considerada um peixe pacífico, pois irá se alimentar de qualquer coisa que couber em sua boca. Além disso, ela costuma habitar a região do fundo dos rios.
Existem muitas histórias sobre o comportamento desse peixe. Por exemplo, muitos afirmam que a Piraíba gosta de virar as canoas dos pescadores.
Compatibilidade
A Piraíba deve conviver apenas com peixes grandes o suficiente para evitar a predação.
Dimorfismo Sexual
Desconhecido.
Acasalamento / Reprodução
Não há registros de reprodução da espécie em cativeiro. Talvez não seja nada surpreendente devido ao seu complexo ciclo de vida natural.
A Piraíba realiza a Piracema, ou seja, ela é viaja cerca de 2.000 quilômetros rio acima para encontrar o local ideal para depositar seus ovos.
A desova ocorre nas cabeceiras de rios e os alevinos são levados rio abaixo até o delta, um processo que dura cerca de 13 a 20 dias. Os peixes jovens permanecem na região do estuário por cerca de três anos, entrando no delta para se alimentar quando as condições permitem. Então, eles se mudam para o baixo e médio Amazonas, onde permanecem por mais 1 ano enquanto continuam se alimentando e crescendo.
Após esse período de crescimento, os cardumes de peixes adultos começam a se formar e seguem para as cabeceiras para desovar. No entanto, não existe um único local de desova para uma determinada espécie, ao contrário, parece existir populações distintas em diferentes bacias hidrográficas, e existem evidências que sugerem que os indivíduos podem retornar ao afluente específico em que nasceram para desovar.
Configuração do aquário
A Piraíba deve ser mantida apenas em grandes aquários públicos e, por isso, não há um tamanho recomendado para um aquário doméstico.
A escolha da decoração irá depender basicamente da preferência de cada um, embora um ambiente aberto com um substrato arenoso e alguns troncos seja a melhor opção.
A qualidade da água deve ser alta e a iluminação não muito forte, pois a Piraíba gosta de viver na região do fundo.
Por fim, ter sistema de filtragem robusto e poderoso, além de manutenções rigorosas são pontos obrigatórios para se manter um peixe da espécie.
Referências Bibliográficas
Lundberg, J.G. and M.W. Littmann, 2003. Pimelodidae (Long-whiskered catfishes). p. 432-446. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil. (Ref. 36506);
Ferraris, C. J., Jr., 2007 – Zootaxa 1418: 1-628
Checklist of catfishes, recent and fossil (Osteichthyes: Siluriformes), and catalogue of siluriform primary types;
Batista, J. S. and J. A. Alves-Gomes, 2006 – Genetics and Molecular Research 5(4): 723-740
Phylogeography of Brachyplatystoma rousseauxii (Siluriformes – Pimelodidae) in the Amazon Basin offers preliminary evidence for the first case of “homing” for an Amazonian migratory catfish;