Por que os peixes não têm pescoço? Se você chegou até aqui, é porque bateu a curiosidade! Confira o que encontramos sobre o assunto!
Os peixes possuem barbatanas e guelras, mas você já viu algum deles com pescoço? Em partes, isso se deve ao fato de que seria muito difícil nadar com o pescoço balançando de um lado para o outro, certo?
Além do mais, qualquer coisa que seja chamada de peixe, por definição, não pode ter pescoço. No momento em que uma criatura parecida com um peixe desenvolveu um tipo de pescoço, ela foi classificada como outro tipo de animal, disseram alguns especialistas ao LiveScience.
O pescoço mais antigo registrado de um animal pertence ao Tiktaalik roseae, uma criatura que viveu há cerca de 375 milhões de anos, durante o Período Devoniano. Os cientistas descreveram o T. roseae como metade peixe e metade tetrápode (um animal com quatro membros), disse Ted Daeschler, curador de Paleontologia da Academia de Ciências Naturais da Universidade Drexel, na Filadélfia.
Ao invés de um pescoço, os peixes possuem uma séria de ossos que conectam o crânio à cintura escapular, que se conecta às nadadeiras, disse Daeschler.
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“A cintura escapular são aqueles elementos ósseos, como a clavícula e a escápula, que sustentam o apêndice frontal, seja uma nadadeira ou um membro”, disse o paleontólogo ao LiveScience. “Nos peixes, ela nem sempre está conectada de forma rígida, mas é uma superfície de ossos bastante sólida.”
Com o tempo, alguns peixes começaram a mudar de forma. Tomemos, por exemplo, os peixes de nadadeiras lobadas, que incluem o celacanto – um grupo antigo que se pensava estar extinto até que alguns pesquisadores redescobriram a espécie na costa sul-africana em 1938. De acordo com o registro fóssil, os peixes de nadadeiras lobadas, ao longo do tempo, perderam alguns dos ossos que conectavam os ombros aos crânios.
Os pesquisadores consideram o T. roseae de 2,7 metros de comprimento, um peixe de nadadeiras lobadas, disse Daeschler. Mas ele perdeu completamente os ossos que conectavam o crânio à cintura escapular e, em vez disso, desenvolveu um pescoço. Este pescoço provavelmente o ajudou a caçar em ambientes rasos de água doce, disse ele.
“[Seu pescoço] permitia que a cabeça se movesse independentemente do corpo, ou seja, isso é ótimo se você mora em áreas rasas e pantanosas, onde pode ser necessário virar a cabeça rapidamente para agarrar a presa ou se esticar para respirar.”
Em contraste, sem pescoço, os peixes precisam mover todo o corpo para apontar a cabeça em uma determinada direção.
Peixe ou tetrápode?
O Tiktaalik era estritamente um peixe ou um tetrápode? “Eles estão em uma zona diferente, que é o que é tão legal sobre a evolução”, disse Daeschler.
Esta zona durou cerca de 20 milhões de anos à medida que a linhagem evoluiu de peixes com nadadeiras lobadas para anfíbios de quatro membros, disse ele. Os cientistas chamam essa zona – quando algumas partes de um animal evoluem, mas outras permanecem em suas formas primitivas – de “evolução em mosaico”.
Animais com pescoço tinham uma vantagem única; eles podiam controlar rapidamente a boca sem ter que mover todo o corpo. Na verdade, “todos esses primeiros tetrápodes eram predadores, sem dúvida”, relata Daschner.
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Mas muitos peixes também são predadores e têm tido muito sucesso sem pescoço, disse ele. Além disso, acredita-se que baleias e golfinhos já viveram na terra antes de voltarem para a água. Depois de se tornarem animais marinhos novamente, as baleias e os golfinhos encurtaram as vértebras cervicais, de modo que todo o pescoço ficou curto e rígido, ao invés de longo e flexível.
“A ideia que nós temos é de que pescoços longos e flexíveis não eram a melhor opção quando se estava nadando”, disse Daeschler. “Sua cabeça poderia ser jogada de um lado para o outro com muita pressão. Então, é melhor não ter um pescoço e apenas ser uma espécie de torpedo e nadar para frente.”, completa.
Fonte: LiveScience